quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre o post com o artigo de Bucci, segue abaixo um trecho essencial de minha aula sobre a Razão de Estado, na Unicamp.



A imprensa atenua o segredo de Estado e os demais sigilos (da vida privada à religiosa, sem deixar de lado a economia). Ela, no entanto, insere-se num complexo de interesses que a tornam constantemente atriz, cúmplice e vítima dos poderes naquelas várias esferas. Todos aqueles setores percebem na imprensa uma aliada, quando não instrumento, se o alvo é propagar os seus intentos, procurando identificá-los ao “interesse geral”. Ela é bem vinda naquela cirscunstância. Empresas e indústrias, bancos e cúpulas eclesiásticas, gabinetes políticos ou militares, partidos e seitas, todos cortejam a midia na busca de popularizar a sua “mensagem”, obter lucros e favores de governos, ameaçar concorrentes. E todos a criticam acerbamente quando não conseguem efetivar, por seu intermédio, aqueles fins.

Na razão de Estado existem pontos essenciais que enumero a seguir:

1)  conservar o poder soberano contra comoções da sociedade civil e ataques de outros estados. A polícia e os exércitos modernos têm vínculo direto com o poder secular e sua razão. No caso inglês e francês, mas também no alemão, italiano, holandes, e outros, as divisões religiosas, de classe, econômicas e políticas ameaçavam inviabilizar o mando estatal, com um retorno à pulverização jurídica imperante na idade média do feudalismo.

2) instaurar uma divisão no corpo político e jurídico, permitindo aos que operam a máquina estatal um controle jurídico, político, econômico, bélico, policial sobre as sociedades submetidas à soberania.

3) instrumentalizar técnicas do segredo, da dissimulação, da irresponsabilidade do soberano e absolutismo do governo. O poder se esconde e esconde suas iniciativas dos olhos e ouvidos cidadãos e das forças internacionais. Ao mesmo tempo, ele desvela tendencialmente os segredos da cidadania e dos soberanos inimigos ou concorrente. Polícia e espionagem são instrumentos essenciais da razão de estado.

4) o poder estatal não apenas esconde suas iniciativas. Ele parte para a conquista da opinião pública desde o século 17, com a propaganda que aproveita os novos meios de influência como os jornais, os libelos, etc. para afirmar o bem fundado das políticas conduzidas pelo governo e para pulverizar o mais possível as oposições internos ao governo e as propagandas de outras soberanias.