Artista baiano é impedido de entrar na Espanha
Autoridades espanholas alegaram a falta do carimbo da polícia italiana na carta-convite
21 de maio de 2012 | 18h 40
Tiago Décimo - O Estado de S. Paulo
SALVADOR - Impedido pela imigração espanhola, em Madri,
de fazer uma conexão para Milão, na Itália, onde participaria da
abertura de uma exposição de artes, o artista plástico baiano Menelaw
Sete afirma que está programando um protesto na frente do Consulado da
Espanha em Salvador. De acordo com ele, a intenção é reunir outros
artistas na frente da sede da instituição, ainda esta semana, para
manifestar contra a forma como ele e outros barrados em território
espanhol têm sido tratados.
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Divulgação
Menelaw Sete, de 47 anos, conhecido como Picasso baiano
Menelaw Sete, de 47 anos, conhecido como Picasso baiano, era
convidado da organização da exposição para a abertura do evento e, de
lá, seguiria para Brissago, na Suíça, onde pintaria um painel, a convite
do Centro Dannemann. Embarcou na noite de quinta-feira em voo direto de
Salvador para Madri, de onde seguiria para a Itália, mas não pôde
desembarcar, na manhã de sexta-feira. Ficou, junto com outras cerca de
40 pessoas, das quais quatro brasileiras, retido em uma área restrita do
Aeroporto de Barajas até ser deportado, na manhã de sábado.
Segundo as autoridades espanholas, faltou a Menelaw o carimbo da
polícia italiana na carta-convite apresentada por ele à imigração,
assinada por seu empresário na Itália, Ezio Dellapiazza. O artista
argumentou que, em 15 anos de viagens à Europa, sempre apresentou os
mesmos documentos - e chegou a mostrar a autorização de entrada
concedida, no mesmo aeroporto, no ano anterior, sem convencer os agentes
de imigração.
Nas horas em que ficou retido, Menelaw retratou em desenhos, feitos
com uma caneta esferográfica em um caderno, o sofrimento das pessoas
que, como ele, não conseguiram entrar no país. Segundo ele, há sinais de
racismo na "seleção" dos impedidos de ingressar na Espanha. "Não havia
brancos, apenas mulatos e negros entre os barrados", afirma Menelaw.