quarta-feira, 23 de maio de 2012
Enviado pelo amigo Grozny.
Grata!
Intrigante!
Ou não é?
O
deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), membro da CPI do Cachoeira, usou o celular
para mandar uma mensagem ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) onde dizia:
"A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso
e nós somos teu (sic)”.
Ora,
com o quê mesmo Cabral deveria se preocupar? E porquê?
Políticos
a mancheia, entre eles os governadores de Goiás e do Tocantins e auxiliares do
governador do Distrito Federal são citados nos milhares de telefonemas trocados
por Cachoeira com integrantes de sua quadrilha, e grampeados pela Polícia
Federal.
Resta
farto material apreendido pela polícia na casa de Cachoeira e de outros que
ainda está sendo periciado antes de ir ou não parar no Supremo Tribunal Federal
– e dali na CPI.
A
respeito de tal material ainda não se pode dizer nada. Mas naquele de posse da
CPI não há uma única referência direta nem indireta ao governador do Rio.
De
volta, pois, à intrigante pergunta que suplica por uma resposta: com o quê
mesmo Cabral não deveria se preocupar se ele “é nosso” (ou seja: do PT de
Vacarezza) e se “nós” (o PT de Vaccarezza) é dele?
O
uso do “nosso” e originalmente do “teu” denuncia uma relação de cumplicidade e
de proteção mútua entre o PT e Cabral.
Irritação
porquê? Vaccarezza não diz. Só garante que ninguém será blindado pela CPI. Você
acredita?
Bem,
anote aí por que Vaccarezza estava irritado com o PMDB quando se correspondeu
com Cabral: o partido resistiu aos apelos de Lula para forçar a mão e
comprometer a VEJA com os crimes de Cachoeira.
Cabral
é padrinho das filhas gêmeas dele. Cavendish anda ameaçando entregar os podres
de políticos e de partidos que financiou.
No
ano passado, apesar da receita da Delta ter caído apenas 10%, de R$ 3 bilhões
para R$ 2,7 bilhões, o lucro despencou 85,5%,de R$ 220,3 milhões para R$ 32
milhões.
Grata!
por Ricardo Noblat - 21.5.12
Mafiosos
Cabral
não é personagem relevante nem sequer marginal do objeto que a CPI se oferece
para investigar: eventuais práticas criminosas desvendadas pelas operações
Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, com o envolvimento do bicheiro
Carlinhos Cachoeira e de agentes públicos ou privados.
E
Cabral? Não. Cabral não é citado.
Pode
até azedar, como antecipa Vaccarezza, a relação do PT com o PMDB, o partido de
Cabral. Mas Cabral não deve se preocupar.
A
frase construída pelo ex-líder do PT na Câmara é de deixar a máfia siciliana
com inveja. Por que ela não a imaginou antes? E por que não a incorporou aos
ritos secretos de admissão de novos mafiosos?
Provocado
a decifrar a mensagem enviada a Cabral, Vaccarezza não o fez. Escapou: “Sou amigo
do PMDB. Nossas relações nunca serão azedadas”.
A
mensagem teria sido escrita “num momento de irritação” de Vaccarezza com o
PMDB.
Por
anos, Cachoeira foi informante da VEJA. Lula acusa a revista de ter deflagrado
alguns dos escândalos que atingiram seu governo.
Anote
aí o que de fato preocupa Cabral e o leva a pedir proteção: uma investigação
ampla dos negócios da empreiteira Delta do seu compadre e parceiro de luxuosas
viagens ao exterior, Fernando Cavendish.
O
mineiro Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão, ameaçou contar o que sabia
se fosse depor na CPI dos Correios. Depôs e não contou.
Retomou
a ameaça ao notar que começara a ficar sem dinheiro. Cabeças estreladas do PT
pediram a Lula que o socorresse.
Desconheço
o que aconteceu, mas Marcos Valério não ficou sem dinheiro.
Cavendish
não corre o risco de passar aperto.
Um
dos motivos foi o aumento do pagamento de dividendos a acionistas, que subiu de
R$ 13 milhões para R$ 64 milhões.
Esperto
Cavendish, não?
Junto dele, Cabral é um bobo, um
bobão.
Tudo
bem: extraiu vantagens da companhia generosa de Cavendish, o sedutor de nove
entre dez políticos à cata de dinheiro para pagar dívidas de campanhas ou se
eleger.
Agora,
a popularidade de Cabral caiu. Menos do que ele calculou. Seu futuro político
tornou-se opaco.
Original em: http://oglobo.globo.com/