Mensagem de Vaccarezza a Cabral durante CPI irrita petistas
Flagrado por canal de TV, deputado avisou governador do RJ que seria protegido das investigações
18 de maio de 2012 | 11h 53
Denise Madueño e Eugênia Lopes - Agência Estado
BRASÍLIA - A mensagem do deputado Cândido Vaccarezza
(PT-SP) enviada na quinta-feira ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral (PMDB), tranquilizando-o quanto à blindagem do PT a ele na CPI do
Cachoeira, provocou uma crise no partido. Nos bastidores, a irritação
está tanta que há petistas pedindo a saída de Vaccarezza da comissão. O
líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), afirmou nesta sexta-feira,
16, não ver motivos para a substituição do deputado.
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"Foi mais uma prestação de serviço (de Vaccarezza) para se credenciar
junto ao governador porque, do ponto de vista prático, não tem
utilidade nenhuma", disse Tatto. O líder petista afirmou que a mensagem
encaminhada via celular durante a reunião da CPI não representa a
posição do partido. "A mensagem é a opinião que ele (Vaccarezza) possa
ter. Não é motivo (de substituição na CPI), porque a opinião dele não
tem efeito prático nenhum. O Cabral não está sendo objeto de convocação.
É mais uma prestação de serviço de forma desnecessária", continuou.
O líder do PT afirmou que todos os governadores que estiverem
envolvidos com o crime organizado e com o esquema de Cachoeira serão
convocados. No entanto, para Tatto, até agora, há justificativa para o
depoimento apenas do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
"O que apareceu até agora foi o Marconi Perillo colocando parte do
poder nas mãos de Cachoeira. Secretarias do governo foram preenchidas
por indicados de Cachoeira e a casa do governador foi comprada pelo
parente de Cachoeira com um cheque, uma prova material", disse.
Vaccarezza foi flagrado na quinta-feira, durante sessão da CPI, em
conversa com Cabral por meio de torpedo transmitido por celular. "A
relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e
nós somos teu (sic)", escreveu Vaccarezza para Cabral. A mensagem foi
filmada por um cinegrafista do SBT. Na noite de quinta-feira Vaccarezza
afirmou que não iria comentar o episódio.
A convocação de Cabral é defendida por parte dos integrantes da CPI. O
governador é amigo do presidente licenciado da empresa Delta
Engenharia, a empreiteira suspeita de ligações com o esquema de
Cachoeira. Na gestão de Cabral, a Delta fechou contratos de mais de R$ 1
bilhão com o governo do Rio. O governador aparece em fotos divulgadas
pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) em situações de descontração em
Paris com Cavendish e um grupo de amigos