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Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 09 de junho de 2013 a 15 de junho de 2013 – ANO 2013 – Nº 564‘Lembrar para não repetir’
Especialista
em memória cultural, pesquisadora alemã afirma que lidar com o passado
traumático é um processo longo, delicado e que exige a participação de
toda a sociedade; no mundo, 40 comissões da verdade foram criadas, como
no Brasil, para enfrentar as marcas da história
Em
Frankfurt, na Alemanha, funcionários deslocam uma bomba da Segunda
Guerra com 150 kg de explosivos que estava enterrada há mais de seis
décadas. A foto da cena que circulou pelo mundo no último dia 19 de maio
não é incomum naquele país. Estima-se que entre 10 e 15% das bombas
lançadas pelos aliados ainda não explodiram. Esse arsenal continua
enterrado e, todo o ano, de uma a duas bombas explodem em solo alemão.
Especialistas avaliam que o país viverá com esse risco por quase um
século. A situação ilustra uma das abordagens sobre memória cultural e
passado traumático, temas de estudos da pesquisadora alemã Aleida
Assmann, doutora em literatura inglesa (Universidade de Heidelberg) e em
egiptologia (Universidade de Tübingen), que trabalha há mais de duas
décadas com pesquisas nessa área, em parceria com o marido, o egiptólogo
Jan Assmann. Os dois estiveram no Brasil para um ciclo internacional de
conferências que incluiu a Unicamp no roteiro.
Metaforicamente,
as “bombas” enterradas são as “feridas” abertas ao longo da história,
mal curadas e que voltam a provocar dores e polêmicas, o “risco de
explosão”, quando vêm à tona por algum motivo, como em “escavações” do
passado. Segundo a pesquisadora, lidar com esse tipo de passado é um
processo longo, exige a participação de toda a sociedade e as
universidades desempenham nesse contexto o papel de protetoras da
memória cultural – aquela de caráter perene, construída pelo coletivo ao
longo do tempo, transmitida entre as gerações e que evita, por exemplo,
que o homem tenha que reinventar a roda todo dia.
Em
entrevista ao Jornal da Unicamp, Aleida analisou as lições da Alemanha
que podem ajudar o Brasil no atual momento de reflexão sobre o passado.
Há um ano, a Comissão Nacional da Verdade apura a ocorrência de graves
violações de direitos humanos no país (de 1946 a 1988). As polêmicas
sobre a revisão da história desse período estão no noticiário, nas redes
sociais, com a oposição de militares da reserva, de integrantes da
comissão e de pessoas favoráveis e contrárias ao resgate dos fatos dessa
época. “Lembranças negativas de traumas históricos podem estimular
sempre novos conflitos ou se deitarem como uma sombra paralisante sobre o
presente e tirar a força vital e a perseverança das pessoas”, disse a
pesquisadora, em sua apresentação na Unicamp, no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (16/05). O evento contou com o apoio da Editora da
Unicamp, que publicou o único livro da estudiosa em português: “Espaços
da recordação: formas e transformações da memória cultural” (2011). O
ciclo de conferências no Brasil foi organizado pelo Instituto de Estudos
Avançados em Mobilidades Sociais e Culturais da Universidade Federal do
Paraná (UFPR).
Segundo
Aleida, 40 comissões da verdade foram criadas (entre as quais a do
Brasil) e as regras de funcionamento tiveram que ser reinventadas de
acordo com cada situação vivida pelo país de origem. “O que define essa
forma de política da lembrança não são o ato de acobertar e o de
deixar-estar, mas sim o de trazer ao discurso em um espaço social, o de
admitir e o de reconhecer publicamente. Uma vez que essa política se
orienta para a reconciliação e para a integração, podemos falar dela
como uma forma totalmente nova de ‘superação do passado’ que deve ajudar
a transformar ditaduras e outros regimes violadores dos direitos
humanos em democracias”, disse.
De
acordo com a pesquisadora, o modelo das comissões da verdade surgiu na
América do Sul, onde países como Chile, Uruguai, Argentina e Brasil
enfrentaram uma transição de regimes militares para democracias.
“‘Lembrar para não repetir’ tornou-se um imperativo político e cultural
geral. Com a ajuda dos direitos humanos, criou-se um novo e influente
discurso das vítimas que substituiu as narrativas políticas tradicionais
da luta de classes, das revoluções nacionais e dos antagonismos
políticos.”
Ao falar da
experiência alemã, Aleida Assmann destacou os problemas que se seguiram à
queda do muro de Berlim, acontecimentos que lembram os desdobramentos
posteriores ao fim do regime militar brasileiro (1964-1985).
“Definimo-nos a partir do que lembramos e esquecemos juntos”, explica.
Leia a íntegra da entrevista:
Jornal
da Unicamp – Pode-se dizer que a Alemanha especializou-se em
“processar” e aprender com seu passado traumático. Isso ficou muito
evidente, além do tratamento dado aos fatos ligados ao nazismo, mas
principalmente depois da unificação, quando uma outra história começou a
ser estudada, registrada e divulgada, mesmo diante da possibilidade de
controvérsias e conflitos em relação a diversos segmentos da sociedade.
Aleida Assmann
– A Alemanha tem muita experiência sobre esse tema. Teve que trabalhar
com duas ditaduras, a dos nazistas e a do partido socialista. O
processamento depois dessas ditaduras aconteceu de maneira muito
diferente. Depois dos nazistas, houve uma mudança de sistema, a
democratização, novos interesses e não houve um interesse grande de
perseguir e julgar quem apoiou o regime.
Houve
o tribunal internacional em Nuremberg para uma parte muito específica,
pequena, dos principais perpetradores. As bases do sistema permaneceram
protegidas. Foram necessários 40 anos, quase quatro gerações, antes que a
lembrança sobre o holocausto retornasse à sociedade em uma relação que a
inseriu na consciência política nacional. Uma lembrança ligada ao
holocausto foi construída com uma infraestrutura duradoura para o
futuro, por meio de museus, memoriais, educação na escola, filmes,
livros etc.
Depois da queda da
Alemanha comunista, houve um processamento imediato das coisas e a
constituição de uma comissão da verdade. Ainda há muita controvérsia e
insatisfações nisso, diante da sociedade, sobre o processamento do que
aconteceu na Alemanha Oriental. Há um partido que reúne antigos
representantes da Alemanha Oriental, que não estão interessados em uma
perseguição e em punição.
O termo
“Estado de injustiça” é uma coisa política. Esse partido, simplesmente,
não quer ouvir essa palavra. Por outro lado, há muitas vítimas desse
regime socialista, que foram torturadas; houve muitas violações de
direitos humanos, mas essas vítimas não têm aposentadoria, não receberam
nenhuma compensação.
Há outro
problema na Alemanha: como colocar duas ditaduras na mesma memória
nacional? Existe uma preocupação, atualmente, de que uma nova lembrança
jogue a antiga para o passado. As pessoas que construíram a lembrança do
holocausto temem que as novas lembranças [da história da Alemanha
Oriental] afastem as lembranças do passado [com o nazismo]. Com relação
aos documentos oficiais, há uma disputa: quantas páginas devem ser
dedicadas a cada um delas?
Há uma
fórmula, porém, que oferece uma maneira de lidar com as duas; falamos da
avaliação desses dois regimes de injustiça. Essa fórmula diz que a
lembrança sobre a Alemanha Oriental não pode relativizar a lembrança do
holocausto. E a lembrança do holocausto não pode trivializar a lembrança
sobre a Alemanha Oriental.
JU
– Vinte e sete anos depois do fim do regime militar (1964-1985), o
governo brasileiro criou uma comissão da verdade para apurar graves
violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. No que a
experiência alemã poderia ser útil ao Brasil?
Aleida Assmann
– O processamento e o trabalho sobre um passado de violência exige
tempo. Normalmente, uma nova geração traz um novo impulso para isso. Não
quer dizer que eles desviem o olhar e não se interessem mais, mas se
engajam e se envolvem a partir de outra perspectiva. Há diferentes meios
de lembrança e de mudança, e isso é importante ressaltar. Por exemplo, a
realidade política, os meios políticos, a perseguição. Memoriais e dias
oficiais [criados para a lembrança de datas] são os meios políticos.
Meios jurídicos seriam tribunais e julgamentos. Em terceiro lugar,
importante é o tratamento na sociedade, nas mídias públicas sobre esse
tema. Se um ou outro não acontece, mesmo assim, por meio das mídias de
massa, esse tema vem para a sociedade e isso pode indicar que existe
interesse. E a partir disso, pode-se criar uma mudança de pensamento e
uma vontade de mudar.
Na Alemanha, a
exibição da série americana de TV “Holocaust” [anos 70] juntou as
gerações que se tinham conflitado e disparou uma mudança de ponto de
vista bastante empático. Resumindo, é um processo muito longo e o fato
de que estamos distantes temporalmente do evento, não quer dizer que o
evento se processe ou se dissolva por si só.
JU – A quem cabe mediar esse processo, harmonizar os conflitos e conduzir esse trabalho de resgate de um passado traumático?
Aleida Assmann
– Se esse processo não acontece em razão de apatia política, acontece
por outras mídias, como novelas e minisséries, que encontram grande
empatia por parte do público.
Atualmente,
a televisão é uma mídia que normalmente traz esses temas de volta à
agenda de discussão da sociedade. Pode surgir um novo debate, um novo
discurso político sobre isso. Dá para perceber que, nas democracias onde
esse debate ocorre, há consequências políticas. E chegamos à pergunta:
quem é que decide [sobre os fatos que serão incorporados à memória]?
Isso é dinâmico e tem a ver com a questão da participação [da
sociedade].
JU – A sra.
compara a memória com uma mala pronta para uma viagem e os itens que
colocamos no interior dessa bagagem serão preservados da corrosão do
tempo (esquecimento). Como os itens dessa “mala”, essa bagagem, são
selecionados?
Aleida Assmann
– A memória sempre tem a ver com escolhas. Escolher é também uma outra
palavra para esquecer. A maioria das coisas é esquecida. Lembrar, em
geral, sempre é exceção. Quando consideramos uma pessoa, a sociedade já
escolheu muitas coisas da cultura para ela. Cada geração é inserida num
certo nível de cultura, num certo estado de coisas já existentes. Não
quer dizer que esse estado de coisas seja estático, imutável.
Fundamentalmente, em sociedades democráticas, toda geração tem a
possibilidade de redefinir esse estado de coisas e compor novamente. A
ideia de que tudo pode ser composto novamente só acontece depois de uma
mudança no sistema político. Como em um quarto, usando outra metáfora,
no qual se troca toda a mobília.
Normalmente,
não é isso o que acontece. As pessoas convivem com o que já está lá e
não questionam tudo. Cada geração tem novos pontos de apoio, pontos de
referência. A Alemanha é um exemplo desse caso, porque agora está
passando por uma mudança. É uma sociedade de imigração, com muitos
imigrantes que trazem suas lembranças e querem que elas estejam
presentes na sociedade.
JU –
Como ocorre o processo de construção dessa memória? Qual o papel que
desempenham os governos, as sociedades, as universidades, por exemplo,
nesse processo de construção coletivo?
Aleida Assmann
– Quem tem o poder da escolha? Há uma memória de cima e uma memória de
baixo. A memória de cima é a memória da sociedade civil na qual todos
participam. Normalmente, essa memória é preparada de cima para baixo
pela sociedade. Não há uma separação estrita. Quando não há interação
entre memória de cima e de baixo, estamos no limite de uma memória
totalitária ou estamos falando de uma memória que não tem nada a ver com
a sociedade, nada a ver com memória, mas apenas com as coisas dos
políticos. Pois memória também significa participação.
Participação tem que funcionar, não pode ser determinada, decretada. Senão a memória não é viva.
As
universidades, então, têm um papel muito importante. São as protetoras
da memória cultural. A memória cultural é muito mais ampla, muito mais
abrangente, do que a memória nacional. As universidades protegem a
memória de armazenamento. Essa memória de armazenamento guarda muita
coisa que não é necessariamente usada pela política atualmente. Ela
transcende isso, mas também é importante. Nesse repositório de
armazenamento estão as coisas que podem renovar a memória. Por exemplo,
uma biblioteca tem aquilo que é lido e que interessa às pessoas, mas
também há muita coisa que interessa a poucas pessoas e isso tem um
grande valor: proteger essas coisas que justamente não interessam.
JU
– O que são “espaços da recordação” [título do livro que dá origem
também ao ciclo de conferências]? Qual a importância deles para uma
nação?
Aleida Assmann
– Inclui muitas coisas. As localidades espaciais, mesmo, e no livro há
um capítulo sobre os espaços, como surgem lugares onde aconteceram as
coisas, como eles se tornam lugares de memória, de recordação, lugares
de peregrinação ou de turismo, há lugares que são transformados em
memoriais, em locais de memória. São exemplos de localização desses
lugares.
Num sentido mais amplo,
espaços de recordações significam que a memória não é só uma “maleta”,
na qual se colocam as coisas, mas uma espécie de esfera dentro da qual
as pessoas se comunicam e onde vivemos. O conceito é um pouco mais amplo
de espaço de recordação. Podemos conectar isso com o conceito de nação.
A nação cria para si um espaço de imaginação no qual ela se localiza e
no qual ela se orienta, dirige suas ações. A lembrança está muito ligada
à imaginação.
JU – De forma mais resumida, como podemos definir o que é memória cultural?
Aleida Assmann
– A memória cultural é um tipo de memória que sobrevive ao tempo, que
transcende o tempo de vida do indivíduo. Existiu antes de mim e existirá
depois de mim. Participo dessa memória cultural enquanto estiver vivo.
Como essa memória existe por um longo tempo, os mortos podem se
comunicar com os vivos e os vivos podem se comunicar com as próximas
gerações. Se não tivéssemos esse conceito, cada um só teria à disposição
sua própria memória e não haveria essa memória cultural.
ACERVOS DE MEMÓRIA TORNAM-SE ALVOS MILITARES
“Quem
controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente,
controla o passado.” A frase do egiptólogo Jan Assmann dita em sua
passagem pelo Brasil, em uma das conferências sobre memória cultural,
explica por que bibliotecas e museus viraram alvos militares em
conflitos na história da humanidade. Como exemplo, cita a destruição da
biblioteca de Sarajevo, nos anos 90, que resultou na destruição de parte
do acervo histórico da Bósnia, uma estratégia, de acordo com ele, para
“extinguir” o passado que poderia ser opor ao presente planejado pelos
agressores. A história é farta em ocorrências desse tipo.
Segundo
o pesquisador, a memória cultural tem uma função antropológica. O homem
usa códigos simbólicos para transmitir conhecimentos. “Por meio de uma
codificação simbólica, o conhecimento pode ser acumulado, expandido e
transmitido”, explica. É como uma “poupança” de conhecimentos e
experiências acumuladas por todos.
Em
suas pesquisas, Jan Assmann faz uma diferenciação entre “memória
comunicativa”, aquela que acontece na interação do dia a dia, e “memória
cultural”. A primeira não dura mais que 80 anos, três ou quatro
gerações, de acordo com o egiptólogo, enquanto a outra pode durar
milênios. “Sem a memória, a roda teria que ser reinventada todo o dia”,
afirma.
Para lidar com o passado traumático, segundo Aleida
O Esquecer Dialógico (após a 2ª Guerra Mundial)
Silenciamento coletivo
“Se o ato de lembrar mantém o ódio e a vingança em atividade, então o ato de esquecer pode levar os lados conflitantes à paz e iniciar a fase de reintegração, tão importante para a convivência.” “Sob essas condições gerais, nas décadas de 1950 e 1960, o peso do passado traumático e carregado de culpa foi tratado ou anestesiado primeiramente pelo esquecimento.”
Silenciamento coletivo
“Se o ato de lembrar mantém o ódio e a vingança em atividade, então o ato de esquecer pode levar os lados conflitantes à paz e iniciar a fase de reintegração, tão importante para a convivência.” “Sob essas condições gerais, nas décadas de 1950 e 1960, o peso do passado traumático e carregado de culpa foi tratado ou anestesiado primeiramente pelo esquecimento.”
Lembrar para nunca mais esquecer (década de 1960)
Cultura da lembrança
“No lugar da amnésia, pouco a pouco, a anamnese e a confissão passaram a tratar da culpa histórica, uma mudança de mentalidade que foi sustentada pela mudança de gerações. A relação dos alemães com o passado nazista se transformou, na Alemanha Ocidental, cada vez mais em um objeto de ativos questionamentos, pesquisas e aprendizado, no signo do esclarecimento familiar, jurídico e histórico. O impulso mais importante que levou a um amplo envolvimento emocional dos alemães veio dos EUA pela mídia de massa: a série de TV americana “Holocaust” (1979) alcançava todos os lares alemães.”
Cultura da lembrança
“No lugar da amnésia, pouco a pouco, a anamnese e a confissão passaram a tratar da culpa histórica, uma mudança de mentalidade que foi sustentada pela mudança de gerações. A relação dos alemães com o passado nazista se transformou, na Alemanha Ocidental, cada vez mais em um objeto de ativos questionamentos, pesquisas e aprendizado, no signo do esclarecimento familiar, jurídico e histórico. O impulso mais importante que levou a um amplo envolvimento emocional dos alemães veio dos EUA pela mídia de massa: a série de TV americana “Holocaust” (1979) alcançava todos os lares alemães.”
“Essa
forma de preservação do passado se funda em um pacto ético de lembrança
que se orienta para o futuro e para a permanência irrestrita: lembrar
para não esquecer.”
Lembrar para superar (décadas mais recentes)
Comissões da verdade
“A rememoração é, nesse sentido, uma operação transitória em uma situação crítica de transição e que tem a ação terapêutica, clarificadora e purificadora desejada.”
Comissões da verdade
“A rememoração é, nesse sentido, uma operação transitória em uma situação crítica de transição e que tem a ação terapêutica, clarificadora e purificadora desejada.”
“Em
sociedades traumaticamente cindidas, o caminho para o estabelecimento de
um estado de direito e para a integração passa hoje muito mais pelo
buraco da agulha da lembrança na forma de superação de crimes de massa.
Por meio dos rituais políticos do arrependimento e da participação
empática da sociedade na lembrança das vítimas, a força do trauma é
diminuída e a carga de culpa é aliviada. É em seguida, então, que é
possível um recomeço, sob a condição de que a história traumática tenha
se tornado passado.”
“Em sociedades
pós-ditadura, o reconhecimento e a lembrança da dor das vítimas é uma
parte importante de uma mudança social que tem que se seguir à mudança
do sistema político. “O objetivo consiste preferencialmente em colocar e
deixar a história de violência para trás para ganhar um novo futuro em
comum.”
Rememoração dialógica
Integração europeia
“Trata-se da política de lembrança entre dois ou mais Estados que estão ligados entre si por uma história de violência comum. Dois Estados desenvolvem um modelo dialógico de lembrança quando reconhecem – unilateral e mutuamente – a sua própria participação na história traumática do outro, e incluem empaticamente na própria memória a dor da outra nação causada por eles mesmos e pela qual são responsáveis.”
Integração europeia
“Trata-se da política de lembrança entre dois ou mais Estados que estão ligados entre si por uma história de violência comum. Dois Estados desenvolvem um modelo dialógico de lembrança quando reconhecem – unilateral e mutuamente – a sua própria participação na história traumática do outro, e incluem empaticamente na própria memória a dor da outra nação causada por eles mesmos e pela qual são responsáveis.”
“Normalmente,
a memória nacional é organizada monologicamente; ela foi criada no
século XIX para proteger e celebrar a identidade nacional. O prisma da
memória nacional tende por isso sempre a estreitar a história para um
corte glorioso, honroso e pelo menos aceitável. Em face de um passado
traumático, há, de fato, em geral somente três papéis sancionados que a
memória nacional pode aceitar: o do vencedor que superou o mal; o do
lutador da resistência e o mártir que lutou contra o mal; e o da vítima
que sofreu passivamente sob o mal. O que está além dessas posições e de
suas perspectivas não pode absolutamente – ou só muito dificilmente –
tornar-se objeto de uma narrativa aceitável, e por isso é ‘esquecido’ do
nível oficial.”
“A União Europeia é ela mesma uma consequência da 2ª Guerra Mundial e uma resposta a ela.”
“Trata-se, portanto, nesse modelo, não da preservação duradoura do passado, mas, no sentido mais apropriado, de ‘superação do passado’, ou seja, da superação do conflito, de reconciliação e abertura de um futuro comum.”
“Trata-se, portanto, nesse modelo, não da preservação duradoura do passado, mas, no sentido mais apropriado, de ‘superação do passado’, ou seja, da superação do conflito, de reconciliação e abertura de um futuro comum.”
Serviço
Título: Espaços da recordação - Formas e transformações da memória cultural
Autora: Aleida Assmann (Paulo Soethe/coord. e trad.)
Páginas: 456 páginas
Preço: R$ 86,00
Editora da Unicamp
Título: Espaços da recordação - Formas e transformações da memória cultural
Autora: Aleida Assmann (Paulo Soethe/coord. e trad.)
Páginas: 456 páginas
Preço: R$ 86,00
Editora da Unicamp