quarta-feira, 5 de junho de 2013

Marta Bellini. Hoje, plagio sem nenhuma vergonha todas as matérias relevantes do Blog de Marta Bellini. Todas elas merecem reflexão. Fiquei particularmente interessado no testemunho do colega sobre os bonus, a grande picaretagem dos nossos políticos, e outros. Até aprece que nunca existiu o taylorismo, o estalinismo (taylorista), o japonesismo (saudades de Mauricio Tragtemberg !!!). etc.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Pátria das chuteiras...

Enviada pelo amigo virtual, Grozny Arruda
Grata!

De volta ao Brasil Grande?
por Jacques Gruman
É lamentááável ! (bordão do grande humorista, poeta e chanchadeiro Zé Trindade)
        Em julho de 2004, visitei Santiago. Fiz questão de conhecer o Palácio de La Moneda, céu e inferno da experiência socialista de Salvador Allende. Fazia um frio polar, desses de congelar pinguim de geladeira. No portão, uma guarda solene recebia os visitantes e fazia uma revista discreta. Afinal de contas, ali era o local de trabalho do presidente da República. Educadamente, o sentinela encapotado falou-me alguma coisa que não entendi. De imediato, e por conta e obra de fantasmas inapagáveis, levantei os braços. Aí aconteceu o inusitado. O soldado disse-me, visivelmente constrangido, que aquilo não era necessário, que a situação lhe trazia “lembranças ruins”. Percebi a mancada a tempo de manifestar-lhe solidariedade. Éramos irmãos atemporais de memórias sofridas.
        Quando Allende assumiu a presidência do Chile, em 1970, a barra andava pesada na Ilha do Fundão, onde eu cursava engenharia química. Soldados invadiam a ilha, fazendo arrastões e prendendo a rodo. As engrenagens do terror de Estado surfavam no apoio da classe média, do Milagre Econômico (arquitetado pelo “neoprogressista” Delfim Netto, oráculo sinistro da caserna). Naquele ano, o Brasil ganhou a Copa do Mundo de futebol com uma seleção brilhante e uma campanha publicitária recheada de clichês patrioteiros. Os 90 milhões em ação do Miguel Gustavo serviram de trilha sonora para a repressão, a censura e a tortura. Presos políticos da época contam que os torturadores interrompiam o suplício para acompanhar as partidas. Patriotadas oficiais escondiam o Brasil real, que sangrava e estava amordaçado.
        O guarda chileno e suas lembranças tristes surgiram das brumas quando vi a inacreditável campanha que o governo federal acaba de lançar para promover a Copa de 2014 (http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/05/27/campanha-publicitaria-para-a-copa-2014-traz-brasil-como-a-patria-de-chuteiras). É duro ter aguentado os “ame-o ou deixe-o”, “integrar para não entregar” e “esse é um país que vai p’ra frente”  e vê-los ressuscitados numa retórica ufanista e debiloide. Reafirmando o mito surrado de que somos o país “da alegria”, a propaganda passeia pelo patriotismo tacanho e garante que somos “200 milhões de brasileiros que jogam juntos, acreditam até o último instante e transformam tudo em paixão”. Usaram recursos públicos para produzir este lixo de aroma verde-oliva, que não resiste a três neurônios de análise. Chamem o Zé Trindade !!
        Os sábios de Brasília dizem que “o Brasil não vai fazer só uma Copa do Mundo, vai fazer a melhor Copa de todos os tempos”. De onde tiraram isso ? O que vimos até agora foi a construção de um colar de elefantes brancos e corrupção a céu aberto. O estádio Mané Garrincha, em Brasília, teve a capacidade aumentada para mais de 70 mil lugares, o equivalente a quase 3% de toda a população brasiliense. As obras do Maracanã, que já havia sido reformado para o Pan de 2007, custaram 50% a mais do que foi orçado no início. Quem vai investigar ? Quem se beneficia disso ? Après moi, le deluge. A cobertura do estádio da Fonte Nova, em Salvador, não resistiu a uma chuva mais forte.
        O grand finale da peça publicitária é o retorno à pátria de chuteiras. Criada pelo Nélson Rodrigues em plena ditadura, no estilo reacionário-elegante típico do grande escritor, a expressão serviu para desenhar uma perigosa cartada: a de que é desejável que os brasileiros esqueçam suas diferenças e se unam em torno da seleção nacional. Nada mais conveniente para o general Médici com o radinho de pilha. Nada mais adequado para qualquer governo em ano de eleição. Nada mais estúpido e antiesportivo do que o fanatismo por trás de sagradas chuteiras. Nada mais patético do que as vítimas do arbítrio repetirem mantras dos algozes.
        O ufanismo serve a vários senhores. A galvãobuenização do país nutre a apatia, mediocrizando temas e análises. A megalomania fixa no imaginário popular uma falsa ideia de potência e cria alvos fantasiosos (“somos melhores e maiores do que os outros”, que, por consequência, devem se curvar a nós). A lobotomia propagandística esteriliza a capacidade crítica e torna o povo refém de interesses não revelados. Quem tem a ousadia de papaguear que somos “200 milhões de brasileiros que jogam juntos” perdeu o rumo e o prumo. Será que empreiteiros brasileiros jogam no mesmo time dos operários que construíram/reformaram os estádios e jamais poderão frequentá-los (os ingressos terão preços inacessíveis à grande maioria) ? Será que os pais e alunos da Escola Municipal Friedenreich, ameaçada de demolição para facilitar o escoamento de torcedores no Maracanã, vestem a mesma camisa dos que querem destruí-la ? Será que o Brasil chegou, meio sem querer e assobiando, à sociedade sem classes ?
        Ainda sobre a pátria de chuteiras, cabe um derradeiro comentário. O futebol, hoje, não tem nada a ver com aquele que se jogava na época de Nélson Rodrigues. Virou, como registrei na semana passada, um negócio. A seleção rodrigueana tinha cacoete local, todos os jogadores atuavam em times brasileiros. A torcida tinha contato permanente com eles. Assistia aos treinos, via-os aos domingos. O que se vê hoje é uma legião multinacional, reunida circunstancialmente, para a qual a noção de pátria passa batida. Capital não tem fronteira, tem interesses. Longe de ser fenômeno caboclo, virou regra. A bobagem que o governo federal divulga nas televisões ignora essas mudanças e nos faz retroceder a oba-obas de triste memória.
       Gostaria que isso não passasse de um pesadelo. Amanhã acordaria e, aliviado, constataria que tudo não passara de imaginação. Bem ao estilo de um maravilhoso samba de breque do imortal Moreira da Silva, Acertei no milhar (http://letras.mus.br/moreira-da-silva/393251/). O malandro sonha que ganhou no jogo do bicho, faz planos delirantes e, no final, descobre que tinha sonhado. Temo, entretanto, que vem por aí uma avalanche eufórico-nacionalista, com uma parceria amigável entre governos e imprensa (para isso a PIG será muito útil aos projetos oficialistas ...). Afinal de contas, dona Dilma pagou o mico de balançar a caxirola e não vai perder uma oportunidade dessas.

Especulação ruralista...

 enviado pelo amigo virtual G. Arruda
Grata!
O Governo Dilma, o agronegócio e os Povos Indígenas
Fonte da notícia: Cimi - Conselho Indigenista Missionário
O Governo Federal dá mostras cada vez mais evidentes que não entende e que não está disposto a entender os povos indígenas brasileiros. As medidas anunciadas pelo governo com o intuito de superar os conflitos em torno das questões indígenas no Brasil parte do pressuposto equivocado segundo o qual os povos indígenas estariam causando os conflitos e agindo sob o comando de organizações não indígenas, de modo especial o Cimi. Além de preconceituosa e racista, uma vez que considera os povos seres inferiores e incapazes de decisões próprias, o pressuposto é sociologicamente falho. Julgamos que algumas informações acerca da realidade que envolve a temática são importantes e suficientes para entendermos a situação. Vejamos.
O governo Dilma aprofundou o processo de retração de demarcações das terras indígenas. É o governo que menos demarca terras indígenas desde a ditadura militar. O governo também tomou medidas administrativas lesivas aos direitos dos povos, tais como a Portaria 419/11, a Portaria 303/12 e o Decreto 7957/13. A presidente Dilma ainda não recebeu os povos indígenas para qualquer conversa ao longo destes mais de dois anos de mandato. No entanto, somente no mês de maio, a presidenta reservou tempo em sua agenda para ao menos cinco encontros com representantes dos ruralistas, inimigos históricos dos povos indígenas. Somente em maio, Dilma esteve, oficialmente, duas vezes reunida com a senadora Kátia Abreu (PSD/TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Os povos indígenas sabem que a CNA representa o ruralismo anti-indígena, responsável pelo ataque à legislação ambiental, que resultou na aprovação do novo Código Florestal em 2012, e pelo atual ataque aos seus direitos no Congresso Nacional.
A bancada ruralista ataca os direitos dos povos por meio de diferentes instrumentos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Há mais de uma centena de proposições legislativas contrárias aos direitos dos povos em tramitação nas duas casas do Congresso. Dentre elas destacam-se as Propostas de Emendas Constitucionais 215/2000, 038/1999 e 237/2013. Os povos indígenas sabem que os ruralistas querem fazer com a PEC 215/2000, hoje, o mesmo que fizeram com o Código Florestal em 2012. Flexibilizar os direitos dos povos e ter nas próprias mãos o poder para não demarcar as terras indígenas no país.
Os povos indígenas, acampados em beiras de estradas ou confinados em reservas diminutas, tem demonstrado uma resistência e uma paciência históricas diante das violências do agronegócio e da parcimônia do Governo Federal. No entanto, certamente não estão dispostos a continuar sobrevivendo em condições sub-humanas, morrendo vítimas de desassistência, de assassinatos, de suicídios e de atropelamentos, exilados de suas terras até o fim de sua existência enquanto pessoas e povos.
Demarcações paralisadas pelo Governo Federal e ruralistas no ataque para impedir novas demarcações, rever as demarcações já realizadas e explorar as terras demarcadas. É isso que os povos indígenas enxergam na conjuntura político indigenista do Brasil. É contra este ataque sincronizado do Governo Federal e do agronegócio que os povos reagem na perspectiva de que seus direitos sejam preservados e efetivados. Uma reação, portanto, em legítima defesa de suas existências enquanto indivíduos e povos.
Será tão difícil para Dilma e seu governo entender isso? Sem falar com os povos e falando a todo o momento com o agronegócio, Dilma e seu governo continuarão sem entender os 305 povos indígenas existentes em nosso país.
Assim, partindo de um pressuposto equivocado, o governo adota e anuncia medidas equivocadas para tentar resolver os conflitos por ele criados.
Protelar reintegrações de posse não irá resolver o conflito. Os povos já foram expulsos pelos fazendeiros de suas terras e nem por isso deixaram de lutar pelo retorno às mesmas. Não será a expulsão pelas forças do Estado, com dois ou três dias de protelação, que mudará a relação dos povos com suas terras tradicionais.
Mudar o processo de demarcação das terras indígenas não irá resolver o conflito. Essa medida irá aprofundar ainda mais a retração nas demarcações, uma das causas centrais destes conflitos. Os povos indígenas sabem que a protelação das demarcações é parte da estratégia dos ruralistas, que querem “ganhar tempo” enquanto eles atuam para ter o poder acerca das não demarcações das terras, que se daria com a aprovação da PEC 215/2000.
Por fim, amordaçar o Cimi não irá resolver o conflito. Primeiro porque os povos são autônomos, cientes e senhores de suas decisões e do que é necessário para defender seus direitos. Segundo porque o Cimi não deixará de denunciar os ataques desferidos pelo governo e pelos ruralistas contra os povos indígenas no Brasil. O Cimi faz isso desde 1972 quando foi criado, em plena ditadura militar, e o fará até o último suspiro de sua existência. O compromisso do Cimi é com a vida dos povos indígenas.
Para resolver efetivamente os conflitos que envolvem o tema, o Cimi entende que o governo deve organizar uma força tarefa para, dentre outras medidas urgentes e estruturantes: a) destravar os processos de demarcação, tanto no campo administrativo, quanto no campo judicial; b) ouvir os povos indígenas; c) revogar os próprios instrumentos de ataque aos povos, tais como, as portarias 419/2011 e 303/2012 e o Decreto 7957/2013; d) mobilizar sua ampla base de apoio no Congresso a fim de que se evite os retrocessos almejados pelos ruralistas quanto aos direitos dos povos.
Brasília, DF, 03 de junho de 2013.

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

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A respeito do jeito brasileiro dos bônus, Jairo disse:



Excelente, professora Marta. 
Gostei muito de ler este texto. Sou professor de escola pública do estado de São Paulo, e concordo plenamente com as colocações sobre o bônus. Eu costumo dizer aos colegas que a ideia da meritocracia em si não é ruim, mas da forma como é empregada aqui em São Paulo ela se tornou muito injusta. E olha que não estou pensando em mim, pois recebi quase R$ 7.ooo,oo de bônus este ano, simplesmente porque quase não faltei o ano passado, e os estudantes da minha escola foram bem na prova do Saresp. Eu falo pelos outros colegas meus, muito competentes no que fazem, mas que não receberam quase nada, porque os alunos da escola em que dão aulas, por sinal uma escola muito boa que já atingiu índices elevados, não conseguiu este ano subir estes índices. Não consigo ver critérios mais injustos do que estes. Exemplo. Os colegas de uma escola que teve o índice elevado de 3 para 4, receberam prêmios altos. Os outros, de uma boa escola que mencionei, e que não conseguiram elevar o índice de 7 para 8, convenhamos, uma tarefa mais difícil, não receberam quase nada. 
Já estamos percebendo na minha escola que talvez no próximo ano não consigamos atingir a meta estabelecida pelo governo, pois nosso índice já está relativamente alto. Não se trata, no entanto, no caso de São Paulo, de se criar estímulos para que maus profissionais não resistam à tentação de dar uma nota boa nas provas dos alunos para forjar uma situação artificial, e ganhar mais dinheiro com isso, como sugere uma das charges acima, pois a avaliação é feita pela prova do SARESP, mas achei que o texto foi direto ao ponto, sobre a necessidade de melhorar as formas de avaliação do desempenho dos professores. Do jeito que está não dá.
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Jairo:

Grata pelo retorno. Você deixou mais claro o que ocorre com os bônus para as escolas. Chega-se em um ponto que atrás de um bônus, terá que vir mais bônus. Os problemas dos professores que trabalham no nível fundamental e médio são (eu já trabalhei como professora do ensino fundamental e médio em SP):

1 - carga horária elevadíssima. Quem ministra 40 horas e consegue pensar, fazer suas aulas, ter autonomia diante dos famigerados livros didáticos? Aliás, os livros didáticos, a indústria dos livros didáticos vem a calhar para essa maneira de ter escolas  e professores. Tenho dito (seguindo os estudos de Tarso Mazzotti) que os livros didáticos tornam-se a partitura do professor (ver Comenius). Como em uma fábrica, os livros didáticos atuam como as máquinas de dar aulas. 
Teríamos que ter no máximo 20 horas aula por semana.

2 - os baixos salários. 

MANIFESTO

MANIFESTO DO GRUPO DE ESTUDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
 GRUPO LEPEL/FACED/UFBA


Linha de Estudo e Pesquisa em Educação Física e Esporte e Lazer
Faculdade de Educação - UFBA
MANIFESTAÇÃO DO GRUPO LEPEL/FACED/UFBA SOBRE A QUESTÃO DA REFORMA AGRARIA E DA DEMARCAÇÃO E RESPEITO AOS TERRITÓRIOS INDIGENAS NO BRASIL POR OCASIÃO DA
 III SEMANA SOBRE O MEIO AMBIENTE DA UFBA
Considerando o violento ataque sofrido pela classe trabalhadora frente a investida destruidora do capital no Brasil;
Considerando  as violências e assassinatos ocorridos contra os povos do campo, das florestas e das águas, no Brasil;
Considerando que as investidas contra os povos indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos, os extrativistas e seus territórios, se acentuam com os avanços dos empreendimentos de mineração, hidroelétricas, rodovias, ferrovias, dos monocultivos do agronegócio e o emprego dos agrotóxicos;
Considerando os  retrocessos na legislação como é o caso do código florestal já aprovado, o código da mineração em discussão noparlamento,  que não protegem osterritórios tradicionalmente ocupados;
Considerando  o desmonte da proteção dos territórios dos povos indígenas  evidente nas propostas de emendas constitucionais, portarias, decretos;
Nos MANIFESTAMOS:
1)   Repudiando o tratamento brutal e desumano dado aos camponeses, povos indígenas, quilombolas e pescadores deste país.
2)   Reivindicando que devem ser demarcados e respeitados os Territórios tradicionalmente ocupados(camponeses, indígenas, quilombolas e pesqueiros).
3)   Exigindo que o Estado Brasileiro, governos e governantes, cessem de negligenciar sobre a questão da reforma agrária e da demarcação de terras dos povos indígenas, atendam as reivindicações dos povos indígenas e cessem com a barbárie contra os povos do campo, das florestas e das águas.

GRUPO LEPEL/FACED/UFBA