“A fonte de todos os nossos males é
a independência absoluta em que os representantes colocaram a si mesmos diante
da nação sem a ter consultado. Eles reconheceram a soberania da nação e a
nulificaram. Eles, por sua própria confissão, eram apenas mandatários do povo
e fizeram de si mesmos soberanos, isto é, déspotas; pois o despotismo nada mais
é do que a usurpação do poder soberano. Sejam quais forem os nomes dos
funcionários públicos e as formas exteriores de governo, em todo Estado em que
o soberano não conserva nenhum meio para reprimir o abuso que seus delegados
fazem da sua potência e para deter seus atentados contra a Constituição do Estado, a
nação é escrava, pois é abandonada absolutamente à mercê dos que exercem a
autoridade, e como é da natureza das coisas que os homens prefiram seu
interesse pessoal ao interesse público, quando podem fazê-lo impunemente,
segue-se que o povo é oprimido sempre que seus mandatários são absolutamente
independentes dele. (….) Colocai ao lado de um monarca rico e poderoso uma
assembléia representativa que não deve prestar contas a ninguém por sua
conduta, resultará sempre desta combinação apenas despotismo e corrupção”. Robespierre, “Dos males e dos recursos do
Estado” in Oeuvres de Maxilien Robespierre, (Paris, Chez l ‘Éditeur,
Faubourg Saint-Denis, 13), 1840, T. I, p. 58.