domingo, 8 de março de 2009

Orlando Tambosi: obrigado por tudo, inclusive por este post e pelos comentários. E adeus.

Anônimo

Domingo, 8 de Março de 2009

Intelectuais do Olimpo grotense

Há intelectuais que se julgam no Olimpo. Em geral versados em filosofia - principalmente antiga -, não hesitam em desfilar sua pachorrenta erudição até nos jornais, meios pouco apropriados para diletantismos de outros tempos e lugares.

A Folha de São Paulo tem fornecido, historicamente, sucessivos exemplos desses magos, em geral de procedência uspiana: artigos oportunistas de colaboradores referendando editoriais. Nem vou citar nomes: são todos muito conhecidos, do governo FCH a Lula - alguns, depois agasalhados por outros órgãos de imprensa. Mas ouso dizer que, no fundo, detestam a imprensa, principalmente quando cede pouco espaço à sua olímpica sapiência.

Julgam-se acima do mundo, criticam a "direita", os "conservadores", a "esquerda", mas têm sempre um pezinho nesta última. Gostam de generosos espaços em jornais que esbanjem narcísicas fotos - e alguns até exibem seu narcisismo em blogues.

Fingem, fingem, mas o mundo, para eles, ainda não chegou a 1989. O passado rende, inclusive em moeda sonante. Eles se julgam senhores da história, isto é, guias de um labirinto.


Chesterton disse...

Isso é bem verdade.....

18:36

Blogger Marcos Alberto de Oliveira disse...

"Versados em filosofia - principalmente antiga"

Em filosofia antiga, eu duvido. Excessão feita a uns marxistas da Unicamp que, nas horas vagas, se metem a falar de Platão e Aristóteles, mas que de modo algum podem ser considerados scholars sérios ou verdadeiros helenistas

Não conheço outros "especialistas" em história da filosofia antiga além desses, o já manjado João Quartim de Moares e um tal de Hector Benoit, que, até onde sei, pouco freqüenta a imprensa.

Cite os nomes, Tambosi; não deixe eu seja consumido pela curiosidade.

19:15

Blogger Tibiriçá Ramaglio disse...

É, Tambosi, cite os nomes. Não acoberte essa patota nem por cavalheirismo.

19:20

Blogger Orlando Tambosi disse...

Bem, tivemos Giannotti, Marilena Chauí e...um ou outro posterior que calce as botas.

Todos - absolutamente todos - posam de críticos da imprensa, ou "mídia", como preferem chamar. Começam na Folhona e, depois, esnobados, vão para outras bandas. Mas viram papas de consulta da sua odiada mídia. E não têm pejo em se expor.

Procurem, não há muitos, não...

20:01

Blogger Orlando Tambosi disse...

Um ou outro, não. Há uma fileirinha que frequentou a página três da Folhona.
Villa é a bola da vez - e apanhando de outros que ocuparam o lugar em que ele está...

20:10

Blogger Orlando Tambosi disse...

Por fim:

ah, sim, alguns tem um pezinho também na religião..

20:12

Blogger Marcos Alberto de Oliveira disse...

Ah bom, esses aí não sabem nada de filosofia, muito menos de filosofia antiga. Pra Marilena Chauí, filosofia é apenas pretexto para vomitar petismos com ar de sofisticação intelectual.

Se fosse um Bento Prado Jr., que escreveu um livro muito bom sobre ciência e dialética em Aristóteles, não teria dúvidas de que a erudição fora transformada em alavanca ideológica.

20:19

Blogger Maria do Espírito Santo disse...

PENSÃO FAMILIAR

Manuel Bandeira

Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar os gormilhos que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.

E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
- É a única criatura fina na pensãozinha burguesa

Petrópolis, 1925

Nada mais a declarar.

20:27

Blogger Maria do Espírito Santo disse...

Minto: tudo mais a declarar, na senda do Bandeira:

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Estou farta dos falsos, farta das farsas, dos que jogam descomedidamente fingindo um metron hipócrita!

Rápidos, espertos, sagazes de merda!

Nas lutas não se expoem: sempre e sempre se defendem covardemente.

São escudos acuados, nunca lança, nunca ofensa!

São puros, corretos, impolutos!!!

Pra puta que os pariu nos berçários da USP, da Unicampanário, antros da mais hipócrita e falsa nobreza jamais vista!

Que vão todos se foder com seus discursos corretos sobre o justo e o injusto!