quinta-feira, 12 de março de 2009

Para alegria dos saudosos de 1964, sobretudo certos historiadores, eis a grande notícia!

Coloquei na lista de links, abaixo, a publicação pela Casper Libero de artigo meu sobre A Missa Negra de 1964. Alí, mostro a cooperação das Forças Armadas e da Igreja, para o golpe de Estado. Interessante: segundo os novos critérios historiográficos (muito semelhantes aos empregados na antiga Academia de Ciências da URSS) não existiu ditadura, tortura, assassinatos pelos órgãos de repressão, exílios, etc. É tudo delírio. Como tranquiliza viver numa era assim, tão pacífica e alegre! Brave New World...
Roberto Romano


São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009



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General deixa posto no Rio com elogios ao golpe militar de 1964

Último aspirante a oficial em 1964 a deixar a ativa, Luiz Cesário da Silveira Filho classificou episódio de "revolução democrática"

Comandante do Exército diz que general só manifestou seus "sentimentos"; Luiz Cesário também criticou a estratégia de Nelson Jobim


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Comandante substituído ontem do Comando Militar do Leste, o general Luiz Cesário da Silveira Filho despediu-se do cargo com um discurso exaltando o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, em 1964, ao qual classificou de "memorável acontecimento".
O general Rui Alves Catão assumiu ontem o CML, que abrange as tropas no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o general Enzo Peri, Cesário apenas "manifestou a participação dele como cadete": "É o sentimento que tem. O movimento de 31 de março de 64 pertence à história".
Na presença do comandante do Exército, Enzo Peri, Cesário narrou sua participação na "histórica operação cívico-militar": "Participei ativamente da revolução democrática de 31 de março de 64, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba". Então cadete do último ano da Academia Militar das Agulhas Negras, Cesário disse ter atuado sob "a incontestável liderança do general-de-brigada Emílio Garrastazu Médici, de patriótica atuação posteriormente na Presidência".
Segundo o general, a ação dos militares pode ser chamada de "revolução democrática de 31 de março de 1964, por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições democráticas do país".
Como último aspirante de 1964 a deixar o serviço ativo, ele homenageou os colegas de turma e disse que "seus exemplos serão lembrados". "Rendo minha homenagem àqueles que, junto comigo, magnetizados pela liderança de nosso comandante (...), não titubearam diante da possibilidade de verter seu próprio sangue, (...) sem se importar em sacrificar sua juventude e as esperanças em prol do direito maior da pátria."
O ex-comandante do CML citou trecho da ordem do dia em que o general Emílio Médici elogiou os cadetes: "Que, por isso, a história pátria lhes reserve uma página consagradora (...). Cadetes: pela história, atingis os umbrais da glória."
Ele concluiu seu pronunciamento dizendo: "Não sou eu que pertenço ao passado. O passado é que me pertence".

Críticas a Jobim
Na solenidade, Cesário também afirmou que o Exército hoje passa por "dias de inquietude e incerteza", numa referência crítica à Estratégia Nacional de Defesa elaborada pelos ministros Nelson Jobim (Defesa) e Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) para suprir as debilidades do sistema de defesa brasileiro.
O general havia, em texto e em reunião do Alto Comando neste mês, qualificado de "utópica" a Estratégia Nacional de Defesa, que segundo ele fortalece o Ministério da Defesa e enfraquece as Forças Armadas. Ontem, ele reforçou o ataque.
"Tenho levado minha preocupação ao Alto Comando do Exército. Vivemos atualmente dias de inquietude e incerteza. (...) Tenho a convicção de que o nosso Exército saberá, como sempre, contornar tão graves inquietações e continuará, a despeito de qualquer decisão, protegendo a nação do estrangeiro e de si mesma."
Desde o ano passado, o general também mantém no site do CML mensagem de solidariedade a militares que se opuseram a "agitadores e terroristas de armas na mão" -uma resposta à defesa do ministro da Justiça, Tarso Genro, que defende a punição dos torturadores da ditadura militar.
Ele também se disse indignado com a concessão da patente de coronel ao guerrilheiro da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) Carlos Lamarca, a quem chamou de "assassino".