Assisti ontem um filme de boa cepa, intitulado "Pride and Glory". O assunto é velho como o poder político, com sua extensão do monopólio exercido pela força física. O diretor, no entanto, elabora com muita eficácia a passagem dos bandidos para os policiais corrompidos, os olhos fechados pelos mais graduados, sempre à busca de ascensão na carreira, a hipocrisia dos governantes que também ocultam de si mesmos as condições materiais de existência, vividas pelos funcionários fardados. Não descrevo o roteiro, porque estragaria a reflexão. Mas quem deseja algo diferente dos filmes que seguem o modelo do brasileiro "Tropa de Elite" encontra alí algo mais sólido. A narrativa é rápida, cheia de episódios rocambolescos, mas segue o leit motiv da violência, tanto dos policiais quanto dos bandidos. E sem usar o maniqueísmo habitual. Vale a pena verificar. Quase estragou a noite o rapagão que estourava pipocas na cadeira ao lado, incomodando as pessoas. O que mais incomodou, no entanto, foi seu comentário ao passar na tela a notícia de que mulheres, na Avenida Paulista, desfilaram em favor do aborto, tendo o mote da criança de sete anos estuprada pelo padrasto. ""Um bando de desocupadas". A revolta dos visinhos de cadeira foi enorme, mas o bonitão fascista continuou, agora em voz mais baixa, seus comentários de alto nível para a namorada. Esta nada disse. Enfim...é o mundo dos machos.