Origens dos temas e das cores de um ícone |
Escrito por Olívia Mindêlo | |
Ter, 01 de Maio de 2012 07:00 | |
Ela nasceu Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. A data oficial foi 6 de julho de 1907. Mas a moça de Coyoacán tratou de contrariar a sina do cartório e escolher sua própria identidade. Dizia ter vindo ao mundo em 1910, com a Revolução Mexicana, que marcara, na visão dela, o início da Era Moderna de seu país. Também não quis ser chamada de Magdalena ou Frieda – grafia de descendência alemã (do pai) que ela preferiu modificar depois da invasão nazista na Europa. Decidiu, então, ser simplesmente Frida. Frida Kahlo, nascida em 1910. E, assim, quebrando protocolos e se superando desde o começo, veio ao mundo para se tornar uma dessas artistas inesquecíveis do século 20; um ícone cujo nome se confunde com o do próprio México. Sua existência é tema das páginas do livro Frida Kahlo: a biografia (Editora Globo, 619 págs.), que ganhou, há poucos meses, uma tradução brasileira. É verdade que a vida e a obra de Frida não são lá uma novidade. Além das inúmeras publicações que tratam de explicar a importância de sua existência para a história da arte, as quase 200 telas deixadas por ela carregam nos tons autobiográficos, fazendo criador e criatura parecerem uma coisa só. E estão em toda parte, não só nos museus consagrados – no geral, autorretratos que popularizaram um mito, como a Frida das sobrancelhas grossas, dos traços fortemente indígenas, das roupas coloridas e tipicamente mexicanas, do corpo dilacerado pelas marcas de uma sequência de infortúnios. Qual, então, o sentido de uma “nova” biografia agora, quase 57 anos após sua morte? Para responder à pergunta, é preciso ter cautela. O livro da historiadora da arte Hayden Herrera está longe de ser mais um nas prateleiras do país. Além de narrar com prazer e minúcia a trajetória intensa de Frida, a obra foi responsável por reposicioná-la entre os principais cânones da pintura mundial. Isso aconteceu no início dos anos 1980, a partir dos Estados Unidos. Desde então, a publicação tornou-se uma referência bastante importante, tanto que foi considerada “a biografia” da pintora, tendo sido traduzida para diferentes línguas. O “detalhe” é que, nesses quase 30 anos, o trabalho nunca havia sido publicado no Brasil. Eis um dos méritos deste lançamento aqui, mesmo que tardio. |