segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Na Índia
Do Blog Passa palavra
Índia: operários da Suzuki lincham gestores e 40 vão para o hospital
No seguimento da injusta suspensão de um operário, a administração
da Suzuki contratou umas centenas de valentões para atacar os
trabalhadores. Por Working Class Self Organization
Aquele
que é o maior fabricante de automóveis da Índia encerrou uma das suas
duas fábricas, após um conflito laboral que acabou por desencadear uma
série de revoltas. Estas provocaram, pelo menos, uma morte e dezenas de
feridos.
A fábrica encerrou os seus portões na noite de quarta-feira, devido a um
incêndio de grandes proporções, iniciado pelos trabalhadores. Um
cadáver carbonizado encontrado na sala de conferências aguarda ainda
identificação. De acordo com um comunicado emitido pela empresa, uma
subsidiária da multinacional japonesa Suzuki, cerca de 40 gestores e
executivos foram hospitalizados, apresentando uma série de ferimentos.
O
conflito é o resultado do aumento da inflação, da redução dos salários,
do ataque aos direitos adquiridos e do recurso a mão-de-obra
temporária, de forma a franquear os regimes jurídicos de trabalho. A
situação atingiu o seu limite no dia 18 de Julho, quando um supervisor
atacou verbalmente um operário e, sem qualquer processo ou prova de
justa causa, decidiu a sua suspensão.
Os operários, indignados, decidiram envolver o sindicato. Enquanto este
tentava estabelecer negociações, os patrões reuniam centenas de
seguranças contratados, os quais trancaram os portões da fábrica e, a
pedido da administração, atacaram os trabalhadores com armas.
Segundo um delegado do sindicato:
“Eles [os seguranças], juntamente com algum pessoal da administração
e, mais tarde, alguns agentes da polícia, espancaram uma série de
operários, os quais tiveram que ser hospitalizados devido a ferimentos
graves. Os seguranças […] destruíram igualmente propriedade da empresa e
incendiaram parte da fábrica. Posteriormente, os portões foram abertos,
de modo a expulsar os trabalhadores e impor o lock-out da empresa”.
O governo e a polícia não demonstraram qualquer interesse na perseguição
dos rufias [valentões, capangas] contratados que iniciaram a violência,
optando, antes, pela perseguição aos 3.000 operários, acusados de
homicídio (até agora, 91 já foram presos).
Os patrões bloquearam o acesso de todos os trabalhadores à fábrica
Manesar que, juntamente com a sua unidade congénere, assegura a produção
de 40% da frota automóvel indiana.
As
condições de trabalho na fábrica são horrendas. Um carro é produzido em
cada 38 segundos. Caso se verifique um segundo de atraso, os
trabalhadores sofrem de imediato um corte no salário. Se esse atraso
ocorrer à entrada do trabalho, eles perdem o dia de trabalho. Se
acontecer ao regressar do intervalo, vêem os seus salários reduzidos.
Tal tipo de confronto está longe de ser estranho à indústria automóvel
indiana. Em 2008, um grupo de operários da Graziano Transmissioni
linchou o diretor executivo, tendo esmagado o seu crânio com martelos e
barras de metais. A Honda, a Ford, a General Motors e a Hyundai
conheceram igualmente, nos últimos anos, uma forte agitação laboral.
A indústria automóvel indiana atravessa, no entanto, um elevado
crescimento. A Maruti Suzuki obteve mais de $65.000 de lucro por
trabalhador. Apesar dos resultados sem precedentes, os operários da
indústria viram os seus salários reduzidos em mais de 50% do seu valor
ao longo dos últimos dez anos. Já os diretores executivos viram as suas
remunerações disparar em flecha.
Traduzido por Passa Palavra a partir daqui.