terça-feira, 3 de março de 2009

No Blog Josias de Souza...

03/03/2009

Senado volta do Carnaval ainda sob clima de 'guerra'

Fotos: ABr e AP

Os senadores retornam de um turbinado feriado de Carnaval submetidos à mesma atmosfera belicosa que travara o Senado durante todo o mês de fevereiro.O principal front de batalha continua sendo a comissão de Infra-Estrutura. Trava-se ali uma guerra do governo contra o governo.Disputam a presidência dois senadores do consórcio governista: Ideli Salvatti (PT-SC) e Fernando Collor (PTB-AL).

Antes do Carnaval, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, tentara promover uma conciliação. Deu em impasse. Imaginou-se que, em meio ao baticum da semana carnavalesca, seria prossível produzir um acordo. Deu em nada. A terça-feira começa sob o signo da discórdia. “Vou para o voto de qualquer maneira”, diz a petista Ideli Salvatti.

“Estão tentado afrontar o critério da proporcionalidade. E isso é algo que nós não podemos aceitar”.

Pela praxe do Senado, o comando das comissões é rateado segundo o tamanho das bancadas. Partidos maiores têm primazia sobre os menores na ordem de escolha.É o critério da proporcionalidade de que fala Ideli Salvati. Por essa regra, a Infra-Estrutura seria do PT (12 senadores), não do PTB (sete integrantes).O problema é que o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), subvertendo os usos e costumes do Senado, prometeu a comissão a Collor. Fizera pior.

Na briga pela presidência do Senado, Renan seduzira o PTB a votar em José Sarney mediante a promessa de que Collor receberia a comissão de Relações Exteriores. Porém, o PSDB, dono da cadeira, pegara em lanças e reunira votos para surrar Collor numa eventual disputa.Pressentindo a derrota, Renan empurrou Collor para a Infra-Estrutura de Ideli. Daí o lufalufa que envenena o consórcio governista.

Nesta segunda (2), Ideli, ex-líder do petismo, trocou um telefonema com Aloizio Mercadante (SP), novo líder do PT. Decidiram que, no limite, vão à sorte dos votos.Há na Infra-Estrutura 21 senadores. O DEM, dono de três votos e avesso ao PT, prometeu a Renan o apoio a Collor. Somando-se os três senadores ‘demos’ a outros seis do PMDB e dois do PTB, Collor amealharia 11 votos. O suficiente para bater Ideli com a estreita margem de um voto. Confirmando-se esse resultado, o bloco de Lula sai da refrega trincado. “Uma coisa dessas sempre gera conseqüências”, diz Ideli.

“No parlamento, tem algumas regras de respeito que, quando são quebradas dificultam a convivência”, a senadora acrescenta. Com ou sem disputa, o Senado precisa ultrapassar a fase da composição de suas onze comissões para dar início às atividades de 2009.Em fevereiro, noves fora a eleição de Sarney, nada se fez. Nenhum projeto votado. Nenhuma reunião de comissão.

Parece claro para todos que a inoperância que resultou dos acertos subterrâneos de Renan Calheiros já foi levada longe demais. Na manhã desta terça (3), para simular normalidade, Sarney vai instalar uma comissão de acompanhamento da crise econômica. Trata-se de um apêndice estranho à estrutura do Senado. Será presidida por Francisco Dornelles (PP-RJ).

Escrito por Josias de Souza às 04h13