10/05/2012
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11h27
Declarações de Gurgel 'dão fogo' à CPI, diz presidente da comissão
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RUBENS VALENTE
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse nesta quinta-feira (10) em entrevista exclusiva à Folha
que as declarações feitas ontem pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, colocaram "fogo" na Comissão Parlamentar de Inquérito e
fizeram aumentar as chances de que ele seja convidado a se explicar na
CPI.
"Elas [declarações] dão fogo à discussão na CPI", disse o presidente da
comissão, referindo-se à possibilidade de convocação de Gurgel para
depoimento.
Gurgel é criticado na CPI por conta da demora em abrir uma investigação
contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e outros
parlamentares. Em 2009, durante a Operação Vegas, a Polícia Federal
disse ter encontrado indícios de irregularidades, mas Gurgel considerou o
contrário, e nada fez até fevereiro de 2012, quando estourou outra
operação também envolvendo Demóstenes, a Monte Carlo, que prendeu o
empresário de jogos ilícitos Carlos Cachoeira. Só então Gurgel mandou
abrir um inquérito.
Ontem, em entrevista coletiva, Gurgel disse que as críticas que recebe
partem de "pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do
mensalão". Disse ainda que as críticas são apoiadas por pessoas que
tiveram problemas com o Ministério Público ao longo da carreira, numa
referência indireta ao senador Fernando Collor (PTB-AL).
"A pauta hoje, prioritariamente, vai ser essa questão do Ministério
Público", antecipou-se Rêgo. O senador disse que luta para que a CPI não
"perca o foco", mas não pode deixar de considerar o papel de Gurgel em
todo o caso e os reclames de parlamentares que querem ver Gurgel na
lista dos depoentes na CPI, principalmente após as declarações de ontem.
O senador disse que o foco das dúvidas da CPI é a "questão
administrativa", não o mérito das investigações. A CPI, segundo Rêgo,
quer entender "a demora do processo entre a Vegas e a Monte Carlo".
"O foco da CPI nesta semana foi mais ardido em relação ao Ministério Público", reconheceu o senador.
Vital do Rêgo e o relator, Odair Cunha (PT-MG), vinham se esforçando
para impedir a ida de Gurgel, e por isso foram criticados por Collor. Na
sessão secreta da CPI, na terça-feira (8), Collor disse que Gurgel
estava pedindo ajuda à CPI para não ser convocado e disse que o comando
da comissão precisa deixar os parlamentares a par das conversas de
bastidor --a Folha teve acesso à íntegra do áudio da reunião sigilosa.
A hipótese de convocação de Gurgel para depoimento só será definida no
próximo dia 17. Até lá, todos os requerimentos apresentados pelos
parlamentares não estão sendo colocados em votação, para que a CPI se
concentre na tomada de depoimentos de outros personagens da
investigação.
Nesta manhã, começou outra sessão secreta na CPI do Cachoeira. Os
parlamentares deverão ouvir o delegado Matheus Mela Rodrigues, que
coordenou a Operação Monte Carlo. Podem participar da sessão apenas
parlamentares e um técnico de cada gabinete.