quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Canal Terra

 
 

Campanha para prefeito começa 'de verdade' com propaganda na TV
22 de agosto de 2012 09h37


Os candidatos têm até o dia 4 de outubro para conquistar votos no 1º turno, sendo que alguns levam ampla vantagem sobre os adversários, devido às .... Foto: Terra Os candidatos têm até o dia 4 de outubro para conquistar votos no 1º turno, sendo que alguns levam ampla vantagem sobre os adversários, devido às coligações que garantem mais tempo no ar
Foto: Terra

Mauricio Tonetto

Com o início da propaganda gratuita no rádio e na televisão, a campanha eleitoral começa efetivamente nesta quarta-feira para os concorrentes às prefeituras de todo o País, segundo analistas ouvidos pelo Terra. Os candidatos têm até o dia 4 de outubro para conquistar votos no 1º turno, sendo que alguns levam ampla vantagem sobre os adversários, devido às coligações que garantem mais tempo no ar. Para o professor Victor Trujillo, coordenador do curso "Marketing para Marketing Eleitoral" da ESPM-SP, a TV é decisiva para alavancar as candidaturas majoritárias.


"A campanha começa efetivamente agora e a TV se apresenta como a última trincheira, por isso acaba criando uma importância ainda maior. Além disso, o brasileiro está cada vez menos interessado nas eleições. Então, a televisão é uma oportunidade de a campanha chegar até ele passivamente. A pessoa pode até desligar a TV, mas se dará conta de que existe uma eleição", afirma Trujillo.

Para o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a propaganda gratuita é importante porque permite às candidaturas se apresentarem diretamente para o eleitorado, além de dar espaço para exibição de propostas e críticas aos adversários.

"A democracia revitalizou a propaganda eleitoral na TV e no rádio e isso é uma vitória da cidadania, mas é claro que nem sempre a conquista de votos por estes meios está associada à qualidade das propostas das candidaturas. O eleitor não escolhe seus candidatos somente com base nas propostas objetivas. Critérios subjetivos também acontecem", disse Ianoni.

Vantagem para coligações maiores

De acordo com Victor Trujillo, o caso da corrida à prefeitura de São Paulo é emblemático, pois apresenta um cenário que dificilmente se manterá com a propaganda no rádio e na TV. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada na terça-feira, revelou que Celso Russomanno (PRB) aparece, pela primeira vez, à frente de José Serra (PSDB) nas intenções de voto para a capital, com 31%, contra 26% do tucano. Trujillo entende que os números não são reais.

"No horário eleitoral, o tempo de Russomanno é muito pequeno comparado ao de Serra e Fernando Haddad (PT). Na TV é possível fazer uma análise apurada, dar mais vozes, colocar jingles. Quanto mais tempo, mais recursos e provavelmente um aumento progressivo na conquista da preferência do eleitor", afirmou.

"Se a vantagem do tempo estiver acompanhada de um bom programa e de uma mensagem com qualidade e capacidade de capturar o imaginário do eleitor, as coligações maiores poderão ter mais vantagem em relação às menores", completou Marcus Ianoni.

Crítico ao horário eleitoral, o professor de ética e cientista político da Unicamp Roberto Romano alertou para o que ele chama de "ilusionismo político", criticando os marqueteiros pelo "engodo" nas propagandas: "Os partidos são assessorados por verdadeiros demagogos, os marqueteiros, mestres na arte do engodo e ilusionismo político. Hoje a política é feita com a persuasão e manipulação da consciência das massas. Se você tiver um marqueteiro cultivado e com capacidade de ataque político, é fulminante."

Horário eleitoral gratuito

A propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio foi regulamentada pela lei dos Partidos Políticos, de 1995. Nas eleições deste ano, a propaganda começa a ser veiculada na terça-feira, exatos 45 dias antes do primeiro turno. Todas as emissoras de TV abertas e os canais por assinatura sob responsabilidade de órgãos de governo (emissoras ligadas a câmaras municipais, assembleias legislativas, TV Câmara, TV Senado, entre outras) são obrigados a retransmitir os programas dos candidatos até 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as emissoras de rádio FM e AM também deverão cumprir com a programação política, inclusive as rádios comunitárias. Nos municípios onde houver segundo turno, a propaganda eleitoral será retomada no dia 13 de outubro e se estende até o dia 26, dois dias antes do segundo turno.

Para os candidatos ao cargo de prefeito e vice-prefeito, a veiculação das mensagens será feita todas as segundas, quartas e sextas-feiras das 7h às 7h30 e das 12h às 12h30 no rádio, e das 13h às 13h30 e das 20h30 às 21h na televisão. Já para os postulantes ao cargo de vereador, o espaço será aberto todas as terças, quintas e sábados nos mesmos horários. Domingo não haverá propaganda eleitoral.

Regras da Justiça

São proibidas propagandas que degradem ou ridicularizem candidatos e, segundo o TSE, são vetados "meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais". Cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre os casos e as punições variam, indo desde a perda do direito de veicular propagandas até multas de diversos valores.