Do lodo,
roseiras em flor
Estudo comprova que alternativaé ambientalmente segura
e economicamente viável
O
lodo proveniente de lagoas facultativas de estação de tratamento de
esgoto se mostrou um eficiente substituto ao adubo químico na plantação
de roseiras. O lodo contém matéria orgânica e nutriente ricos para o
solo e a sua reciclagem traz benefícios valiosos para o meio ambiente.
Estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e
Urbanismo (FEC) pelo tecnólogo em saneamento ambiental Jorge Luiz da
Paixão Filho revela que a alternativa é ambientalmente segura e
economicamente viável, pois traz vantagens para o produtor de flores,
que poderia minimizar o impacto ambiental dos fertilizantes químicos. Já
para as estações de tratamento, seria uma proposta de destinação
correta do resíduo. Com tudo isso, a pesquisa de mestrado, orientada
pelo professor Adriano Luiz Tonetti, reúne vários argumentos favoráveis à
utilização do lodo de esgoto na agricultura.
É
importante lembrar, na opinião de Jorge Paixão, que grande parte dos
municípios brasileiros realiza o tratamento do esgoto pelo processo de
lagoas e a remoção do lodo deve ser frequente para melhorar a eficiência
do tratamento. “Felizmente, cada vez mais aumenta o número de estações
de tratamento de esgoto. A opção por lagoas é usada desde a década de
1980 por ser a mais simples para os pequenos municípios com grandes
áreas. Há alguns anos não se acreditava que o lodo acumulado pudesse
reduzir a eficiência do processo. Mas, recentemente, a remoção do
resíduo tem sido necessária”, destaca o tecnólogo. A questão, no
entanto, consiste em como e para onde levar o lodo de esgoto. Os custos
com transporte são muito elevados e a sua disposição no meio ambiente
deve ser criteriosa, preferencialmente em aterros sanitários, se
transformando, desta forma, em um problema ambiental sério. “Por isso, a
opção de utilizá-lo nas plantações de rosas resolveria as duas questões
principais”, argumenta.
A pesquisa
realizada na FEC não é a primeira a demonstrar o potencial do lodo para
utilização em plantações de culturas não comestíveis. Mas foi a primeira
vez que o resíduo foi aplicado em um canteiro de rosas, mercado
expressivo no Estado de São Paulo. Ele explica que a opção pela roseira
deve-se ao fato de que este tipo de plantio necessitar de elevado volume
de fertilizante químico, pois requer muitos nutrientes para se
desenvolver de forma saudável. Vale destacar que o lodo possui
naturalmente matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio, estes
dois últimos em menores concentrações.
Os
testes realizados com o lodo indicaram um crescimento adequado da
planta. Nas avaliações de lixiviação de nitrato – indicador do quanto de
nitrogênio na forma de nitrato é perdido para abaixo da zona de
absorção das raízes da planta–, por exemplo, os testes mostraram que o
tratamento com lodo alcançou a porcentagem de 5%, enquanto que a
adubação mineral foi 10%. “Isto quer dizer que a adubação com lodo teve
uma menor lixiviação de nitrato quando comparada com a adubação mineral
e, por isso, menor probabilidade de contaminação da água subterrânea e,
consequentemente, menor impacto ambiental”, esclarece.
O
lodo utilizado na pesquisa foi proveniente da lagoa facultativa da
cidade de Coronel Macedo, no Estado de São Paulo. Uma vez classificado
como tipo A – que pode ser utilizado para outros fins por não possuir
metais pesados e contaminantes –, foi realizada a sua aplicação em vasos
para facilitar as análises do tamanho das folhas, da massa seca das
raízes e da parte aérea. Foi avaliado, ainda, o volume das raízes.
O
estudo traz ainda os cálculos para a fração de mineralização do lodo de
lagoa, um parâmetro importante para o cálculo do volume do lodo a ser
aplicado na agricultura, e que ainda não havia sido estudado. “Deve ser a
dose correta para que não sofra com nutrientes a mais ou de menos.
Estes testes foram importantes para que o produtor consiga determinar a
necessidade da sua plantação”, explica. A variedade utilizada na
pesquisa foi a rosa “carola”, que possui um alto grau de resistência à
contaminação, além de ser a preferida do consumidor.
Publicação
Dissertação: “Aplicação de lodo de lagoa facultativa em roseira”
Autor: Jorge Luiz da Paixão Filho
Orientador: Adriano Luiz Tonetti
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)
Financiamento: Capes
Dissertação: “Aplicação de lodo de lagoa facultativa em roseira”
Autor: Jorge Luiz da Paixão Filho
Orientador: Adriano Luiz Tonetti
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)
Financiamento: Capes