Concordo com o post anterior, de Marcos Otterco. embora discorde do nome de "grotão", aplicado pelo meu amigo Tambosi. Para ser rigoroso, deveriamos dizer que "grotão"é a imensa caverna chamada planeta Terra, porque éticas idiotas e hediondas, ao contrário do que dizia Descartes sobre o bom senso, são as coisas melhor distribuídas no mundo. A refinada Franca as comete, a científica Alemanha idem, a Suiça idem, idem, idem Gosto de recordar a origem dos trotes universitários. Na Idadade Média, quando as primeiras universidades surgiram, elas integravam o movimento de massas que fugiam dos senhores feudais (laicos ou religiosos). A única desculpa que os servos podiam apresentar para sair dos domínios senhoriais era a religião. Donde o número enorme de "peregrinações"(Compostela, entre outras). Os que fugiam do látego dos nobres, em boa parte, não voltavam para os feudos, apesar das punições terríveis (na Inglaterra, até o começo do século 19, que saía da propriedade sem permissão, ou não voltava, era conduzido por uma chibatada a cada kilometro seguido, na volta). Toda aquela gente se concentrou nas periferias das cidades, praticando assaltos, sequestros, etc Entre os fugitivos dos feudos, encontravam-se os estudantes que povoaram as universidades. Como a maior parte deles vinha da "roça", eram tidos pelos colegas da cidade como "bichos do mato"que precisariam passar para o rol dos entes humanos (como existiu debate na Idade Média para saber se mulheres tinham alma, também muita briga ocorreu para saber se os camponeses (os cul terreux, ou bundas de terra) tinha alma e inteligência. Não acostumados aos jeitos urbanos, aqueles estudantes eram, de fato, impolidos e, também, perigosos para o comércio, etc. Daí, os trotes, violentos, para acentuar o lado "animal"(bicho...) dos recem ingressos nos campi. Desde aquela época as autoridades acadêmicas tentaram atenuar a virulência do trote. Em vão. Alternativas não faltaram. Na Espanha, em vez de trote, o candidato ( o rico ou mediano, da cidade) poderia oferecer uma tourada e um banquete para fugir das que aplicavam trotes, e demais "brincadeiras" . Temos, pois, ,mais de mil anos de preconceito social e racial resumidos nos trotes. É uma das faces mais hediondas, inventadas na Europa, de degradação alegre dos semelhantes. Em minha coluna do Correio Popular, vez por outra, escrevo catilinárias contra os trotes. Mas noto que tudo é meio inútil. Quem foi violentado uma vez, no trote, tem ganas de se "vingar", praticando atrocidades contra os que entram. É a cultura da covardia cósmica. Esta última produz os bandidos "médicos"que festejaram sua formatura, no Paraná, soltando rojões contra doentes, insultando-os, etc. No meu entender, as leis comuns deveriam ser aplicadas nos canalhas que praticam trote. Humilhar seres humanos é contra a lei, entra no crime de injúria. E as reitorias poderiam colocar suas Procuradorias Jurídicas para processar tais crimes. Lugar de bandido não é na universidade, mas na cadeia.
Roberto Romano
PS: em meu livro Lux in Tenebris, trato do assunto, com base no excepcional trabalho de Jacques Le Goff sobre a consciência da universidade medieval (18 Essais sur le Moyen Age, Paris, Gallimard). No mais, concordo com o post de Otterco em genero, número e caso. RR
Roberto Romano
PS: em meu livro Lux in Tenebris, trato do assunto, com base no excepcional trabalho de Jacques Le Goff sobre a consciência da universidade medieval (18 Essais sur le Moyen Age, Paris, Gallimard). No mais, concordo com o post de Otterco em genero, número e caso. RR