terça-feira, 11 de maio de 2010

De Paulo Araujo .

Prioridade normal Uma analise simples porem no ponto sobre a crise da Europa (perfeitamente aplicavel ao Imperio, ...




Não sei se vocês conhecem o economista Adolfo Sachsida. Eu gosto do blog dele. Ele apresenta-se como um liberal defensor radical do livre mercado. Para saber o que ele pensa, nada substitui a leitura do que ele escreve.

Tem ainda um outro blog, do Cristiano M. Costa, com um post sobre os elefantes brancos que provavelmente herdaremos após a copa de 2014.

Os dois posts comentam esses momentos de puro realismo mágico vivido também no Brasil. Os posts tristemente engraçado, se é que se poder ver graça em tragédia anunciada. Ambos vão no caminho do artigo "Não existe almoço grátis" que você publicou no blog. Dá uma olhada:

Do blog do Crsitiano

http://cristianomcosta.blogspot.com/2010/05/o-custo-da-copa-2014.html

O Custo da Copa 2014


Vira e mexe o futebol é um dos temas aqui do blog. Hoje o tema é o custo dos estádios para a Copa 2014 (se é que é ela vai acontecer). O maior elefante branco proposto é a chamada Arena Cidade da Copa (o nome já é bem esquisito).

O conceito é o seguinte (da Wikipédia):
A Arena Cidade da Copa é um estádio de futebol nos moldes de arena multiuso, que será construído no município de São Lourenço da Mata na Região Metropolitana do Recife, estado de Pernambuco. A edificação terá capacidade estimada para 46.160 pessoas e 6.000 vagas de estacionamento com um valor estimado de R$ 500 milhões.

Se as minhas contas estão corretas e com os dados mais atualizados, esse projeto é o que tem maior custo por pessoa. R$ 500.000.000,00 / 46.000 = R$10.869.60. O PIB per capita da grandiosa São Lourenço da Mata é de R$ 3.261. Tudo estimado, ou seja, vai custar o dobro. Detalhes AQUI.

O boato que rola é que o Governo de Pernambuco vai "doar" o estádio para o grandioso Náutico Capibaribe. Segundo a minha pesquisa na Internet, já estudam até o nome da Arena no pós-copa: Arena Capibaribe. Em tese, o Náutico entraria com o seu maior patrimônio, o Estádio dos Aflitos.

A pergunta que eu faço é a seguinte. Se um clube não tem renda pra financiar um time, se o torcedor não tem grana pra pagar um ingresso, se o estádio vai ser relativamente afastado de Recife, para que investir esse valor absurdo? E o que fazer com esse estádio depois da Copa?

A resposta vem dos nossos amigos Lusitanos, que já passaram por essa situação:

Uma declaração do ex-ministro da economia de Portugal na última segunda-feira levantou uma grande discussão sobre o futuro dos estádios construídos para a Eurocopa de 2004 no país europeu.

"É muito complicado lidar com as dívidas de algo que não cria riqueza nem representa um bem público", afirmou Augusto Mateus, em entrevista à rede de notícias Bloomberg.

O economista se referia aos estádios de Braga, Coimbra, Leiria, Aveiro e Faro/Loulé. Todos eles tiveram suas construções bancadas, em grande parte, pelos municípios, que agora não têm condições de pagar pela manutenção dos estádios. Por ano, os municípios gastam em torno de 13 milhões de euros entre pagamento de dívidas adquiridas para a construção dos estádios e sua respectiva manutenção.

A situação mais delicada é do estádio de Aveiro, utilizado pelo time do Beira-Mar. O clube, que está na Segunda Divisão de Portugal, não leva mais do que três mil torcedores ao estádio. Em outubro passado, o conselho municipal já havia cogitado a hipótese de demolir a arena, que teve em 2009 apenas 5% de sua capacidade de 30 mil pessoas ocupada.

Pois bem, a Copa 2014 vem aí! Prepare o seu bolso!

PS: Eu já havia escrito sobre esse tema AQUI. Naquela ocasião citei até um paper. Confira o post clicando AQUI.

O post do blog Sachsida

http://bdadolfo.blogspot.com/2010/05/sachsida-ajuda-o-reino-unido.html

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sachsida Ajuda o Reino Unido

O Reino Unido, outrora berço do liberalismo econômico, é hoje um baluarte das regulações, intervenções do governo e impostos. Evidentemente um local como esse não pode prosperar, e logo se vê envolto em problemas econômicos. Essa é exatamente a situação atual dessa outrora majestosa ilha. A recente crise financeira ainda não mostrou o pior de sua face nas terras de sua majestade, mas isso logo logo irá ocorrer. Sabendo desse problema crônico, o parlamento britânico acaba de me pedir ajuda. Abaixo segue, em primeira mão para os meus leitores, o Plano Sachsida para o resgate do Reino Unido.

1ª Parte: Torrar o dinheiro público
O resgate do Reino Unido começa com um maciço pacote de gastos do governo. Se gastar uma libra é bom para estimular a demanda, então gastar 10 bilhões deve ser melhor ainda. O fundamental é gastar muito, mas ao mesmo tempo devemos retirar da contabilidade os gastos emergenciais, os gastos prioritários, os gastos com saúde, os gastos com educação, os gastos militares, os gastos com infra-estrutura, e os gastos com pagamento de juros. Após isso, o Reino Unido (apesar de executar gastos monstruosos) apresentará ao público uma aparência impecável de responsabilidade fiscal.

2ª Parte: Inundar o mercado com crédito barato
Usando a experiência de sucesso do BNDES brasileiro, criaremos no Reino Unido o BNDES inglês. Sua principal tarefa seria captar compulsoriamente recursos dos trabalhadores e destiná-los a projetos gigantescos, que por alguma miopia de mercado não encontra financiadores no setor privado. Ao mesmo tempo o BNDES inglês faria operações de empréstimo junto ao Tesouro britânico (similar ao que já ocorre no Brasil), visando aumentar ainda mais os recursos (com juros subsidiados) postos a disposição de projetos ousados que necessitam de ajuda estatal (afinal os empresários privados não estão preparados para terem lucros apenas no longo prazo).

3ª Parte: Criação da Caixa Econômica Federal da Inglaterra
Para dinamizar o mercado imobiliário iremos criar um banco com o objetivo de usar recursos do Tesouro, e dos trabalhadores, para expandir o crédito subsidiado para a compra de imóveis. Crédito que será usado também para financiar pessoas que não tem condição de pagar tal empréstimo. Campanhas como “Imóvel nunca perde valor” e “Imóvel é 100% seguro” serão vinculadas na mídia para estimular a demanda por imóveis. Bancos privados serão pressionados a extender crédito imobiliário a todos, sob ameaça de processos judiciais.

4ª Parte: A contribuição das Organizações Não-Governamentais
Atenderemos todas as demandas das organizações não-governamentais referentes ao meio ambiente. Isto é, limitaremos ao extremo a quantidade de terrenos livres para a construção. E limitaremos também o tamanho das construções. Essa medida preserva a beleza arquitetônica do Reino, ao custo de aumentar o preço dos imóveis. Tal medida irá requerer ainda mais crédito para a compra de imóveis.

5ª Parte: Banco Central sem medo do desenvolvimento econômico
Não podemos ter um Banco Central com medo do desenvolvimento econômico. Assim, as taxas de juros serão mantidas artificialmente baixas durante todo o período (independentemente das enormes pressões por mais crédito).

Seguindo esse plano simples teremos, em uns 4 ou 5 anos, uma bolha imobiliária gigantesca no Reino Unido, aliada a enormes fragilidades no setor financeiro, e uma situação fiscal insustentável. Assim que o caos se instalar, basta o primeiro ministro fazer o seguinte pronunciamento: “O mercado mostrou sua verdadeira face... confiamos demais no liberalismo econômico e agora estamos arruinados. Isso é culpa dos ganaciosos especuladores. Ou o FMI, o Banco Mundial, os EUA, o Japão, a Alemanha e a Comunidade Européia nos ajudam, ou teremos uma crise financeira de proporções mundiais, com o temível efeito contágio levando todo o mundo civilizado para a ruína”. Após 3 dias de intensos debates, sem ouvir os contribuintes, o resto do mundo decide enviar uma ajuda emergencial de 10 trilhões de euros para o Reino Unido para evitar o colapso financeiro a nível mundial.

Com os 10 trilhões de euros, coletados do resto do mundo, sanearemos as finanças inglesas, daremos casas ao pobres, pagaremos enormes dividendos aos ricos, melhoraremos a infra-estrutura inglesa e diminuiremos os impostos cobrados da classe média. Ai esta o resultado do Plano Sachsida: após 4 anos de farra na Inglaterra o resto do mundo paga pelo ajuste. Claro que em alguns anos outros países irão a bancarrota, mas isso não é problema inglês.... quem mandou não serem fiscalmente responsáveis?