ENTREVISTA
“O Brasil é uma falsa federação”
Roberto Romano, Filósofo e professor de Ética
Professor da Unicamp, Roberto Romano diz que o Brasil ainda tem traços de Império e, por isso, sua política produz alianças absurdas.
Zero Hora – Há uma banalização das alianças?
Roberto Romano – Uma banalização inevitável dentro do nosso atual sistema. Hoje, 70% dos recursos arrecadados no Brasil seguem direto para os cofres federais. Depois, são distribuídos entre as regiões a partir de pactos políticos. Portanto, ocorre uma supercentralização do Estado. O presidente é cobrado para liberar mais recursos para quem o apoia e cede porque, sem apoio, não consegue governar.
ZH – Como se pode alterar isso?
Romano – O Brasil é uma falsa federação. Os Estados têm muito pouca autonomia. Enquanto o Brasil não deixar de ser um Império, necessariamente haverá fisiologismo no Congresso. Ninguém é reeleito sem levar recursos para sua região, e a forma como o parlamentar faz isso muitas vezes é contestável. É preciso lutar por uma federalização de fato, em que os Estados tenham mais autonomia e leis próprias, além de definições sobre percentuais da distribuição de recursos. Essa superconcentração de recursos estimula a corrupção, porque há intermediários demais.
Zero Hora – Há uma banalização das alianças?
Roberto Romano – Uma banalização inevitável dentro do nosso atual sistema. Hoje, 70% dos recursos arrecadados no Brasil seguem direto para os cofres federais. Depois, são distribuídos entre as regiões a partir de pactos políticos. Portanto, ocorre uma supercentralização do Estado. O presidente é cobrado para liberar mais recursos para quem o apoia e cede porque, sem apoio, não consegue governar.
ZH – Como se pode alterar isso?
Romano – O Brasil é uma falsa federação. Os Estados têm muito pouca autonomia. Enquanto o Brasil não deixar de ser um Império, necessariamente haverá fisiologismo no Congresso. Ninguém é reeleito sem levar recursos para sua região, e a forma como o parlamentar faz isso muitas vezes é contestável. É preciso lutar por uma federalização de fato, em que os Estados tenham mais autonomia e leis próprias, além de definições sobre percentuais da distribuição de recursos. Essa superconcentração de recursos estimula a corrupção, porque há intermediários demais.