Assessor de Lula rebate Serra e o classifica de "exterminador da política externa"
Ontem, Serra disse que o governo boliviano, do esquerdista Evo Morales, "é cúmplice" do tráfico de cocaína para o Brasil.
"O presidente Serra está tentando ser o exterminador do futuro da política externa. Ele quis destruir o Mercosul. Agora, quer destruir nossa relação com a Bolívia. O Mahmoud Ahmadinejad virou Hitler. Eu acho que talvez ele esteja pensando, na política de corte de despesas, em fechar umas 20 ou 30 embaixadas nos países nos quais ele está insultando neste momento", disse Garcia.
O assessor presidencial afirmou ainda que Serra "deveria ser mais prudente" em suas declarações, que não são compatíveis com as suas "aspirações" ao cargo de presidente.
O tucano fez a declaração em entrevista a um programa de rádio, quando falava sobre a ideia de criar um Ministério da Segurança Pública caso ele seja eleito sucessor do presidente Lula.
"A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia, que é um governo amigo, não é? Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disso. Quem tem que enfrentar esta questão? O governo federal."
Depois do programa, questionado pelos jornalistas, o pré-candidato do PSDB afirmou que o governo boliviano faz "corpo mole" ao permitir que, "de 80%, 90%" da cocaína que entra no Brasil venha "via Bolívia".
"É um problema de bom senso. Você acha que poderia entrar toda essa cocaína no Brasil sem que o governo boliviano fizesse, pelo menos, corpo mole? Eu acho que não", disse Serra, que definiu a afirmação sobre a suposta conivência do governo do presidente Evo Morales com o tráfico de drogas como "uma análise": "Eu não fiz uma acusação".
Para Serra, o que afirmou sobre a Bolívia não é motivo para um incidente diplomático: "Por que? A melhor coisa diplomática é o governo da Bolívia passar a combater ativamente a entrada de cocaína no Brasil, não apenas o Brasil combater", afirmou.
A necessidade de o Brasil combater o narcotráfico nas fronteiras foi citada pelo tucano como uma das razões para criar um ministério para a área de segurança. "Estou falando de coisas que nós podemos fazer. Com relação ao governo boliviano, nós não podemos obrigar. Estou apenas registrando isso", disse.
O ministro da Presidência da Bolívia, Oscar Coca, reagiu às declarações. "Ele não tem nada que falar. Se possui provas, que as mostre, senão o cúmplice é ele", afirmou.