sábado, 22 de maio de 2010

RADIO GUAIBA, PORTO ALEGRE, POR OCASIÃO DO FORUM POLÍTICO, UNIMED/POA.


Porto Alegre, 22 de Maio de 2010




20/05/2010 13:20 - Atualizado em 20/05/2010 15:32

Ficha limpa ainda não tem a configuração ideal, alerta professor da Unicamp

Para Roberto Romano, o próprio Estado brasileiro permite privilégios políticos

O professor Roberto Romano, da Unicamp, de São Paulo, disse que o projeto ficha limpa ainda não está configurado da melhor forma, já que a estrutura do Estado brasileiro não é republicana e ainda permite o privilégio político. Em entrevista ao Programa Esfera Pública, ressaltou que enquanto não for eliminado o privilégio de foro dos parlamentares, o ficha limpa não vai ter o peso esperado.


Ao ser questionado sobre a polêmica envolvendo a Constituição, que exige que o acusado seja condenado em todas as instâncias jurídicas para perder os direitos políticos, Romano lembrou que a matéria é delicada porque o Estado oferece privilégios e não direitos. Afirmou que nesse caso a Justiça deve assumir seu quinhão de responsabilidade.


Também participou da entrevista o Dr Alcides Mandelli Stumpf, coordenador do Fórum Político da Unimed.
Ele falou sobre ética e política.

Ouça as entrevistas.

Ouça o áudio: Prof Roberto Romano e Dr Alcides Stumpf 1
Ouça o áudio: Prof Roberto Romano e Dr Alcides Stumpf 2
Ouça o áudio: Prof Roberto Romano e Dr Alcides Stumpf 3

Um trecho da entrevista, transcrito:

Fonte: Luis Tósca/Rádio Guaíba

Rádio Guaíba

Esfera Pública - 13h10 - 20/05/2010
Por: Eduarda Alcaraz
Data: 20/05/2010 Hora: 13:10
Apresentador, Juremir Machado – Os nossos convidados, professor Roberto Romano, professor de ética da Unicamp, uma das maiores autoridades do assunto no Brasil, recebemos também o médico organizador do 6º Fórum político da Unimed. Senado suavizou ou não suavizou o Ficha Limpa? O senhor é a favor do Ficha Limpa, professor Roberto Romano?

Professor da Unicamp, Roberto Romano - Nesse caso é preciso ter uma posição bastante prudente. Ser a favor totalmente ou ser contra não resolve. O problema é que você tem uma estrutura de estado pouco republicana e sendo pouco republicana ela é muito favorável a privilégios. Então no meu entender enquanto não for abolido o privilégio aos políticos essa questão da Ficha limpa é um avanço, mas precisa ser complementado. Acho que coisas mais séria s também ocorrem com as bênçãos, até mesmo, da justiça. Haja vista que você tem em todo esse processo em que vigora o privilégio de força você tem um político condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Quando, na verdade, você tem ai a todo momento a impressa atrás, o Ministério Público atrás a olho e a ouvido, muitas vezes enojados do eleitor, por que toda classe política faz isso de norte a sul do país.

Apresentadora, Taline Oppitz - E essa polêmica envolvendo a constituição. Que, no caso, condicionalmente ninguém poderia ser punido enquanto não houver transite julgado. Como você vê essa questão da Constituição Federal?

Professor da Unicamp, Roberto Romano - Por isso que não dá pra você ser totalmente a favor ou totalmente contra. Se você nega ao bandido, por favor não veja nenhuma conotação. O chamado bandido, o fora da lei. Aliás se nós fossemos levar a sério o pensamento no Norberto Bob sobre o que é o anti-estado 99% dos nosso políticos seriam anti-estado. Agora, você precisa assegurar a esse indivíduo o direito. O problema é que você tem um sistema inteiro de estado que é feito para dar privilégios e não direitos. Então esse é o primeiro ponto que me parece muito grave. Observe os políticos, se não existisse o privilégio de for, eles já teriam sido julgados a muito tempo na base, como eu, você, todos nós que somos cidadãos comuns. Quando você tem essa questão é preciso fazer com que também a justiça assuma o seu quinhão de responsabilidade. Nós focamos muito a questão em cima dos legisladores, em cima do executivo, que são os poderes eleitos. Agora você tem uma estrutura inteira de estado que não é eleita e ai, me perdoem os juristas, eu acho que isso é pouca garantia de rigor. O Supremo Tribunal Federal é um poder político. Mas vamos analisar esse poder político. Ele é nomeado pelo presidente da republica. Ele é sabatinado de uma forma caricata. Esse é um ponto que precisa ser repensado, se você quer uma carreira no judiciário... [erro no áudio]

Apresentador, Juremir Machado – Hoje temos a visita inesperada à Porto Alegre do candidato José Serra pelo jeito ele veio almoçar com a bancada do PMDB.

Apresentadora, Taline Oppitz – Ele chegou na Assembleia Legislativa às 12h40. Quem anunciou ontem essa vinda do Serra ao Rio Grande do Sul foi o líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Gilberto Capoani, e o PSDB foi pego totalmente de surpresa. Assim que a noticia vazou na Assembleia Legislativa lideranças, como o presidente estadual do PSDB, que eu mesma avisei, começaram a entrar em contato com a cúpula nacional do partido, com a senadora Marissa Serrano, que é uma das principais articuladoras da agenda presidenciável, então foi confirmado essa almoço da bancada do PMDB com o Serra. Pra ficar menos chato e pro clima não ficar tão ruim no ninho tucano aqui no Rio Grande do Sul o Serra acabou estendendo a permanência dele e após esse almoço ele deve fazer uma visita na sede estadual do PSDB. Que hoje oficializa a proposta de coligação na proporcional à Câmara dos deputados, à vice, e a prioridade à candidatura de Ana Amélia Lemos ao Senado ao PP. Agora vale destacar que essa articulação na agenda do Serra com PMDB aqui no Rio Grande do Sul, ela começou a ser feita, com ajuda do Osmar Terra, deputado federal do PMDB, no dia em que a executiva nacional do PMDB aprovou por unanimidade e indicou Michel Temer com vice de Dilma. É um contra ataque evidente do PMDB por o Rio Grande do Sul é muito importante. Aqui é um dos únicos estados onde o Serra mantém vantagem sobre Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto e repete ai uma questão que vem se repetindo nas ultimas eleições à presidência da republica. O PSDB realmente vence o PT no Rio Grande do Sul. Ele não quer dar margem para Dilma ampliar o espaço de alianças e conseguir o apoio de alguns pmdebistas. É uma guerra pelo PMDB gaúcho.