sábado, 11 de fevereiro de 2012

Abordagem Policial (Blog a ser lido nestes dias).


Após o Brasil e o Mundo tomarem conhecimento do movimento grevista por que passa a Polícia Militar da Bahia, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, juntamente com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil, estão vivendo drama semelhante: em uma assembléia na Cinelândia em que estiveram presentes milhares de policiais e bombeiros, os profissionais de segurança pública decidiram paralizar suas atividades, em reivindicação, principalmente à melhoria salarial.

Um dos principais líderes do movimento carioca, o cabo CBMERJ Benevuto Daciolo, já havia sido preso há dois dias atrás, após ter sido flagrado articulando a greve, em escutas telefônicas realizadas na ocasião da investigação do movimento baiano. A prisão foi realizada pautada no Código Penal Militar, lei de 1969 que proíbe este tipo de conduta para os militares – inclusive os estaduais. Embora também seja legalmente proibido que militares sejam presos em prisões comuns, o cabo Daciolo está detido em Bangu I, presídio de segurança máxima onde se encontram criminosos de alta periculosidade, praticantes de crimes comuns.

Mostrando que a disposição de punir não se limitará ao líder bombeiro, o governo carioca prendeu mais 17 policiais militares, que também foram encaminhados a Bangu I. A Corregedoria da Polícia Militar destinou um policial a cada unidade PM, visando garantir que aqueles que participarem do movimento sejam devidamente punidos e reprimidos. Até portaria garantindo mais celeridade no processo de demissão de possíveis grevistas foi publicada pelo governo, que já indiciou, em um dia de movimento, 270 policiais e bombeiros militares.

Em entrevistas concedidas à grande mídia, a Presidenta da República e o Ministro da Justiça têm repudiado os movimentos encabeçados por policiais militares nos últimos tempos, garantindo homens do Exército Brasileiro e da Força Nacional para suprir qualquer vácuo no policiamento carioca. Todos os discursos e iniciativas adotadas dão demonstrações claras de que os governos brasileiros não tolerarão reivindicações que partam de policiais militares, relegando a categoria a um limbo que, se tem a intenção de salvaguardar o orçamento dos estados e da União, simultaneamente enterra a autoestima, a motivação e o prazer de qualquer profissional de qualquer trabalhador da área de segurança pública (exceto aqueles que se beneficiam com gratificações de cargos comissionados ou que se utilizam das corporações para enriquecer ilicitamente – ou ambos).

Por enquanto, a mídia tem noticiado que o policiamento não tem sofrido interrupção no Rio de Janeiro, versão que se confunde com os releases institucionais, apesar da quantidade de indiciamentos aparentemente altapara um clima de normalidade. Torcemos para que o movimento no Rio seja conduzido com menos danos à população do que ocorrera na Bahia, onde se viu resistência do governo para praticar o diálogo e práticas abomináveis de terrorismo e vandalismo, que possuem como suspeitos de autoria policiais ligados ao movimento.

Flexibilidade, abertura e inteligência são valores imprescindíveis neste momento.