A greve dos policiais e bombeiros do Rio de Janeiro
11fev2012 Em: Bombeiro Militar, Polícia Civil, Polícia e Política, Polícia Militar Autor: Danillo Ferreira
Após o Brasil e o Mundo
tomarem conhecimento do movimento grevista por que passa a Polícia
Militar da Bahia, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,
juntamente com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil, estão vivendo
drama semelhante: em uma assembléia na Cinelândia em que estiveram
presentes milhares de policiais e bombeiros, os profissionais de segurança pública decidiram paralizar suas atividades, em reivindicação, principalmente à melhoria salarial.
Um dos principais líderes do movimento carioca, o cabo CBMERJ Benevuto Daciolo, já havia sido preso há dois dias atrás,
após ter sido flagrado articulando a greve, em escutas telefônicas
realizadas na ocasião da investigação do movimento baiano. A prisão foi
realizada pautada no Código Penal Militar,
lei de 1969 que proíbe este tipo de conduta para os militares –
inclusive os estaduais. Embora também seja legalmente proibido que
militares sejam presos em prisões comuns, o cabo Daciolo está detido em
Bangu I, presídio de segurança máxima onde se encontram criminosos de
alta periculosidade, praticantes de crimes comuns.
Mostrando que a disposição de punir não se limitará ao líder bombeiro, o governo carioca prendeu mais 17 policiais militares,
que também foram encaminhados a Bangu I. A Corregedoria da Polícia
Militar destinou um policial a cada unidade PM, visando garantir que
aqueles que participarem do movimento sejam devidamente punidos e
reprimidos. Até portaria garantindo mais celeridade no processo de
demissão de possíveis grevistas foi publicada pelo governo, que já
indiciou, em um dia de movimento, 270 policiais e bombeiros militares.
Em entrevistas concedidas à grande mídia, a Presidenta da República e o Ministro da Justiça
têm repudiado os movimentos encabeçados por policiais militares nos
últimos tempos, garantindo homens do Exército Brasileiro e da Força
Nacional para suprir qualquer vácuo no policiamento carioca. Todos os
discursos e iniciativas adotadas dão demonstrações claras de que os
governos brasileiros não tolerarão reivindicações que partam de
policiais militares, relegando a categoria a um limbo que, se tem a
intenção de salvaguardar o orçamento dos estados e da União,
simultaneamente enterra a autoestima, a motivação e o prazer de qualquer
profissional de qualquer trabalhador da área de segurança pública
(exceto aqueles que se beneficiam com gratificações de cargos
comissionados ou que se utilizam das corporações para enriquecer
ilicitamente – ou ambos).
Por enquanto, a mídia tem noticiado que o policiamento não tem
sofrido interrupção no Rio de Janeiro, versão que se confunde com os releases institucionais, apesar da quantidade de indiciamentos aparentemente altapara um clima de normalidade.
Torcemos para que o movimento no Rio seja conduzido com menos danos à
população do que ocorrera na Bahia, onde se viu resistência do governo
para praticar o diálogo e práticas abomináveis de terrorismo e
vandalismo, que possuem como suspeitos de autoria policiais ligados ao
movimento.
Flexibilidade, abertura e inteligência são valores imprescindíveis neste momento.