domingo, 12 de fevereiro de 2012

Marta Bellini...


Na cruel-ritiba ...ou no país do cacete ou no faroeste caboclo

Pérolas de cidadania retroativa

do blog CATATAU aqui
O Brasil está muito curioso. Basta ver o que ocorreu  em Curitiba no espaço de uma semana:
Devido a um fato isolado, um grupo de policiais generaliza a palavra “bandido” e acabacom um carnaval inteiro, expulsando a pauladas e balas de borracha transeuntes e foliões (gente comum, eu e você).
Por alguma omissão básica de engenharia, devido ao calor o concreto de uma avenida (colocado não faz muito tempo) simplesmente se acavalou e ergueu a rua inteira, pondo em risco muita gente.
Semana passada um torcedor voltava de um estádio quando foi atropelado por um carro que chegava na cidade a 140 Km/h. Outro descuidado.
E hoje outro ciclista – profissional – foi morto por imprudência. Um caminhão desgovernado simplesmente invadiu o acostamento da BR – em trecho costumeiro de treino, lazer e deslocamento de ciclistas – e matou o ciclista, fugindo sem prestar socorro.
Junte lé com cré e tem-se:
A polícia não fez um esquema apropriado para o evento e, para reagir, não reagiu apropriadamente: a falta de planejamento e medida só se revela publicamente depois de uma desmedida descabida como essa.
A obra da rua não recebeu a devida atenção de engenharia: a falta de planejamento e má aplicação da verba pública só se revelaram com o concreto brotando do solo.
A concessionária responsável pela BR 277, próxima ao estádio, não construiu uma passarela solicitada publicamente há meses. E a rodovia não recebe fiscalização frequente de qualquer órgão de trânsito. A omissão de compromisso, a imprudência diária dos motoristas (140km/h…) e o descaso só se revelaram depois de morrer alguém.
No caso do caminhão, dizem que o motorista pode ter cochilado no volante. Novo caso de falta de fiscalização (se existisse alguma os motoristas teriam mais atenção etc.), só revelado depois de outra morte.
Moral da história?
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Homens bons da polícia colocam ordem, agora no próprio carnaval

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Folião recebendo sua dose de "Estado"
Os homens bons da polícia militar curitibana novamente acabaram com uma terrível manifestação de bandidos, vagabundos e desordeiros ocorrida no afamado “Garibaldis e Sacis”, pré-carnaval da cidade já em sua 13ª edição.
Filmagens mostram a movimentação da marginalia durante o dia e seu sórdido complô de pular carnaval. Os marginais criminosamente diziam que aquela festança mostrava ao curitibano que na capital  paranaense realmente há carnaval.
Carnaval em Curitiba?
Diz-se que uma garrafa lançada contra uma viatura começou o tumulto. Incapaz de detectar o meliante, a inteligência policial foi ágil na conclusão: todos são meliantes! Grávidas, crianças, transeuntes, foliões, se estiver na frente do cacete é culpado.
Os próprios policiais se manifestaram no Facebook:
Batemos pouco….. pra quem nao sabe festar….. a polícia sabe ‘educar’” (sic), postou. “Quem é enfrenta a polícia….. é bandido”
, isto é, o sarrafo é a lei – uma vez empregado é correto, incontestável. Ou
Defendo meu estado com unhas e dentes, no meu caso, com borrachada e BOMBAA!
, declaração de que o carnaval era uma grave afronta ao Estado de direito e os homens bons da polícia estavam no Largo para preservar a famosa ordem, tão facilmente constatável no mesmo autocontrole da polícia.
Avante homens bons da polícia! Vocês têm mostrado certa linha de ação bastante curiosa, baixando a crista a certo tipo de “autoridade” – especialmente corrupta – e descendo desmesuradamente o cacete em famílias, foliões e viciados. Quem quer mesmo pular carnaval, extravasar as energias de modo festivo? Afinal, no exemplo de Curitiba os resultados mostram muito bem onde os bandidos não estão (para tanta desmedida policial repentina, imaginemos onde ela se ausenta).
Lembrem apenas dos bombeiros no Rio de Janeiro ou do descontentamento geral dos policiais brasileiros. Acreditando que há de fato “ordem” e não se enxergando como parte do povo, vocês verão bem o que acontecerá quando não corresponderem mais aos interesses de quem protegem tanto. Se olharem bem, talvez descubram que o mesmo “Estado” que balança o cassetete contra o povo balança também contra vocês (basta ver como a perigosa discussão sobre o direito dos policiais à greve agora se esconde atrás de outra, a do piso nacional). Mas e então, vocês estão aí para quê, mesmo?