sábado, 4 de agosto de 2012

Hoje, integrantes do PT são reus do mensalão. Eles querem censurar a imprensa e o debate político, exigindo que o termo suma da vista pública, em troca de um higiênico "processo penal". Nada que uma leitura de 1984 não explique. Alí, a novilingua adquire ares de verdade. E também, nada que uma inspeção no Agitprop da URSS não explique também. O PT se apresentou como a falange angélica (os demais seriam todos corruptos) com arrogância impar. E crueldade idem. Mario Covas, homem a quem o Brasil muito deve na luta contra a ditadura, e que levou com lealdade a batalha contra os poderes torcionários, tinha defeitos. Sim, tinha defeitos como todos os seres humanos. O PT, sobretudo a Apeosp, seu quartel general entre professores, o demonizou na tentativa de chegar ao governo estadual. Quando ele estava quase à morte, com câncer (e todos sabiam do problema em São Paulo), os canalhas disfarçados de professores (ou professores canalhas, dá no mesmo) o apedrejaram na Praça da República. E hoje, bem, hoje eles se julgam molestados por um nome, mensalão. Longa vida à memória de Covas (a quem critiquei bastante, em público e assinando em baixo) durante muitos anos. Mas sempre nele reconhecendo uma pessoa de bem, lúcida e honesta. Malditos sejam os que ergueram punhos e pedras contra uma pessoa digna de respeito. Roberto Romano

Roldão Arruda
03.agosto.2012 23:02:56

Justa homenagem a Covas, campeão dos assentamentos

O governador Mário Covas (1930-2001) vai virar nome de assentamento rural em São Paulo. Homenagem mais do que justa. Nenhum outro chefe de executivo, na história recente do Estado, deu mais atenção à reforma agrária do que ele.
Em termos de áreas devolutas destinadas a assentamentos, é enorme a diferença entre Covas e os outros políticos que ocuparam o Palácio dos Bandeirantes desde o início da redemocratização, com a eleição de Franco Montoro (PMDB) pelo voto direto, em 1982.
No primeiro mandato como governador, nos anos de 1995 a 1998, o tucano Covas destinou 95,5 mil hectares de terras para a reforma agrária no Estado. Eles foram ocupados por 77 assentamentos rurais, a maioria na conflituosa região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado.
No segundo mandato, que  só pôde cumprir até a metade, sendo substituído por Geraldo Alckmin (PSDB), outros 31,6 mil hectares acabaram destinados a assentamentos. Entre os governadores do período, o que se mais aproximou dos índices obtidos por Covas (e mesmo assim ficou a anos luz de distância) foi Orestes Quércia (PMDB).

A seguir, os números registrados pelos seis governadores eleitos pelo voto direto, de acordo com estatísticas da Fundação Instituto de Terras do Estado (os números entre parênteses assinalam o período do mandato):
Franco Montoro (1983-1987) – 26,3 mil ha
Orestes Quércia (1987-1991) – 35,0 mil ha
Antonio Fleury (1991-1995) – 9,0 mil ha
Mário Covas (1995-1998) – 95,5 mil ha
Covas/Geraldo Alckmin – 1999-2002) – 31,6 mil ha
Geraldo Alckmin (2003-2006) – 17,4 mil ha
José Serra – (janeiro de 2007 – março de 2010) – 6,1 mil ha
O governador Alckmin autorizou a homenagem a Covas, mas ainda não definiu a data da inauguração. O assentamento está sendo implantado em São Simão, no interior do Estado e deve beneficiar 130 famílias.
O contexto
Não é pretensão deste post explicar ou debater as razões que levaram um governador a assentar mais pessoas que outro. Vale a pena citar, no entanto, alguns fatos que ajudam a contextualizá-los: 1) Covas sucedeu a Antonio Fleury (PMDB), que havia realizado um péssimo governo, em todas as áreas, da educação à questão agrária; 2) os movimentos de sem-terra tinham mais força na época e o conflito na região do Pontal era dramático; 3) o volume de terras devolutas disponível era maior. E, last but not least, há que se considerar a personalidade política de Covas: ele assumiu manifestando clara disposição de encarar o problema e foi adiante.