O governador Mário Covas (1930-2001) vai virar nome de
assentamento rural em São Paulo. Homenagem mais do que justa.
Nenhum outro chefe de executivo, na história recente do Estado, deu mais
atenção à reforma agrária do que ele.
Em termos de áreas devolutas destinadas a assentamentos, é enorme a
diferença entre Covas e os outros políticos que ocuparam o Palácio dos
Bandeirantes desde o início da redemocratização, com a eleição de Franco
Montoro (PMDB) pelo voto direto, em 1982.
No primeiro mandato como governador, nos anos de 1995 a 1998, o
tucano Covas destinou 95,5 mil hectares de terras para a reforma agrária
no Estado. Eles foram ocupados por 77 assentamentos rurais, a
maioria na conflituosa região do Pontal do Paranapanema, no extremo
oeste do Estado.
No segundo mandato, que só pôde cumprir até a metade, sendo
substituído por Geraldo Alckmin (PSDB), outros 31,6 mil hectares
acabaram destinados a assentamentos. Entre os governadores do período, o
que se mais aproximou dos índices obtidos por Covas (e mesmo assim
ficou a anos luz de distância) foi Orestes Quércia (PMDB).
A seguir, os números registrados pelos seis governadores eleitos pelo
voto direto, de acordo com estatísticas da Fundação Instituto de Terras
do Estado (os números entre parênteses assinalam o período do mandato):
Franco Montoro (1983-1987) – 26,3 mil ha
Orestes Quércia (1987-1991) – 35,0 mil ha
Antonio Fleury (1991-1995) – 9,0 mil ha
Mário Covas (1995-1998) – 95,5 mil ha
Covas/Geraldo Alckmin – 1999-2002) – 31,6 mil ha
Geraldo Alckmin (2003-2006) – 17,4 mil ha
José Serra – (janeiro de 2007 – março de 2010) – 6,1 mil ha
Orestes Quércia (1987-1991) – 35,0 mil ha
Antonio Fleury (1991-1995) – 9,0 mil ha
Mário Covas (1995-1998) – 95,5 mil ha
Covas/Geraldo Alckmin – 1999-2002) – 31,6 mil ha
Geraldo Alckmin (2003-2006) – 17,4 mil ha
José Serra – (janeiro de 2007 – março de 2010) – 6,1 mil ha
O governador Alckmin autorizou a homenagem a Covas, mas ainda não
definiu a data da inauguração. O assentamento está sendo implantado em
São Simão, no interior do Estado e deve beneficiar 130 famílias.
O contexto
Não é pretensão deste post explicar ou debater as razões que levaram
um governador a assentar mais pessoas que outro. Vale a pena citar, no
entanto, alguns fatos que ajudam a contextualizá-los: 1) Covas sucedeu a
Antonio Fleury (PMDB), que havia realizado um péssimo governo, em todas
as áreas, da educação à questão agrária; 2) os movimentos de
sem-terra tinham mais força na época e o conflito na região do Pontal
era dramático; 3) o volume de terras devolutas disponível era maior. E,
last but not least, há que se considerar a personalidade política de
Covas: ele assumiu manifestando clara disposição de encarar o problema e
foi adiante.