Rendimento encolhe para 8,4 milhões de brasileiros entre 2000 e 2010
O valor do rendimento médio real mensal saiu de R$ 134 para R$ 101, uma perda de 24,6%, segundo dados do IBGE
19 de dezembro de 2012 | 9h 59
Daniela Amorim, da Agência Estado
RIO - Embora haja uma tendência em curso de
desconcentração da renda no País, em 2010, os 10% dos brasileiros com
menor rendimento receberam menos do que em 2000, segundo dados do Censo
Demográfico, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
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Entre os 84 milhões de pessoas com algum rendimento, os 8,4 milhões
que receberam menor rendimento mensal diminuíram sua participação na
massa de rendimentos do País, de 1,1% em 2000 para 0,8% em 2010. O valor
do rendimento médio real mensal saiu de R$ 134 para R$ 101, uma perda
de 24,6%. Segundo o IBGE, não houve como identificar na pesquisa a causa
do fenômeno. "São rendimentos muito baixos, e a gente não sabe quem são
os que recebem esses rendimentos", explicou Cimar Azeredo, gerente da
Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Por outro lado, diminuiu também a fatia de renda concentrada nas mãos
dos 10% que receberam mais, de 51,3% em 2000 para 48,8% em 2010. Mas o
valor do rendimento médio real mensal nessa faixa de renda subiu no
período, de R$ R$ 6.433 para R$ 6.541, um aumento de 1,7%.
Entre os rendimentos obtidos apenas do trabalho, os 10% dos ocupados
melhor remunerados diminuíram sua participação na renda, enquanto os 10%
pior remunerados aumentaram. "Houve redução na concentração de renda",
apontou Vandeli Guerra, técnica do IBGE.
No entanto, os dados do Censo mostram que a concentração de renda no
País permanece enorme. Em 2010, os 10% trabalhadores melhor remunerados
ficaram com 45,3% de todos os rendimentos, enquanto os 10% ocupados com
menor renda responderam por uma fatia de apenas 1,3% dos rendimentos do
País. Em 2000, os 10% que recebiam mais detinham 50,5% da renda,
enquanto os 10% que recebiam menos totalizavam juntos apenas 1,0% da
renda.
Distrito Federal
O Distrito Federal liderou o ranking de concentração de renda em
2010, segundo dados do Censo Demográfico. O Índice de Gini da
distribuição de rendimento mensal da região foi de 0,634, resultado
ainda maior do que o registrado em 2000, quando era de 0,630, um aumento
de 0,6%. O indicador é usado para medir o nível de desigualdade. Quanto
mais próximo de 0, menor é a desigualdade. Quanto mais próximo de 1,
maior é a concentração de renda.
O Censo mostrou ainda que houve aumento ainda na concentração de
renda de Roraima (de 0,569 em 2000 para 0,579 em 2010, alta de 1,8%) e
Amazonas (de 0,592 para 0,598, aumento de 1%) no período. Nas demais
unidades da federação, houve redução na desigualdade de renda.
Na média nacional, o Índice de Gini diminuiu de 0,611 para 0,575, um
recuo de 5,9%, graças a resultados como o de Santa Catarina, Estado com
menor concentração de renda no País, que reduziu o nível de desigualdade
de 0,568 em 2000 para 0,497 em 2010, uma queda de 12,5%.
Empregadores
Enquanto o rendimento médio real dos empregados ocupados aumentou
entre 2000 e 2010, a renda dos empregadores encolheu. Entre os
empregadores, o rendimento médio real mensal do trabalho principal foi
reduzido de R$ 6.138 para R$ 4.994, uma queda de 18,6%.
"Não tem uma explicação de por que reduziu", disse Vandeli Guerra,
técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Mas a
proporção de empregadores é pequena na população ocupada", lembrou.
Já a renda média dos empregados aumentou em 15,8%, de R$ 1.018 em
2000 para R$ 1.179 em 2010. Como resultado, no total do País, o valor do
rendimento médio real mensal de todos os trabalhadores ocupados passou
de R$ 1.234 em 2000 para R$ 1.292 em 2010, alta de 4,7%.
Entre as categorias de trabalhadores, o destaque foram os militares e
funcionários públicos estatutários, que tiveram um ganho real de 40,9%
no rendimento médio mensal. Em segundo lugar na lista com maior ganho de
renda, figuraram os trabalhadores domésticos com carteira de trabalho
assinada (33,9%) e sem carteira assinada (27,2%).
Em 2010, os maiores salários foram pagos pelos Organismos
internacionais e outras instituições extraterritoriais: R$ 4.180. Mas a
atividade representa apenas 0,005% dos trabalhadores ocupados,
esclareceu Vandeli.
Já os piores rendimentos médios mensais foram registrados pelos
trabalhadores ocupados nos serviços domésticos (R$ 479) e atividades
ligadas à agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$
744).