21/11/2012 - 20:47
Jean Wyllys indica a primeira Yalorixá a receber a Medalha Mérito Legislativo
Pela primeira vez desde sua criação em 1983, a
Medalha Mérito Legislativo Câmara dos Deputados será entregue a uma
Yalorixá (sacerdotisa suprema dos candomblés de origem Ketu-iorubá),
Beatriz Moreira Costa. Indicada pela Liderança do PSOL, por sugestão do
deputado federal Jean Wyllys, Mãe Beata de Iemanjá, como a sacerdotista é
conhecida, será uma das 25 pessoas agraciadas em evento que acontecerá
nessa quarta-feira, 21, no Salão Negro do Congresso Nacional.
Segundo o deputado, a indicação de uma líder de comunidade
tradicional de terreiro é simbólica, principalmente em tempos aonde o
aumento do fundamentalismo religioso vem disseminando o preconceito e a
intolerância seja ela por orientação sexual ou crenças religiosas. “Há
uma clara discriminação religiosa nesse espaço, que deveria ser laico.
Esse reconhecimento é apenas um passo para a valorização dessa
comunidade”, diz.
Wyllys espera que a indicação de Mãe Beata para a Medalha Mérito
Legislativo Câmara dos Deputados sirva para incentivar o povo de santo a
assumir o orgulho de sua religião, cultura, ritual e vestimentas. “O
povo de santo sofre de uma espécie de homofobia internalizada da qual
muitos LGBTs sofrem. É preciso que pessoas, principalmente aquelas
pertencentes a grupos historicamente discriminados e estigmatizados,
saiam dos armários e assumam com orgulho suas crenças, religiões,
orientações e maneiras de ser”, afirma o deputado.
A Medalha Mérito Legislativo homenageia cidadãs e cidadãos,
instituições ou entidades, campanhas, programas ou movimentos de cunho
social, civil ou militar, nacionais ou estrangeiros, que contribuíram
com o Brasil. Também serão agraciados um grupo (Grupo Cultural
AfroReggae) e um complexo siderúrgico, a USIMINAS e a ex-senadora do
Parlamento Colombiano Ingrid Betancourt.. O ex-servidor da Câmara,
Alberto Yasuo Murakami, e o ex-senador sergipano Augusto Franco
receberão homenagem póstuma.
Mãe Beata
Nascida em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira de Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, Mãe Beata é escritora, atriz e artesã e desenvolve trabalhos relacionados à defesa e preservação do meio ambiente, aos direitos humanos, à educação, saúde, combate ao sexismo e ao racismo. Presidente da Ong Criola (organização de mulheres negras que atua contra o racismo e o sexismo), integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM e conselheira do Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros e também da Ong Viva Rio. desenvolve atividades voltadas ao combate à intolerância religiosa, à discriminação racial e de gênero, violência contra a mulher, prevenção das dst/hiv/aids e câncer de mama, e, defesa do meio ambiente em nível comunitário, local e regional.