Do recem empossado Diretor do IFCH/Unicamp, o e mail abaixo. Minha tese é conhecida desde longa data: em vez de abrigar bandidos fascistas da classe média ordinária, que não se comovem com a destruição feita por eles nos próprios pagos pelo povo, eu prefiro que o campus seja frequentado pelos jovens do MST. Explico: quando havia um convênio entre MST e Unicamp, as meninas e meninos do MST que assistiam cursos na Engenharia de Alimentos, Educação, etc. para PAGAR o que recebiam de graça, ajardinavam os prédios, pintavam as paredes pixadas pelos seus colegas fascistas, etc. Foi um equívoco acabar com o convênio, da parte da Unicamp. Os jovens do MST faziam as melhorias no campus de modo espontâneo, apenas porque julgavam não ser certo deixar de retribuir ao povo. É triste para mim, na véspera da aposentadoria, constatar que a classe média, imaginariamente de esquerda, pratica as mesmas barbáries da direita mais rançosa, dilapidando patrimônio pago com impostos elevados, extraídos dos lombos do povo paulista. Também sinto vergonha, e medo, diante do fascismo. Roberto Romano
Foto de parte da Biblioteca do IFCH, que adquiriu quantidade inédita de
livros nos últimos anos. Os nazistas queimaram livros, os fascistas
festeiros atacam bibliotecas. Mundo terrível o nosso!
2012/12/7 John M. Monteiro :
Caros Membros da Comunidade do IFCH:
Queria saudá-los com notícias mais alentadoras mas não
posso deixar de trazer para a atenção de toda a comunidade a minha consternação
com mais um ato de vandalismo. Ontem o IFCH amanheceu manchado. Pela
segunda vez desde a conclusão do novo prédio da Biblioteca e mais uma vez
no contexto de uma festa realizada nas dependências do Instituto, a grande
superfície branca e limpa do novo prédio foi atraente demais para as
pessoas que trouxeram tinta e deixaram a sua marca (veja as capturas em
anexo). É impossível saber quem fez ou quais foram as suas motivações, mas
as inscrições dão margem para especulação. Não se sabe, por exemplo, se as
frases foram escritas em inglês para o benefício dos nossos visitantes
estrangeiros ou se os autores já aderiram, por antecipação, ao movimento
de adotar esse idioma na sala de aula e na elaboração de teses, como nas
outras grandes universidades do mundo.
Mas não é nada disso. É muito pior. A primeira frase, à esquerda, simplesmente copia a letra de uma música do Pink Floyd. Consegue, de uma só vez, cometer duas transgressões que gostaria de ver eliminadas do nosso meio: o plágio, que não pára de crescer, e o desrespeito ao patrimônio público que é de todos nós. A frase à direita requer mais cuidado, talvez. O autor nos lança um desafio, ao pleitear o estatuto de arte para a sua garatuja e ao assinar a obra. Queria que este artista, ao invés de agir no calor da festa ou na calada da noite, defendesse publicamente a sua obra e sua mensagem. Quem sabe a maioria de nós aprovaria esta forma de adornar o espaço público. Nesse caso, deixaria de me queixar. Falando sério, gente, isso tem que parar.
Esta é uma universidade pública e é a responsabilidade de todos nós – administradores,
docentes, funcionários e alunos – zelar por sua integridade, sua conservação,
seu aprimoramento. Ao ver a nova
biblioteca, que deveria ser o orgulho de todos nós, maculada, confesso que não
senti raiva, nem fiquei com vontade de punir o responsável. Senti vergonha e senti que todos nós somos responsáveis
de uma maneira ou outra. Senti vergonha
porque o nosso instituto reúne um grande contingente de pessoas cujas pesquisas e ensinamentos ajudam
a entender o que é arte, o que é
vandalismo, o que é liberdade de expressão, o que é espaço público, o que é cidadania, entre tantas outras coisas que
sinalizam o quanto este tipo de atitude
é agressivo, desrespeitoso, inaceitável. Espero que na próxima festa tanto os anfitriões quanto os convidados
reconheçam que não estão numa terra de
ninguém e sim estão em casa, a casa de todos nós.
Saudações a todos,John Monteiro