A cada mil adolescentes do País, três morrem antes de completar 19 anos
Taxa, fruto de pesquisa da UFRJ, teve um crescimento de 14% em relação a 2009 e é a maior desde o começo do levantamento, há cinco anos
13 de dezembro de 2012 | 13h 16
Antonio Pita - O Estado de S. Paulo
RIO - A
cada mil adolescentes do País, três morrem antes de completar 19 anos. A
informação é do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) referente a
2010, apresentado na manhã desta quinta-feira, 13, pelo Laboratório de
Análise da Violência (LAV) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). A taxa - atualmente em 2,98 jovens para cada cem mil - teve um
crescimento de 14% em relação a 2009 e é a maior desde o início da
pesquisa, há cinco anos.
O
índice permite estimar que, caso não haja alterações no cenário atual,
mais de 36.700 jovens entre 12 e 18 anos serão mortos por arma de fogo
até 2016. O risco é cerca de três vezes maior para adolescentes do sexo
masculino, negros e moradores das periferias. De acordo com o
levantamento, 45% das mortes de adolescentes no Brasil são causadas por
homicídios. Na população geral, os homicídios correspondem a 5,1% das
mortes.
A
pesquisa foi realizada em mais de 280 municípios com mais de 100 mil
habitantes. O estudo é uma parceria do Laboratório com a Secretaria de
Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das
Nações Unidas para Infância (Unicef) e pelo Observatório de Favelas, uma
organização não governamental do Rio de Janeiro. Os pesquisadores
analisaram dados do Ministério da Saúde e do IBGE para chegar ao índice,
que demonstra o risco dos adolescentes em relação aos homicídios.
O
Nordeste foi a região que registrou maior crescimento na taxa. Entre
2005, quando foi realizada a primeira pesquisa, e 2010, o índice cresceu
cerca de 60% na região. Entre as dez cidades com maior risco de
homicídios entre os jovens, cinco estão na região e quatro são na Bahia.
Itabuna, no sul do estado, é a cidade com maior IHA do País, com 10,59
jovens com risco de homicídios para cada mil adolescentes.
Entre
as capitais, Maceió apresentou o pior desempenho, com índice de 10,15
jovens mortos a cada cem mil. São Paulo representa o melhor desempenho,
com taxa de 1,08. "Há uma transferência da violência das periferias do
Sudeste para o Nordeste, não só nas regiões metropolitanas, como em
Salvador e Maceió, mas em polos regionais em função do crescimento
econômico e demográfico", afirmou Ignácio Cano, professor da UFRJ e um
dos coordenadores do estudo.