segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
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Na Má-ringa corre a notícia de que o abrigo das mulheres (abrigo municipal) cederá lugar para abrigo de crianças porque aqui na Má-ringa não há problema de violência contra mulher. O Coletivo Feminista está ativando o debate. Mais uma da administração da Má-ringá.
Jornal Todo Dia, via Jornal da Unicamp
do Blog de Roberto Romano
CAMPINAS
Violência psicológica atinge mais mulheres
Em dez anos, foram 2.541 casos deste tipo contra o sexo feminino, 50% do total de registros no Ceamo
RAONI ZAMBI - CAMPINAS
Arquivo | TodoDia Imagem
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Reunião do Ceamo, de Campinas, que atende mulheres vitimizadas
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A violência psicológica contra mulheres em Campinas foi a ocorrência que
mais teve registros no Ceamo (Centro de Referência de Apoio à Mulher),
ligado à Secretaria de Assistência Social. Em dez anos, foram 2.541
casos, o que representa 50% dos atendimentos. A coordenadora da
entidade, Juliana Rodrigues de Sousa Fanelli, relatou que esse tipo de
ataque costuma resultar em outros tipos de violência. No total, foram
5.082 atendimentos.
Em segundo lugar vem a violência física, com 1.787 registros, seguida
pela violência moral, com 361 ataques. O Ceamo ainda registrou 211 casos
de violência patrimonial e 182 ocorrências de violência sexual.
A pesquisadora sobre violência e professora doutora da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) Áurea Maria Guimarães relatou que a
violência psicológica costuma ser “sutil” e causar danos “terríveis”.
Ameaças de morte ou de agressão física, ofensas e gritos estão entras os
itens que podem ser considerados como ameaça psicológica.
“Em muitos casos, a violência psicológica costuma ser difícil de ser
percebida e isso dificulta a tomada de decisões por parte da mulher. A
família em muitos casos não entenderia um pedido de separação porque a
mulher é agredida verbalmente. No entanto, esse tipo de agressão também
causa danos negativos para a vida de uma pessoa “, explicou.
A DDM (Delegacia da Mulher) de Campinas informou que em casos de
violência psicológica o recomendado é fazer um BO (Boletim de
Ocorrência) e representar no MP (Ministério Público). Muitos casos de
ameaça acabam se tornando realidade.
ATENDIMENTO
Juliana explicou que no primeiro atendimento as mulheres vítimas de
violência são orientadas a retornar para acompanhamento realizado entre
três e quatro vezes por mês, por um período médio de seis meses a dois
anos. O Ceamo realiza por mês aproximadamente 150 atendimentos.
A mulher vítima de violência, depois que procura o Ceamo, recebe
atendimento psicológico, social e orientação jurídica, com objetivo de
romper o ciclo da violência por meio de atendimento individual, familiar
ou em grupo. As profissionais do órgão realizam, quando necessário,
visitas domiciliares e atendimentos nos diversos espaços da rede, na
região onde reside a vítima e quando há qualquer impedimento
LIXO
A promotora de vendas, S.J.A., 32, relatou que se separou por ser vítima
de violência psicológica. O ex-companheiro a ameaçava de morte e dizia
que ela não prestava para nada. “Em muitos casos a agressão verbal é
pior do que apanhar. Quando meu ex-marido dizia que eu não servia para
nada, literalmente me sentia um lixo. A minha autoestima ficou muito
abalada. Hoje, vivo com meu filho de cinco anos e sou muito feliz”,
disse.
A copeira S.M.S., 32, contou que nunca apanhou do marido, mas foi vítima
de cárcere privado e de ameaças. “Se a pessoa ameaça de morte, uma hora
acaba fazendo. Como dependia do meu ex-marido para muita coisa, não
podia tomar uma decisão mais radical. Por muito tempo aguentei um monte
de humilhações. Hoje, graças a Deus consegui me libertar”, contou.