domingo, 2 de março de 2014

J. R. Guedes de Oliveira


                                  O QUE FALTOU EM CUBA


                                                                                      J. R. Guedes de Oliveira


          Renegado pelo fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, o estrategista e ousado Deng Xiaoping, amargou anos de solidão e, nem por isso, deixou de sonhar por um país de avanços significativos. Após assumir a liderança em seu país, provocou mudanças estruturais e buscou, em figuras exponenciais, dar vida econômica em todos os setores. Deu no que deu: a China é, hoje, um dos países mais avançados, sabendo que, no passado, era o maior em termos de consumo do ópio, da infelicidade e do atraso.
          Mas tudo isso teve um preço, o qual somou-se ousadas em mesclar socialismo com capitalismo, aos olhos e pensamento de Marx. Não se estacionou no tempo e no espaço e nem deixou de avançar em sua vontade maior de dar à China um desenvolvimento satisfatório e duradouro.
         Pois bem. Tal fato não aconteceu em Cuba, desde a sua revolução de 1959. Fico, em primeiras décadas, como diria os mais célebres “mamando nas tetas da então União Soviética”. Com o desmantelamento da URSS, acabou o sonho. Castro (o Fidel), com todo o seu carisma, não soube ousar. Ficou em seu sofá, vendo “a banda passar” e perdendo o momento propício para mesclar socialismo com capitalismo, avançando em reformas. Perdeu-se ante ao número excessivo dos chamados “puxa-sacos” que se agarravam em sua japona, pedindo esmolas de cargos e batendo no peito ao dizer que eram “revolucionários”. Ilusão pura!
          Derrocado, por não possuir competência suficiente para avançar, ficou Castro a dever e, na sua retórica, esperneando contra os Estados Unidos, quando, bem, poderia dar poderes a tantos interessados no desenvolvimento de Cuba. Preferiu, no entanto, dar emprego a centenas de “mamados”, que hoje, talvez reconhecendo em parte, manda todos para o inferno (ver as conclusões que ele chegou de colocar mais de 500 mil empregados – mamados) na rua.
          Ao dar as chaves de Cuba ao Raúl, Fidel demonstrou, mais uma vez, que não sabe e nem tem conhecimento do que significa avanços econômicos. Talvez necessitasse, ele, de algumas aulas dos economistas e dos ousados chineses que sabem (e como poucos) administrar economias. Ou mesmo, quem sabe, tomar aulas nas universidades americanas e, com eles, aprender o que é desenvolver um país, sem ficar “chorando” em infindáveis ladainhas contra os Estados Unidos. Fácil e olhar a história e ver que a China amargou, antes de 1949, décadas de isolacionismo. Mesmo após a Revolução Chinesa e a implantação da República Popular da China, ficou isolada do mundo. Nem por isso, deixou de trabalhar, como exigiu o responsável e estrategista econômico Deng Xiaoping – renegado da Camarilha dos 7.
          Perde-se, mais uma vez, o pensamento de Fidel, achando que ao colocar o seu irmão Raúl, na liderança de Cuba, vai transformar o país em progressista. É uma ilusão. Infelizmente, imperado pelo medo – só o medo faz recuos de dirigentes – Cuba não terá o devido progresso que merece. Se eu estivesse lá e não tenho medo de dizer, colocaria muita gente a correr, principalmente aqueles que posso chamar de “museus” ou, senão “múmias”, que entravam o progresso do país. Batem no peito de dizerem ser comunistas, sabendo que, na verdade, são comodistas, como mil regalias e “status”.
          É preciso ser ousado e ir à luta. Não essa luta de retóricas ou de retrógrados que vivem cochichando ao léu de que o bloqueio não traz progresso a Cuba. Se realmente houvesse disposição administrativa e não apenas política, certamente a “Pérolas das Antilhas” não estaria nesse grande retrocesso, tudo caindo aos pedaços e tudo se desmoronando aos olhos dos irmãos Castro que relutam e abominam o novo. E o novo é sair desse marasmo e parar com a velha ladainha contra os Estados Unidos.
          Cuba, na verdade, vive os piores momentos e só não desmorona porque alguns países (como o próprio Brasil) financiam (em detrimento da situação caótica em que brasileiros vivem, principalmente do norte e nordeste). É uma economia esfacelada, maltratada, administrada por incompetentes.
          Deem a oportunidade aos novos e aos novos pensamentos da ação e do entusiasmo e poderão ver o país crescer. Já não é mais tempo de “barbudos” portando suas armas. Isto já foi há muito tempo. Substituam a farda pela roupa comum e trabalhem Deixem de produzir (Sr. Fidel, principalmente) laudas e mais laudas sobre teorias que, na verdade, não valem nada na prática; pelo contrário, só regridem.
                                 J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador.
                                  E-mail: guedes.idt@terra.com.br