O QUE FALTOU
EM CUBA
J. R. Guedes de Oliveira
Renegado pelo fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, o
estrategista e ousado Deng Xiaoping, amargou anos de solidão e, nem por isso,
deixou de sonhar por um país de avanços significativos. Após assumir a
liderança em seu país, provocou mudanças estruturais e buscou, em figuras
exponenciais, dar vida econômica em todos os setores. Deu no que deu: a China
é, hoje, um dos países mais avançados, sabendo que, no passado, era o maior em
termos de consumo do ópio, da infelicidade e do atraso.
Mas
tudo isso teve um preço, o qual somou-se ousadas em mesclar socialismo com
capitalismo, aos olhos e pensamento de Marx. Não se estacionou no tempo e no
espaço e nem deixou de avançar em sua vontade maior de dar à China um
desenvolvimento satisfatório e duradouro.
Pois
bem. Tal fato não aconteceu em Cuba, desde a sua revolução de 1959. Fico, em
primeiras décadas, como diria os mais célebres “mamando nas tetas da então
União Soviética”. Com o desmantelamento da URSS, acabou o sonho. Castro (o
Fidel), com todo o seu carisma, não soube ousar. Ficou em seu sofá, vendo “a
banda passar” e perdendo o momento propício para mesclar socialismo com
capitalismo, avançando em reformas. Perdeu-se ante ao número excessivo dos
chamados “puxa-sacos” que se agarravam em sua japona, pedindo esmolas de cargos
e batendo no peito ao dizer que eram “revolucionários”. Ilusão pura!
Derrocado, por não possuir competência suficiente para avançar, ficou
Castro a dever e, na sua retórica, esperneando contra os Estados Unidos,
quando, bem, poderia dar poderes a tantos interessados no desenvolvimento de
Cuba. Preferiu, no entanto, dar emprego a centenas de “mamados”, que hoje,
talvez reconhecendo em parte, manda todos para o inferno (ver as conclusões que
ele chegou de colocar mais de 500 mil empregados – mamados) na rua.
Ao
dar as chaves de Cuba ao Raúl, Fidel demonstrou, mais uma vez, que não sabe e
nem tem conhecimento do que significa avanços econômicos. Talvez necessitasse,
ele, de algumas aulas dos economistas e dos ousados chineses que sabem (e como
poucos) administrar economias. Ou mesmo, quem sabe, tomar aulas nas
universidades americanas e, com eles, aprender o que é desenvolver um país, sem
ficar “chorando” em infindáveis ladainhas contra os Estados Unidos. Fácil e
olhar a história e ver que a China amargou, antes de 1949, décadas de
isolacionismo. Mesmo após a Revolução Chinesa e a implantação da República
Popular da China, ficou isolada do mundo. Nem por isso, deixou de trabalhar, como
exigiu o responsável e estrategista econômico Deng Xiaoping – renegado da
Camarilha dos 7.
Perde-se, mais uma vez, o pensamento de Fidel, achando que ao colocar o
seu irmão Raúl, na liderança de Cuba, vai transformar o país em progressista. É
uma ilusão. Infelizmente, imperado pelo medo – só o medo faz recuos de
dirigentes – Cuba não terá o devido progresso que merece. Se eu estivesse lá e
não tenho medo de dizer, colocaria muita gente a correr, principalmente aqueles
que posso chamar de “museus” ou, senão “múmias”, que entravam o progresso do
país. Batem no peito de dizerem ser comunistas, sabendo que, na verdade, são
comodistas, como mil regalias e “status”.
É
preciso ser ousado e ir à luta. Não essa luta de retóricas ou de retrógrados
que vivem cochichando ao léu de que o bloqueio não traz progresso a Cuba. Se
realmente houvesse disposição administrativa e não apenas política, certamente
a “Pérolas das Antilhas” não estaria nesse grande retrocesso, tudo caindo aos
pedaços e tudo se desmoronando aos olhos dos irmãos Castro que relutam e
abominam o novo. E o novo é sair desse marasmo e parar com a velha ladainha
contra os Estados Unidos.
Cuba, na verdade, vive os piores momentos e só não desmorona porque
alguns países (como o próprio Brasil) financiam (em detrimento da situação
caótica em que brasileiros vivem, principalmente do norte e nordeste). É uma
economia esfacelada, maltratada, administrada por incompetentes.
Deem
a oportunidade aos novos e aos novos pensamentos da ação e do entusiasmo e
poderão ver o país crescer. Já não é mais tempo de “barbudos” portando suas
armas. Isto já foi há muito tempo. Substituam a farda pela roupa comum e
trabalhem Deixem de produzir (Sr. Fidel, principalmente) laudas e mais laudas sobre
teorias que, na verdade, não valem nada na prática; pelo contrário, só
regridem.
J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta,
biógrafo e historiador.
E-mail:
guedes.idt@terra.com.br