A República está em frangalhos e a prioridade do PT é evitar o impeachment
Estarão os horrores dos períodos 1930/1945 e 1964/1985 já esquecidos, a ponto de ninguém perceber que este é o nosso pior pesadelo e o fantasma que devemos exorcizar com todas as nossas forças?
O que mais me choca no petismo é como um movimento com aspirações tão
amplas e bandeiras tão generosas se desvirtuou a ponto de ter hoje
praticamente uma só aspiração e uma só bandeira: conservar-se no poder.
E, o que é pior, no poder pelo poder, pois o exerce de forma cada vez
menos idealista e mais fisiológica, tornando-se indistinguível dos
partidos e forças convencionais.
Assim, lutou com unhas, dentes, jogo sujo, demagogia, desinformação,
chutes na virilha, rasteiras traiçoeiras e facadas pelas costas para
assegurar-se um quarto mandato presidencial já sem ter mais nada de
importante para propor à sociedade, nem nenhuma receita de
esquerda para
responder a crise econômica que
suas gestões anteriores incubaram.
Dilma Rousseff
se reelegeu para nos empurrar Joaquim
Levy goela adentro.
Agora, obcecado única e exclusivamente em evitar o impeachment da
presidenta, sua rede virtual espoca champanhes para celebrar a
avacalhação do Congresso Nacional, com os presidentes das duas casas
legislativas sob suspeita de envolvimento no maior escândalo de
corrupção de todos os tempos. [Aliás, é bom dizer, as boas práticas
republicanas impõem que se afastem ou sejam afastados imediatamente de
uma posição que lhes confere enorme poder; é cedo para falarmos de
cassação de mandato, mas presidentes da Câmara e do Senado eles não
podem continuar sendo enquanto estiverem sob forte suspeita de
desonestidade).
Serão os petistas tão obtusos a ponto de não perceberem que, se a
insatisfação popular se tornar incontrolável nestes tempos bicudos de
recessão, um Congresso com credibilidade reduzida a zero realmente não
terá moral para aprovar o impedimento de Dilma, mas também nenhuma outra saída civilizada para a crise?!
A desmoralização das instituições como um todo (o Judiciário, embora
menos desgastado aos olhos do cidadão comum, também não inspira a
confiança de outrora, por saltar aos olhos que suas decisões
frequentemente têm motivações espúrias) só serve a quem pretende criar
um cenário para golpe de estado. O verdadeiro, com tanques nas ruas.
Estarão os horrores dos períodos 1930/1945 e 1964/1985 já esquecidos,
a ponto de ninguém perceber que este é o nosso pior pesadelo e o
fantasma que devemos exorcizar com todas as nossas forças?
Se o Brasil permanecer uma democracia, nada impedirá que Dilma seja
impedida ou renuncie em 2015 e Lula ganhe a eleição presidencial de
2018. E há outras possibilidades, como a articulação de um governo de
união nacional ou a convocação de um gabinete de crise, com gente de
peso e de personalidade, para fazer o que os 39 (quase todos
incompetentes, inapetentes, inadequados ou sinistros) ministros estão
fazendo.
O que não dá é para Dilma e o PT continuarem a brincar com fogo,
colocando todos os brasileiros sob o risco de uma nova ditadura por não
admitirem, em hipótese nenhuma, abdicar momentaneamente do poder ou
dividi-lo durante a crise, embora até as pedras das ruas percebam que
não estão sabendo o que fazer com ele.