Hiro Kumasaka
Certa
feita, encontrei o professor Maurício Tragtemberg na Livraria Francesa,
em São Paulo. Havia me impressionado o dono da confecção Dijon: mandara
fazer um escritório, com estantes só com a lombada dos livros. Era mais
fácil limpar, alegava ele. Para caracterizá-lo, chamei-o de
"intelectual de resultados". Era a época do sindicalismo de
resultados... O professor adorou a expressão. Vou usá-la, disse-me
ele, não sem antes asseverar que reconheceria a autoria. Imagine, eu
era um obscuro aluno da UNICAMP, como sou hoje um obscuro servidor
público. Pois bem, essa história me vem ao espírito quando leio a
matéria abaixo: uma dissertação de mestrado com 15 referências
bibliográficas e que, ainda por cima, serviu para conferir grau de
mestre em duas disciplinas distintas, Sociologia e Direito, apenas com
um interstício temporal de 3 anos. Ah, sim, houve ampliação do número de
referências: de 15 para 31. Em homenagem ao mestre (hoje, doutor), as
bancas que o aprovaram (com distinção e louvor?) e à PUC/SP,
reconheça-se, portanto, ter havido duplicação do número de referências,
sinal de trabalho árduo. Saudades do professor Maurício Tragtenberg,
para quem um fato desses causaria revolta e vergonha.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1047408-gabriel-chalita-fez-autoplagio-para-obter-2-mestrado.shtml