segunda-feira, 9 de abril de 2012

Com decisões como a proferida pelos impiedosos juízes do STJ, para que, afinal, um juiz da infância no Brasil ?

09/04/2012 - 05h20

CNJ afirma que falta juiz da infância em São Paulo


ROGÉRIO PAGNAN
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um único juiz da infância e adolescência atende cidades com mais de um milhão de habitantes em São Paulo.

A informação é da reportagem de Rogério Pagnan e Afonso Benites publicada na edição desta segunda-feira da Folha.

A constatação faz parte de relatório inédito do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que também revela outros graves problemas na estrutura do Judiciário paulista.

O ideal, segundo especialistas, é um juiz para 200 mil moradores, no máximo, e com dedicação exclusiva.

Outro lado
 
O Tribunal de Justiça paulista admite o problema e diz que neste ano deve investir R$ 10 milhões nessa área.

Juiz da infância atende 1 milhão em SP
Relatório inédito elaborado pelo CNJ afirma que falta estrutura para ação de magistrados nessa área no Estado
Problema chega a atrapalhar no processo de recuperação de jovens internados na Fundação Casa
ROGÉRIO PAGNAN
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um único juiz da infância e adolescência atende cidades com mais de um milhão de habitantes em São Paulo. 

A constatação faz parte de relatório inédito do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que também revela outros graves problemas na estrutura do Judiciário paulista. 

O ideal, segundo especialistas, é um juiz para 200 mil moradores, no máximo, e com dedicação exclusiva. 

Em cidades como Guarulhos e Campinas, entretanto, um único magistrado é responsável pelo atendimento de assuntos relacionados a menores de 18 anos. 

Isso inclui desde internações na Fundação Casa (ex-Febem) em razão de delitos, passa pela fiscalização de abrigos e até reclamações de pais sobre falta de vagas em creches e escolas. 

O Tribunal de Justiça paulista admite o problema e diz que neste ano deve investir R$ 10 milhões nessa área (leia texto nesta página). 

O relatório do CNJ será divulgado hoje e foi produzido por equipes do programa "Justiça ao Jovem", que faz um raio-x do sistema de internações de adolescentes. 

"As equipes que estiveram em São Paulo não acreditaram no que encontraram. Cartórios com poucos funcionários e juízes sobrecarregados", disse Reinaldo Cintra, juiz auxiliar da presidência do CNJ e um dos responsáveis pela produção do texto. 

De acordo com o magistrado, apenas na capital há mais de um juiz por vara. 

Em todo o Estado, são 34 varas especializadas (com dedicação exclusiva) para atender assuntos da infância e juventude, segundo o TJ. 

Ou seja, na maioria das cidades os juízes acumulam outras áreas de atuação como na área penal e cível. 

Essa sobrecarga de serviços de juízes da infância provoca descumprimento de ações previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Pelo estatuto, os adolescentes internados precisariam ser submetidos, a cada seis meses, a reavaliações. 

As reavaliações não são feitas no prazo em parte do Estado e isso, segundo magistrados, é prejudicial para a recuperação dos jovens internados. Outro motivo para o atraso é a falta de assistentes sociais e psicólogos.