Leia-se!
Com a voz, a Loucura. Neste libelo do teólogo Erasmo de Rotterdam (1469-1536), quem fala é a Loucura. Sempre
vista apenas como uma doença ou como uma característica negativa e
indesejada, aqui ela é personificada na forma mais encantadora. E, já
que ninguém mais lhe dá crédito por tudo o que faz pela humanidade, ela
tece elogios a si mesma. O que seria da raça dos homens se a insanidade
não os impulsionasse na direção do casamento?
Seria
suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucura não
suprisse as pessoas de um ímpeto irracional e incoerente? Não é mérito
da Loucura haver no mundo laços de amizade que nos liguem a seres
imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogios da Loucura, o
humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos
que punham o homem a serviço da razão (e não o contrário) e estende um
véu de compaixão por sobre a natureza humana.
Pois
a Loucura está em toda parte, e todos se identificarão com algum tipo
de loucos contemplados pelo autor. Afinal, como ele próprio diz: “Está
escrito no primeiro capítulo de Eclesiastes: O número de loucos é
infinito. Ora, esse número infinito compreende todos os homens, com
exceção de uns poucos, e duvido que alguma vez se tenha visto esses
poucos”.Coleção L&PM Pocket, Vol. 278, tradução de Paulo Neves, julho de 2007.
Portanto, amigo, se você está rasgando merda ou comendo dinheiro (e vice-versa), fique tranquilo. Nem tudo está perdido. Solda