Gravações da PF confirmam ligação de Dadá com Protógenes
Ao ‘Estado’, deputado do PC do B-SP disse ter apenas relação profissional com integrante do grupo de Carlinhos Cacheira; escutas, porém, indicam amizade entre os dois
12 de abril de 2012 | 8h 43
Rosa Costa, de O Estado de S.Paulo
Apesar da tentativa do deputado Protógenes Queiroz (PC
do B-SP) de esconder sua proximidade com Idalberto Matias de Araújo, o
Dadá, pelo menos duas interceptações telefônicas feitas pela Polícia
Federal na Operação Monte Carlo mostram que da parte do operador do
contraventor Carlinhos Cachoeira, a situação era outra. Dadá não apenas
fala de sua amizade por Protógenes, como também que chegou a se indispor
com o então delegado da PF, Daniel Lorenz, para defender o amigo.
Veja também:
Áudio 1: 'Aí eu liguei pro Protógenes, eu sou muito amigo do Protógenes'
Áudio 2: 'Ele é um cara bom, mas queria que eu botasse o Protógenes na mão dele'
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Protógenes nega envolvimento com esquema de Carlinhos Cachoeira
No grampo de mais de 5 minutos, no dia 20 de dezembro de 2011, Dadá
conversa com o policial civil Ventura, da Subsecretaria de Inteligência
da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, sobre a nomeação
de Lorenz para comandar o órgão. O faz-tudo de Cachoeira diz que Lorenz
"é um cara bom", mas acrescenta: "Meu problema com ele é que ele queria
que eu botasse o Protógenes na mão dele e esse negócio é o seguinte,
cara, você vai para vala com os amigos, né". Dadá e Cachoeira estão
presos desde fevereiro, acusados de integrar esquema de exploração de
jogo ilegal.
Em outra conversa de 6 minutos, grampeada no dia 14 de janeiro do ano
passado, Dadá conta para um determinado Serjão que tentou arrumar
emprego no gabinete do deputado Protógenes para uma ex-secretária do
deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), derrotado nas eleições. No meio da
conversa ele diz: "...aí eu liguei para o Protógenes, eu sou muito amigo
do Protógenes, ele está na Bahia, na Bahia. Falei Protógenes em seu
gabinete como é que tá? Ele disse, tá fechado, não tem jeito de botar
mais ninguém". Mais na frente, o diálogo grampeado chama a atenção por
ser um dos poucos em que Dadá fala o nome completo de Cláudio Monteiro,
chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, que deixou o cargo na
última terça-feira para se defender da acusação de receber propina para
favorecer empresas de limpeza urbana. Dadá pergunta a Serjão: "O pessoal
foi lá no Cláudio Monteiro ou não....mas que foram, foram, né?". No
final, ele retoma o nome do ex-auxiliar de Agnelo para falar da nomeação
do diretor do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). "Amanhã, os meninos vão
estar com Cláudio Monteiro, só pra saber como é que está a questão do
SLU, quando é que o João Monteiro assume".
A reação do deputado Protógenes de desqualificar sua ligação com Dadá, com quem ele nega ter "relação de amizade profunda" ocorreu após o Estado
divulgar conversas em que eles acertam encontros para tratar dos
depoimentos no inquérito da Operação Satiagraha. Comandada por
Protógenes, a polêmica operação teve Dadá como um de seus arapongas.
Autor do requerimento para criação da CPI que investigaria as relações
políticas de Cachoeira, Protógenes afimou nessa quarta-feira, 10, que os
diálogos não o impediam de compor a comissão, já que não tinham relação
com o sistema de Carlinhos Cachoeira.