11/04/2012
-
18h08
Entidades criticam declaração de Dilma sobre tortura em delegacias
Publicidade
DE SÃO PAULO
Entidades de direitos humanos divulgaram nesta quarta-feira (11) nota de
repúdio à declaração da presidente Dilma Rousseff sobre tortura em
delegacias.
Ontem, durante sessão de perguntas feitas pela plateia na Universidade
Harvard, nos Estados Unidos, Dilma disse que não tinha como "impedir em
todas as delegacias do Brasil de haver tortura".
A nota, assinada por dez organizações, pede uma declaração explícita da
presidente de que não tolerará a tortura e empenhará todos os esforços
para combatê-la.
"A declaração de Dilma --ela mesma ex-presa política e vítima de
tortura-- é inadmissível sob qualquer circunstância, mas vem revestida
de ainda maior gravidade porque ocorre num momento especialmente
sensível. O país enfrenta hoje um debate acalorado sobre o
estabelecimento da Comissão da Verdade, que conta com o apoio da
presidente, para esclarecer crimes praticados durante a ditadura
militar, incluindo o crime de tortura."
As organizações dizem temer que a declaração da presidente seja
interpretada pela sociedade e autoridades públicas brasileiras como um
"aval e reconhecimento de impotência, incapacidade e rendição diante de
uma das mais graves violações aos direitos humanos atualmente no
Brasil".
"É muito grave que a autoridade máxima do país se declare incapaz para
coibir o crime de tortura nas delegacias. E é ainda mais grave que tenha
escolhido um momento de enorme visibilidade para fazer tal declaração",
diz a nota.