08/03/2010
Comitê de Dilma terá tesoureiro próprio, não o do PT
João Wainer
Abalroado pelo escândalo da Bancoop, João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, será mantido à distância das arcas da campanha de Dilma Rousseff. A decisão de dotar o comitê de Dilma de tesoureiro próprio já estava tomada. A conversão de Vaccari em ‘gestor-problema’ apenas a tonificou.
Vaccari era, até a semana passada, presidente da Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo. Desligou-se da função para segurar a chave dos cofres do PT. Na última sexta (5), teve a quebra de seu sigilo bancário requerida. À frente de uma investigação aberta há tres anos, o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, deseja apalpar as contas de Vaccari.
Blat associa Vaccari a malfeitos que, segundo diz, converteram a Bancoop numa “organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT”.Levado às páginas de Veja, Vaccari defendeu-se numa nota: “Nunca houve nenhum tipo de acusação contra mim e não respondo a nenhum processo, civil ou criminal”.A Bancoop também cuidou de divulgar na web uma manifestação. Anota que a reportagem da revista “tem nítida finalidade política”.
Acrescenta que a publicação “se explica pela previsão de instalação [...] de CPI sobre a Bancoop na Assembléia Legislativa de São Paulo”.Coisa “requerida, ainda em 2008, pela bancada de deputados do PSDB”. Ou seja, a Bancoop insinua que o tucanato de José Serra estaria por trás da denúncia.Enquanto Dilma dá expediente na Casa Civil e comitê eleitoral dela não tem existência formal, Vaccari cuida da cozinha financeira.
No momento, negocia o aluguel do imóvel que servirá de sede para o futuro guartel-general da candidata.O PT já tem inclusive um local em vista. Fica num prédio do Setor Comercial Sul de Brasília.Uma edificação ligada pela garagem, no subsolo, ao edifício onde funciona a sede do partido.
Vaccari é mantido à distância, porém, da sala de jantar da campanha. Ali, quem mexe os talheres é Antonio Palocci (PT-SP), deputado e ex-ministro da Fazenda.Em refeições reservadas, Palocci faz os contatos que visam conectar a campanha de Dilma às caixas registradoras do empresariado.
Escrito por Josias de Souza às 06h08