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PSOL, linha auxiliar do PT
Um escritor francês publicou, em data recente, certa análise perfeita sobre a noção (e a prática) da militância política. (
O que é um “militante”? A palavra vem do latim e significa “guerreiro”, “soldado”. Militar quer dizer perseguir inimigos para matá-los ou atenuar a sua potência. O militante tem como alvo destruir o adversário e, para tal, ele deve aumentar o número dos companheiros. Donde o caráter virulento do seu proselitismo. O militante, anuímos eu e nosso autor, para angariar seguidores usa um imaginário, uma fala, um modo de agir religiosos. Na sua boca surgem, a cada instante, termos sacrificiais como “devotamento”, “empenho”, “fiéis”, “mensagem”. Como oposto necessário, ele usa termos como “suspeita”, “desvio”, “acusação”, “inquisição”, “revisionismo”.
Quando evoca o próprio múnus, o militante julga a si mesmo uma pessoa extraordinária, herói. Ele aceita toda e qualquer missão para o bem do partido ou do organismo social e político a que pertence. Mesmo que a missão seja fétida moralmente. Ao militante, diz meu colega da França, “não é pedido que pense, reflita de modo a concretizar um plano estratégico. Outros o fazem em seu lugar”. Trata-se da onisciente “direção”, a liderança. Acrescento: se militante, o indivíduo não pensa. Ele segue, de maneira pavloviana, palavras de ordem. E morde. Outro elemento que marca o militante é que, sendo destinado a matar (física ou moralmente) quem não pensa com o seu partido, ele tem a missão de produzir inimigos indicados pelos líderes que, por definição, nunca erram. Aí começam os propósitos com “anti”. Eles sempre são “anti” algo: imperialismo, capitalismo, mídia dos patrões etc. Quando atacam indivíduos, são precisos porque não passam pelas ideias, mas reduzem os outros ao que de mais sórdido diz a fala leviana. Se chamados a discutir ideias e conceitos, tombam nas generalidades, nas palavras embreagem. Este termo, cunhado por E. Benveniste, designa enunciados que servem apenas para manter o discurso, como as embreagens permitem mudar a marcha do carro, se os obstáculos são árduos. Termos embreagem: “consciência crítica”, “luta”, “neo-liberalismo”, “justiça”, “injustiça”, ”golpe” etc.
O militante se proclama libertário ou revolucionário, mas está submetido às ordens tirânicas da sua direção partidária. Pouco importa se o partido é grande ou pequeno. A dominação dos líderes tem a mesma lógica do servilismo. Democracia, para o militante, significa que a sua ideologia deve mandar em tudo. O resto é fala pequeno-burguesa (ou burguesa) idealista. Existem tendências nos partidos militantes, minoritárias dado o seu exacerbado fanatismo. Mas a maioria manda sobre elas, não pode ser questionada. Todos devem obedecer calados, ajudando a linha principal a se efetivar na ordem pública.
O PSOL é um micropartido com tendências em seu interior. Todas elas se aninharam até ontem sob as asas do PT. E a sua maioria guarda relações familiares com a alma