'Vamos atuar não importa o aplauso ou a crítica', diz Marco Aurélio Mello
Para ministro do STF, Judiciário não deve se curvar a pressões e ao clamor público
28 de janeiro de 2012 | 12h 14
Mariângela Gallucci, BRASÍLIA
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou neste sábado, 28, que a Corte tem de atuar de
forma independente, não se curvando a pressões e ao clamor público.
"Vamos atuar pouco importando o aplauso ou a crítica", disse.
Ao ser indagado sobre declarações de magistrados de que por trás da crise do Judiciário estaria o processo do mensalão e de que o STF estaria "emparedado", como revelou o Estado, o ministro foi direto: "Nessa quadra psicodélica, tudo é possível." Procurado por meio de sua assessoria, o presidente do Supremo, Cezar Peluso, não quis comentar as manifestações feitas pelos magistrados durante um encontro em Teresina, no Piauí.
Para Marco Aurélio, ao contrário do que deveria ser, existe atualmente no Supremo "uma preocupação muito grande em relação à repercussão das decisões". "O dia em que atuarmos de acordo com o clamor público estaremos mal", afirmou. "Nos meus quase 22 anos de STF nunca houve isso."
O ministro lembrou que já disse no plenário do STF que a magistratura está intimidada. "Será que o Supremo também está?". Ele citou o fato de o tribunal não ter julgado no ano passado a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que questiona o poder do CNJ de iniciar por conta própria investigações contra magistrados suspeitos de envolvimento com irregularidades, apesar de ela ter sido colocada na pauta do plenário semanas antes.
"Qual foi a sinalização quando deixou de chamar a Adin (do CNJ)? Qual é a leitura que se faz? Só o ingênuo não percebe", afirmou. Diante do fato de o plenário não ter julgado o processo, Marco Aurélio decidiu sozinho o pedido de liminar, determinando que o CNJ inicie investigações contra magistrados somente após os tribunais locais já terem apurado as suspeitas.
O processo sobre o poder de investigação do CNJ foi colocado novamente na pauta do plenário e o julgamento está previsto para a próxima quarta-feira. Na ocasião, os ministros definirão se a liminar de Marco Aurélio será ou não mantida.
Veja também:
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André Dusek/AE - 23/02/2011
'Nessa quadra psicodélica, tudo é possível', diz ministro Marco Aurélio Mello
Ao ser indagado sobre declarações de magistrados de que por trás da crise do Judiciário estaria o processo do mensalão e de que o STF estaria "emparedado", como revelou o Estado, o ministro foi direto: "Nessa quadra psicodélica, tudo é possível." Procurado por meio de sua assessoria, o presidente do Supremo, Cezar Peluso, não quis comentar as manifestações feitas pelos magistrados durante um encontro em Teresina, no Piauí.
Para Marco Aurélio, ao contrário do que deveria ser, existe atualmente no Supremo "uma preocupação muito grande em relação à repercussão das decisões". "O dia em que atuarmos de acordo com o clamor público estaremos mal", afirmou. "Nos meus quase 22 anos de STF nunca houve isso."
O ministro lembrou que já disse no plenário do STF que a magistratura está intimidada. "Será que o Supremo também está?". Ele citou o fato de o tribunal não ter julgado no ano passado a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que questiona o poder do CNJ de iniciar por conta própria investigações contra magistrados suspeitos de envolvimento com irregularidades, apesar de ela ter sido colocada na pauta do plenário semanas antes.
"Qual foi a sinalização quando deixou de chamar a Adin (do CNJ)? Qual é a leitura que se faz? Só o ingênuo não percebe", afirmou. Diante do fato de o plenário não ter julgado o processo, Marco Aurélio decidiu sozinho o pedido de liminar, determinando que o CNJ inicie investigações contra magistrados somente após os tribunais locais já terem apurado as suspeitas.
O processo sobre o poder de investigação do CNJ foi colocado novamente na pauta do plenário e o julgamento está previsto para a próxima quarta-feira. Na ocasião, os ministros definirão se a liminar de Marco Aurélio será ou não mantida.