A FEDERAÇÃO OLIGÁRQUICA
O professor e filósofo Roberto Romano, da Unicamp, em artigo
publicado no Estadão de 22/1, foi direto á verdadeira situação atual em
nosso pobre país. Na frase onde aponta que “Como o Brasil só com boa
vontade merece o nome de plena democracia (o nome certo do nosso regime é
federação oligárquica), até hoje venceram o privilégio e a impunidade.
Descobertos os seus erros, os donos dos palácios desejam aplicar
viseiras novas no Ministério Público (MP) e na mídia.” Ao mencionar a
fábula de Giges, de Platão, que narra a história de um pastor que
descobre um anel que, se girado no dedo, o torna invisível. Ele usa tal
privilégio para matar o govern ante, ganhando a rainha e o trono, que
ilustra a razão de Estado: “Platão narra a fábula de Giges: pastor
humilde, o herói descobre um anel que, se girado no dedo, o torna
invisível. Ele usa tal privilégio para matar o governante, ganhando a
rainha e o trono. O mito de Giges ilustra a razão de Estado: “o poderoso
busca o sigilo para seus atos, mas tenta ver o que se passa nas casas
das pessoas "comuns" Eu me lembrei da retenção ad eternum do processo
que o filho do senador Sarney moveu contra o Estadão e que estranhamente
foi encaminhado ao Estado do Maranhão e lá permanece em berço
esplêndido, depois que o autor desistiu da ação, mas o jornal não
aceitou. Muitas vezes, pelo menos para os leigos, processos passam a
correr em segredo de Justiça, de forma no mínimo estranha.
Curiosamente,
na mesma página do jornal, encontramos o artigo do professor Gaudêncio
Torquato, da USP, sob o título As nossas coisas atípicas, que já em seu
primeiro parágrafo escancara os absurdos que vêm ocorrendo neste pobre
país “O caso é tão hilário quanto impactante: uma professora se inscreve
no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entrega a prova em branco e,
pasmem, recebe até 4 pontos acima da nota mínima.” E mais adiante “As
contas do Judiciário apontam uma movimentação "atípica" de R$ 885,7
milhões entre 2000 e 2010. A forma "atípica" apurada pelo Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sinaliza coisas como falta de
controle e desvio de padrão. E mais: o governo federal gastou em compras
sem licitação R$ 13,7 bilhões, quase 48% do total gasto em 2011” Ora
que tipo de exame é este do Enem, que além de todas as mazelas apontadas
todos os anos, soma-se mais essa, de prova em branco aprovar o
candidato? E é esse o ministro da Educação que o ex-presidente Lula quer
impingir, porque quer, como prefeito de São Paulo, o maior município do
País? Parece mais uma manobra para ir açambarcando sob seu domínio, os
principais mandatários de Estados e municípios sob o seu comando, além
da presidência da República. E, pelo menos para mim. O governo federal
gastar quase 48 % do total gasto em 2011 sem licitação é sem dúvida uma
excrescência, praticamente mandando para as calendas gregas a Lei das
Licitações. E a desculpa de que é devido a famigerada Copa, não se
sustenta, pois entre a escolha do país pela Fifa e o início das
providências governamentais, passou-se um longo período de inércia.
Finalmente não cai bem para a democracia ministros do STF se insurgirem
contra a fiscalização do CNJ. E o Estadão de ontem, 23/1, logo em sua
manchete já nos encheu de dissabores quando anuncia: “Desembargadores
agora agem para enfraquecer órgão do governo” e no início da matéria:
“Alvos do CNJ, eles ficaram irritados com a abertura das contas e
movimentações bancárias” E pensar que quando fico irritado sempre levei
bronca, primeiro da minha mãe, depois da minha esposa e hoje até de meus
filhos.
Gilberto Pacini benetazzos@bol.com.br
São Paulo
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