terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Estadão. Forum dos Leitores.

A FEDERAÇÃO OLIGÁRQUICA
O professor e filósofo Roberto Romano, da Unicamp, em artigo publicado no Estadão de 22/1, foi direto á verdadeira situação atual em nosso pobre país. Na frase onde aponta que “Como o Brasil só com boa vontade merece o nome de plena democracia (o nome certo do nosso regime é federação oligárquica), até hoje venceram o privilégio e a impunidade. Descobertos os seus erros, os donos dos palácios desejam aplicar viseiras novas no Ministério Público (MP) e na mídia.” Ao mencionar a fábula de Giges, de Platão, que narra a história de um pastor que descobre um anel que, se girado no dedo, o torna invisível. Ele usa tal privilégio para matar o govern ante, ganhando a rainha e o trono, que ilustra a razão de Estado: “Platão narra a fábula de Giges: pastor humilde, o herói descobre um anel que, se girado no dedo, o torna invisível. Ele usa tal privilégio para matar o governante, ganhando a rainha e o trono. O mito de Giges ilustra a razão de Estado: “o poderoso busca o sigilo para seus atos, mas tenta ver o que se passa nas casas das pessoas "comuns" Eu me lembrei da retenção ad eternum do processo que o filho do senador Sarney moveu contra o Estadão e que estranhamente foi encaminhado ao Estado do Maranhão e lá permanece em berço esplêndido, depois que o autor desistiu da ação, mas o jornal não aceitou. Muitas vezes, pelo menos para os leigos, processos passam a correr em segredo de Justiça, de forma no mínimo estranha. 

Curiosamente, na mesma página do jornal, encontramos o artigo do professor Gaudêncio Torquato, da USP, sob o título As nossas coisas atípicas, que já em seu primeiro parágrafo escancara os absurdos que vêm ocorrendo neste pobre país “O caso é tão hilário quanto impactante: uma professora se inscreve no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entrega a prova em branco e, pasmem, recebe até 4 pontos acima da nota mínima.” E mais adiante “As contas do Judiciário apontam uma movimentação "atípica" de R$ 885,7 milhões entre 2000 e 2010. A forma "atípica" apurada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sinaliza coisas como falta de controle e desvio de padrão. E mais: o governo federal gastou em compras sem licitação R$ 13,7 bilhões, quase 48% do total gasto em 2011” Ora que tipo de exame é este do Enem, que além de todas as mazelas apontadas todos os anos, soma-se mais essa, de prova em branco aprovar o candidato? E é esse o ministro da Educação que o ex-presidente Lula quer impingir, porque quer, como prefeito de São Paulo, o maior município do País? Parece mais uma manobra para ir açambarcando sob seu domínio, os principais mandatários de Estados e municípios sob o seu comando, além da presidência da República. E, pelo menos para mim.  O governo federal gastar quase 48 % do total gasto em 2011 sem licitação é sem dúvida uma excrescência, praticamente mandando para as calendas gregas a Lei das Licitações. E a desculpa de que é devido a famigerada Copa, não se sustenta, pois entre a escolha do país pela Fifa e o início das providências governamentais, passou-se um longo período de inércia. Finalmente não cai bem para a democracia ministros do STF se insurgirem contra a fiscalização do CNJ. E o Estadão de ontem, 23/1, logo em sua manchete já nos encheu de dissabores quando anuncia: “Desembargadores agora agem para enfraquecer órgão do governo” e no início da matéria: “Alvos do CNJ, eles ficaram irritados com a abertura das contas e movimentações bancárias” E pensar que quando fico irritado sempre levei bronca, primeiro da minha mãe, depois da minha esposa e hoje até de meus filhos.
Gilberto Pacini benetazzos@bol.com.br
São Paulo