segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

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Atualizado em domingo, 29 de janeiro de 2012 - 09h08

DEM deve perder mais espaço este ano

Para cientistas políticos, partido perderá ainda mais espaço nas eleições municipais de 2012. PSD ganhará com a mudança
As eleições municipais deste ano deverão consolidar as alterações no quadro político iniciadas em 2011, com a fundação do PSD. E o maior prejudicado será o DEM, que perderá ainda mais espaço. A previsão foi feita por analistas políticos ouvidos pelo Portal da Band.


Surgido das cinzas do PFL, o DEM sempre se posicionou como um dos principais partidos da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e, atualmente, de Dilma Rousseff. No entanto, o partido se enfraqueceu após o surgimento do PSD, criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pois muitas lideranças políticas acabaram migrando para a nova legenda.

“O DEM não irá desaparecer, mas vai continuar declinando. Houve uma grande saída de vereadores, prefeitos e deputados do partido”, avalia Maria do Socorro Souza Braga, cientista política da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

Para ela, o DEM deve se fragilizar ainda mais nas eleições municipais. “O eleitor vota no candidato e não no partido. Por isso, as lideranças que deixaram o partido devem continuar recebendo votos, desta vez para o PSD”, explica.

A mesma análise foi feita pelo professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade de Campinas), Roberto Romano. Segundo ele, o partido ainda conta com algumas lideranças de expressão, como o senador goiano Demóstenes Torres, mas a perda de força política é nítida.

“O DEM está em franca desidratação e esse movimento deve continuar, porque as bases oligárquicas estão desaparecendo”, explica. “O partido perdeu grandes lideranças como Antônio Carlos Magalhães e não viu surgirem nomes à altura”. 

Para Romano, o enfraquecimento da oposição nos últimos anos é a causa direta desta desidratação. “O Kassab foi muito hábil ao conseguir atrair náufragos do DEM”. Ainda segundo ele, o PSDB também deve perder espaço importante. “O partido se dividiu na briga entre Serra e Aécio. E esta briga ajudou na formação do PSD, que deve enfraquecer ainda mais os tucanos”.

Superpartido

A professora Maria do Socorro diz que o PSD pode se consolidar como uma grande força nas eleições municipais deste ano. E uma das vantagens da legenda, segundo ela, é não ter uma posição ideológica definida. “Ao se apresentar como um partido que não é de direita, nem de esquerda nem de centro, ele se credencia para arregimentar descontentes”.

Por isso, ela acredita que o PSD pode criar uma estrutura partidária forte como outra grande legenda: o PMDB. “É possível. Basta que as grandes lideranças trabalhem para trazer novos quadros”.

Para Romano, o PSD pode crescer mais, mas ainda é cedo para saber se ganhará os contornos atuais do PMDB. “O problema é que os políticos que foram para lá levam todos os defeitos dos antigos partidos”, explica. “O Kassab consegue coordenar estes políticos agora por causa das eleições. Mas depois pode dar errado, porque os interesses estão muito conflitantes”.