Lula deve ajudar Dilma a evitar crise por reforma ministerial
Para cientista político Marco Antonio Carvalho, margem de manobra da presidente ainda é curta
17 de janeiro de 2012 | 20h 18
A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas articulações políticas para a realização da reforma ministerial, programada para o início de fevereiro, pode evitar que a presidente Dilma Rousseff entre em atrito com os partidos da base aliada no Congresso Nacional. A avaliação é do cientista político e professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira. Ele considerou bem-vinda ao governo federal a atuação do ex-presidente, em um cenário cuja margem de manobra da presidente ainda é curta.
"A participação do ex-presidente neste momento é importante, porque, no processo de transição, a equipe ministerial que a presidente herdou teve uma feição muito próxima do governo anterior", lembrou. "A margem de manobra da presidente ainda é curta e ela precisa de alguém com o status do ex-presidente, alguém com trânsito nos partidos da base aliada, para poder evitar qualquer tipo de atrito", acrescentou. O analista político ponderou, contudo, que a participação do ex-presidente deve ser limitada, para que não haja dúvidas sobre quem é o atual titular do Palácio do Planalto.
Na semana passada, Dilma reuniu-se com Lula, em São Paulo, para ouvir a opinião dele sobre as mudanças que pretende promover na Esplanada dos Ministérios. No Hospital Sírio-Libanês, onde é submetido a sessões de radioterapia, no combate a um câncer de laringe, o ex-presidente tem recebido a visita nas últimas semanas de ministros, alguns deles que devem estar envolvidos na reforma ministerial, como o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante. O cientista político Marco Antonio Teixeira não acredita que o ex-presidente deve indicar nomes, mas ajudar na construção de perfis para os ministérios.
Teixeira avaliou ainda que a reforma ministerial permitirá que a presidente componha uma equipe ajustada ao seu perfil gerencial. Ele ressaltou, contudo, que as mudanças serão feitas de maneira que não prejudiquem a governabilidade. "Ela vai até o limite de que suas escolhas não afetem as relações com a base aliada e não coloquem em risco os interesses do governo federal dentro do Congresso Nacional". Na reforma ministerial, segundo o analista político, a presidente deverá direcionar as suas escolhas para perfis mais técnicos, mas que tenham, na medida do possível, alguma vinculação política dentro de suas respectivas legendas.
O analista político considerou também pouco provável que as mudanças na Esplanada dos Ministérios sirvam para ampliar espaço para aliados como o PMDB e o PSB, insatisfeitos com a sua atual participação no governo federal. "O que pode haver é uma reacomodação de forças, um remanejamento de pastas sem que haja perdas para um ou para outro". Na avaliação dele, algumas siglas que podem sair menores da reforma ministerial são o PDT e o PR. Os ministérios do Trabalho e dos Transportes, à frente dos quais estão as duas siglas, foram alvo de escândalos durante o primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
Gustavo Uribe, da Agência Estado
A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas articulações políticas para a realização da reforma ministerial, programada para o início de fevereiro, pode evitar que a presidente Dilma Rousseff entre em atrito com os partidos da base aliada no Congresso Nacional. A avaliação é do cientista político e professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira. Ele considerou bem-vinda ao governo federal a atuação do ex-presidente, em um cenário cuja margem de manobra da presidente ainda é curta.
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"A participação do ex-presidente neste momento é importante, porque, no processo de transição, a equipe ministerial que a presidente herdou teve uma feição muito próxima do governo anterior", lembrou. "A margem de manobra da presidente ainda é curta e ela precisa de alguém com o status do ex-presidente, alguém com trânsito nos partidos da base aliada, para poder evitar qualquer tipo de atrito", acrescentou. O analista político ponderou, contudo, que a participação do ex-presidente deve ser limitada, para que não haja dúvidas sobre quem é o atual titular do Palácio do Planalto.
Na semana passada, Dilma reuniu-se com Lula, em São Paulo, para ouvir a opinião dele sobre as mudanças que pretende promover na Esplanada dos Ministérios. No Hospital Sírio-Libanês, onde é submetido a sessões de radioterapia, no combate a um câncer de laringe, o ex-presidente tem recebido a visita nas últimas semanas de ministros, alguns deles que devem estar envolvidos na reforma ministerial, como o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante. O cientista político Marco Antonio Teixeira não acredita que o ex-presidente deve indicar nomes, mas ajudar na construção de perfis para os ministérios.
Teixeira avaliou ainda que a reforma ministerial permitirá que a presidente componha uma equipe ajustada ao seu perfil gerencial. Ele ressaltou, contudo, que as mudanças serão feitas de maneira que não prejudiquem a governabilidade. "Ela vai até o limite de que suas escolhas não afetem as relações com a base aliada e não coloquem em risco os interesses do governo federal dentro do Congresso Nacional". Na reforma ministerial, segundo o analista político, a presidente deverá direcionar as suas escolhas para perfis mais técnicos, mas que tenham, na medida do possível, alguma vinculação política dentro de suas respectivas legendas.
O analista político considerou também pouco provável que as mudanças na Esplanada dos Ministérios sirvam para ampliar espaço para aliados como o PMDB e o PSB, insatisfeitos com a sua atual participação no governo federal. "O que pode haver é uma reacomodação de forças, um remanejamento de pastas sem que haja perdas para um ou para outro". Na avaliação dele, algumas siglas que podem sair menores da reforma ministerial são o PDT e o PR. Os ministérios do Trabalho e dos Transportes, à frente dos quais estão as duas siglas, foram alvo de escândalos durante o primeiro ano do governo Dilma Rousseff.