União com Kassab gera rebelião no PT
Setores à esquerda do partido em SP não aceitam negociação entre o prefeito, do PSD, e os líderes petistas em torno da eleição na capital
21 de janeiro de 2012 | 20h 36
Fernando Gallo e Roldão Arruda, de O Estado de S. Paulo
Preocupados com a aproximação do PSD atrás de uma possível composição
nas eleições municipais, setores da base do PT-SP criticam a direção
petista pela abertura das negociações e integrantes de tendências de
esquerda até ameaçam deixar a legenda caso o acordo com a sigla dirigida
pelo prefeito Gilberto Kassab prospere.
"Não admito acordo com esse prefeito e seu partido. Sou
membro-fundador do PT e, caso isso ocorra, vou rasgar minha carteirinha e
desfazer minha filiação", afirma Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê,
vice-presidente da Central dos Movimentos Populares. "Não posso aceitar
acordos espúrios da direção do partido sem consultar a base."
Gegê afirma que vai defender o voto nulo se a aliança com o PSD se
concretizar. "Vamos perder a eleição sem o apoio dele? Não importa.
Prefiro perder conscientemente a ganhar e não governar. O PT já perdeu
muito de seu projeto original por conta desse tipo de acordo."
As tensões na base petista têm origem na desgastada relação entre a atual administração e os movimentos populares de moradia e saúde.
Em 16 de julho do ano passado, em reunião que contou com cerca de 450
filiados, o setorial de habitação do PT-SP decidiu declarar Kassab
"inimigo número 1 dos movimentos de habitação e dos sem-teto em São
Paulo" e "recomendar ao PT em todas as suas instâncias que não realize
nenhum tipo de aliança com este prefeito". O documento elaborado falava
ainda em "encaminhar uma agenda de lutas para tirar este prefeito
nefasto e seus aliados da prefeitura".
As principais críticas do setor de moradias referem-se a
reintegrações de posse consideradas violentas pela base petista, a
despejos e remoções levadas a cabo pela gestão Kassab e "à entrega da
cidade pelo prefeito ao capital e à especulação imobiliária, associados
aos grandes projetos de infraestrutura", conforme a resolução de julho
passado.