5/03/2009Atualizado às 18h19.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, determinou neste domingo que o Exército e a Marinha tomassem os portos e aeroportos do país, com o objetivo controlar as instalações que estão nas mãos de governos estaduais da oposição. Ele ameaçou de prisão os governadores que tentarem resistir à decisão.
O anúncio foi feito durante seu programa dominical de TV, "Alô Presidente". De acordo com o jornal venezuelano "El Universal", Chávez citou o governador do Estado de Carabobo, Henrique Salas Feo, como um dos governantes oposicionistas sob risco de prisão, porque teria manifestado a intenção de impedir que os portos do Estado passassem para as mãos do governo central.
Reuters |
Hugo Chávez anuncia tomada de portos e aeroportos sob controle de oposicionistas, durante seu programa dominical, "Alô Presidente" |
"Você terá que encontrar uma Marinha de guerra, governador, terá de encontrar um Exército. Não sei o que poderá fazer. Ele disse que vai defender Puerto Cabello, com a polícia de Carabobo. Bem, então vai para a prisão", disse Chávez, referindo-se a Feo.
Chávez argumentou que os portos de Carabobo, Zulia e Porlamar, todos sob controle de governadores da oposição, estavam nas mãos de "máfias e de traficantes de drogas", que dominam, segundo ele, as operações portuárias, o que, de acordo com presidente, "vai mudar com a nova lei."
"Nenhuma autoridade aqui, prefeito ou governador, o que seja, pode opor-se à Constituição e às leis da República, dando a interpretação que mais lhes convém. O governador de Zulia [Pablo Perez] também disse que vai defender o porto de Maracaibo. Bem, vai acabar preso. Vamos tomar o porto de Maracaibo e Puerto Cabello. Vamos retirar as máfias que estão lá, incluindo a máfia do tráfico de drogas", disse ele.
O anúncio foi feito três dias depois que o Congresso aprovou uma lei que permite ao governo central assumir estradas, portos e aeroportos se líderes estaduais não conseguirem fazer sua manutenção de maneira adequada. Chávez disse que a reforma da Lei de Descentralização é uma "lei da República" e deve ser respeitada. Ele informou que encarregou o comando da Marinha de "tomar Puerto Cabello esta semana."
Nos últimos meses o governo tomou várias medidas para diminuir o controle de líderes regionais sobre serviços como hospitais e forças policiais, sendo acusado de buscar o enfraquecimento de autoridades oposicionistas eleitas para ampliar seu poder. Chávez não informou quantas instalações estão incluídas na ordem deste domingo.
Em 15 de fevereiro passado, Chávez obteve uma grande vitória política, com a aprovação em referendo da proposta que permitiu a reeleição ilimitada para alguns cargos públicos, entre eles o de presidente.
Nas eleições regionais de novembro passado, a oposição venezuelana conquistou o controle de seis Estados --o triplo do que havia conseguido na eleição anterior--, além da Prefeitura Metropolitana de Caracas. O partido chavista, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) perdeu nos três Estados com maior número de eleitores --Zulia (2.141.055), Miranda (1.781.361) e Carabobo (1.338.601)--, mas manteve o controle da maioria dos governos regionais.
Veja abaixo a divisão de poder regional na Venezuela, antes e depois das últimas eleições:
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Com Reuters