Achei este artigo do El Pais muito interessante. Coloquei abaixo um resumo feito pelo Cesar Maia e depois o artigo original do El Pais. A pergunta que o articulista se fazé :
De que modo podemos resumir a natureza geral desta nova época, o que tem de inédito e requer ser entendido para agir nela? Entramos em um período caracterizado pela crescente presença de mais limites à ação do governo do que estávamos acostumados, obrigando-nos a reinventar o papel do governo.
Alvaro Caputo
UM PRIMEIRO DOCUMENTO SOBRE O NOVO CICLO DE IDEIAS DOMINANTES! 1. Nas reuniões internacionais que a representação do "Democratas" tem participado nos últimos 15 meses, o debate estratégico é sobre o novo ciclo que se abre mundialmente. No pós-guerra e, por 30 anos, prevaleceram -na política e na economia- as ideias trabalhistas e socialistas. No final dos anos 70 se abre um novo ciclo de 30 anos com a hegemonia das ideias liberais ortodoxas. Agora, em 2008, esse ciclo se esgota. 2. O debate aberto -especialmente na Europa- recebeu nesse final de ano uma reflexão -digamos- inaugural, com um longo artigo do professor espanhol de filosofia Daniel Innerarity, publicado dia 29/12, no El Pais. 3. Este Ex-Blog, nesta EDIÇÃO ESPECIAL de início de ano, resume o ensaio do professor Innerarity. Edição Especial, pois esta edição trará apenas as reflexões do professor sobre esse novo ciclo que se inicia. * * * UM NOVO CICLO: A ERA DOS LIMITES! 1. De que modo podemos resumir a natureza geral desta nova época, o que tem de inédito e requer ser entendido para agir nela? Entramos em um período caracterizado pela crescente presença de mais limites à ação do governo do que estávamos acostumados, obrigando-nos a reinventar o papel do governo. Não me refiro às limitações de crescimento ou a restrições orçamentais, que existem, mas agora são o resultado de uma restrição mais geral. 2. A política sempre foi difícil, mas em outros momentos havia pelo menos um conhecimento garantido, um espaço limitado, uma legitimidade reconhecida e uma soberania respeitada que eram suficientes para superar as dificuldades de governar. Atualmente, a política é atormentada por alguns constrangimentos imprevistos que vêm da incompatibilidade entre as realidades que transbordaram das margens estatais e se articulam agora em contextos globais, enquanto ainda não dispomos de instrumentos para governar esses sistemas, ao mesmo tempo em que demonstrou sua limitada capacidade de autorregularão. 3. Estes constrangimentos a que me refiro podem ser agrupados em duas categorias: existem limites cognitivos e limites de autoridade, ou seja, limitações que se referem ao conhecimento como recurso do governo e limites que têm a ver com o recurso que costumamos entender como poder. Os limites cognitivos se referem ao fato de que entramos numa era de maior incerteza em geral, mas particularmente aguda no caso da política. 4. Particularmente preocupante é a "ignorância sistêmica" quando se trata de riscos sociais, futuros, para constelações de atores, em que muitos eventos estão relacionados a muitos eventos, de modo que é reduzida a capacidade de decisão dos atores individuais. Mas também e muitas vezes vai além da competência do sistema político como um todo. Quando se trata de sociedades complexas, onde tudo é densamente interligado, a grande questão é como podemos nos proteger da nossa própria irracionalidade. 5. Por outro lado, o aumento da complexidade dos problemas que a política deve resolver, resulta em uma diminuição da capacidade de conhecimento do poder político, cujas dificuldades procedem não tanto de que não possa, como de que não sabe. Para colocar o caso agudo da governança financeira: toda a chave da dificuldade reside no fato dramático que os reguladores devem regular a partir do conhecimento especializado daqueles que serão regulamentados. Nestes e em muitos outros casos, acontece que, sem eufemismos, aquele que manda não é o que mais sabe. 6. A política, que estava a acostumada ao controle e a hierarquia, se vê obrigada a gerir as novas limitações, desenvolver uma inteligência cooperativa, reconstruir a confiança e pensar nos efeitos sistêmicos das decisões. Especialmente importante é o governo dos riscos sistêmicos, ou seja, daqueles que procedem de uma interação não transparente entre os componentes de um conjunto concatenado. Boa parte do nosso fracasso coletivo na hora de governar o sistema financeiro global, por exemplo, se deve ao fato de que toda ação regulatória se dirige a componentes exclusivos, enquanto que a forma como interagem esses elementos permanece não-transparente. 7. Existe outro conjunto de restrições que se referem à dificuldade de exercer o poder, de representar uma autoridade reconhecida, de decidir ou de ser eficaz em um mundo como o nosso e num momento como o atual. Em meio a espaços abertos e uma densa interdependência, a soberania é um instrumento muito limitado, as fronteiras apenas protegem, os riscos estão mutualizados e entramos nessa área de volatilidade e contágio que se tornou mais preocupante desde que explodiu a crise econômica, com todos os seus corolários: correntes, contaminação, turbulências, toxicidade, instabilidade... Como você governa uma sociedade em que os problemas carecem de limites, enquanto os instrumentos estão muito limitados? 8. Quanto mais dependente a política da construção de processos de uma vontade política inteligente, mais obsoleta resulta a ideia de soberania. Voltando ao exemplo da crise financeira. Para governar a política deve-se proceder uma transformação profunda tanto das ideias como dos procedimentos de governo para abri-los a uma maior horizontalidade, tanto em relação à sociedade que deve ser governada, como para outros Estados com os quais é necessário cooperar mais intensamente. 9. É verdade que os mercados estão condicionando os Estados de uma maneira brutal, mas não será que os Estados são tão vulneráveis a estes ataques porque mantêm uma estrutura anacrônica, e que poderiam resistir se levassem a sério o caminho da cooperação? Um exemplo é a Europa definindo uma menor soberania de seus países-membros. 10. Precisamos de uma nova sabedoria dos limites e uma inteligência para compreendê-los como uma oportunidade para levar a cabo uma política em que voltemos a combinar efetividade e democracia. De que a política aprenda esta nova linguagem, vai depender se está liderando as novas transformações ou se vai seguir reclamando do pouco jogo que lhe permitem as novas circunstâncias. |
Beck me relataba unos años después la escena, que le parecía una imagen
elocuente del desconcierto que se ha apoderado del sistema político en
medio de la tormenta. Por un lado, simbolizaba muy bien esa nueva
intemperie en que se ha convertido nuestro mundo imprevisible, inestable
y contagioso. Fenómenos de tipo meteorológico, como los vientos,
desbaratan cualquier protección. La política parece cada vez más un
subapartado de la climatología o de la oceanografía; las elecciones se
ganan o se pierden en función de unos movimientos tan poco dirigibles
como los vendavales o las mareas. Por otro lado, las dificultades de
Scharping reflejan la actual volatilidad de las instituciones políticas,
lo que no es tanto un problema práctico de liderazgo político como una
incapacidad de saber de dónde viene el viento, es decir, de comprensión.
¿De qué modo podríamos sintetizar el carácter general de esta nueva
época, lo que tiene de inédito y requiere ser comprendido para actuar en
ella? Entramos en un periodo caracterizado por la presencia creciente
de más límites para la acción de gobierno de lo que estábamos
acostumbrados, lo que nos obliga a reinventar la función de gobierno. No
me refiero a las limitaciones de crecimiento o presupuestarias, que las
hay, pero son consecuencia de una constricción más general.
La política siempre lo ha tenido difícil, pero en otros momentos
había al menos un conocimiento asegurado, un espacio limitado, una
legitimidad reconocida y una soberanía respetada que bastaban para
sortear las dificultades de gobernar. Actualmente, la política está
asediada por unas constricciones imprevistas que proceden del desajuste
entre unas realidades que han desbordado los márgenes estatales y se
articulan ahora en contextos globales, mientras que todavía no
disponemos de instrumentos para gobernar esos sistemas, al tiempo que se
ha puesto de manifiesto su limitada capacidad de autorregulación.
Estas constricciones a las que me refiero podrían agruparse en dos
categorías: hay límites cognoscitivos y límites de autoridad, es decir,
limitaciones que se refieren al conocimiento como recurso de gobierno y
límites que tienen que ver con el recurso que solemos entender como
poder.
Los límites cognoscitivos serefieren al hecho de que entramos en una
era de mayores incertidumbres en general, pero de manera
particularmente aguda en el caso de la política. Particularmente
inquietante es la "ignorancia sistémica" cuando nos referimos a riesgos
sociales, futuros, a constelaciones de actores, dentro de las cuales
demasiados eventos están relacionados con demasiados eventos, de modo
que queda desbordada la capacidad de decisión de los actores
individuales... pero que con demasiada frecuencia también sobrepasa la
competencia de los sistemas políticos en su conjunto. Cuando se trata de
sociedades complejas, donde todo está densamente interconectado, la
gran cuestión es cómo podemos protegernos de nuestra propia
irracionalidad, de los encadenamientos fatales.
Estas limitaciones se ponen especialmente de manifiesto en ciertas
asimetrías cognoscitivas a las que el poder político no estaba
acostumbrado, más bien al contrario. Por un lado, en una sociedad del
conocimiento los Estados ya no tienen enfrente a una masa informe de
inexpertos, sino a una inteligencia distribuida, una ciudadanía más
exigente y una humanidad observadora, de la que forma parte un gran
número de organismos internacionales que no solamente les evalúan, sino
que disponen frecuentemente de más y mejor saber experto que los
Estados. Por otro lado, el aumento de la complejidad de los problemas
que la política debe resolver se traduce en una disminución de las
competencias cognitivas del poder político, muchas de cuyas dificultades
proceden no tanto de que no pueda como de que no sabe. Por poner el
caso agudo de la gobernanza financiera: toda la clave de la dificultad
estriba en el hecho dramático de que los reguladores han de regular a
partir del saber experto que le suministran quienes van a ser regulados.
En estos y en otros muchos casos ocurre que, dicho sin eufemismos, el
que manda ya no es el que más sabe.
La política, que estaba acostumbrada al control y la jerarquía, se
ve obligada a gestionar las nuevas limitaciones, desarrollar una
inteligencia cooperativa, reconstruir la confianza y pensar en los
efectos sistémicos de las decisiones. Especialmente importante es el
gobierno de los riesgos sistémicos, es decir, de los que proceden de una
interacción no transparente entre los componentes de un conjunto
concatenado. Buena parte de nuestro fracaso colectivo a la hora de
gobernar el sistema financiero global, por ejemplo, se debe a que toda
la acción regulatoria se ha dirigido a los componentes singulares,
mientras que el modo como interactuaban esos elementos ha permanecido
intransparente. Por supuesto que los riesgos sistémicos se caracterizan
por una enorme cantidad de incertidumbre, pero hay modos de gestionar la
incertidumbre; hay vida política -márgenes de acción, decisiones
posibles- allá donde hay racionalidad, conocimiento, recursos y
autoridad limitadas.
Existe otro conjunto de constricciones que se refieren a la
dificultad de ejercer el poder, de representar una autoridad reconocida,
de decidir o de ser eficaz en un mundo como el nuestro y en un momento
como el actual. En medio de espacios abiertos y una densa
interdependencia la soberanía es un instrumento muy limitado, las
fronteras apenas protegen, los riesgos están mutualizados y entramos en
ese ámbito de volatilidad y contagio que se ha hecho más inquietante
desde que estalló la crisis económica, con todos sus corolarios:
encadenamientos, contaminación, turbulencias, toxicidad,
inestabilidad... ¿Cómo se gobierna una sociedad en la que los problemas
carecen de límites mientras que los instrumentos están muy limitados?
Comencemos constatando que el poder duro (sin conocimiento, sin
persuasión, unilateral, como orden) no es un procedimiento apropiado
para los procesos sistémicos de elevada complejidad. Cuanto más depende
la política de la formación de procesos de formación de una voluntad
política inteligente, más anticuada resulta la idea de soberanía.
Volvamos al ejemplo de la crisis financiera: los mercados financieros se
desarrollan sobre una agregación transindividual de conocimiento y
desconocimiento (incertidumbres, riesgos e ignorancia) que ninguna
persona o institución singular está en condiciones de dirigir. Para
gobernarlos la política tiene que proceder a una transformación profunda
tanto de las ideas como de los procedimientos de gobierno para abrirlos
a una mayor horizontalidad, tanto en relación con la sociedad que debe
ser gobernada como hacia otros Estados con los que es preciso cooperar
más intensamente.
Es cierto que los mercados están condicionando a los Estados de una
manera brutal, pero ¿no será que los Estados son tan vulnerables ante
estos ataques porque mantienen una estructura anacrónica y que podrían
resistir si se tomaran en serio el camino de la cooperación? ¿Qué mejor
contrapunto para la globalización financiera que una Europa que hubiera
completado su transformación postsoberanista?
Necesitamos una nueva sabiduría de los límites y una inteligencia
para entenderlos como una oportunidad para llevar a cabo una política en
la que volvamos a combinar efectividad y democracia. De que la política
aprenda este nuevo lenguaje depende que esté liderando las nuevas
transformaciones o siga quejándose del poco juego que le permiten las
nuevas circunstancias.