terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Estado de São Paulo.

Início do conteúdoNota deste Blog: tempos atrás, em Congresso de Juristas do Trabalho realizado em São Paulo, um juiz arrazoava do seguinte modo:"hoje, com a internet e outros meios, uma pessoa de Nova York pode ser empregada de outra, que mora em Salvador da Bahia ou em Hong Kong. É feito o elogio do 'tempo disponível' do empregado e do empregador, as delícias do lazer e do trabalho fora da fábrica, dos escritórios, etc. Muito bem. Mas se o empregado fica doente, quem dele cuidará ? Quando envelhecer, quem garantirá seu futuro? Quando sofrer violência, quem o protegerá ? Quando for injustiçado, quem vai assegurar seu direito?". E seguia o magistrado com uma lista não exaustiva, mas longa de perguntas, todas englobando o problema da soberania estatal. Se não existir mais soberania do Estado, alguma soberania restará, visto que ainda não chegamos ao ponto de nos reunir, respeitar e conviver com nossos semelhantes de maneira justa e plenamente autônoma. Que a soberania estatal esteja em crise, é patente. Mas as soberanias que se apresentam (como as das corporações econômicas, aliás, sempre ligadas como esponjas aos poderes estatais) também sofrem crises profundas. E, segundo estudiosos dos direitos humanos na área jurídica, é bem mais fácil defender aqueles direitos dentro dos Estados do que no interior das corporações. Outra soberania pavorosa é a teocrática. Se no mundo secular os problemas de subsistência, de cultura, de segurança, não se resolvem, retorna o poder divino com suas ordens rigorosas, suas hierarquias, suas penas e castigos sem apelo. E tal coisa não ocorre apenas no Islã, mas é retomada em sistemas cristãos, como o fundamentalismo protestante, católico, etc. Veja-se a ação dos ultra-ortodoxos em Israel, minoria que não quer trabalhar, não vai à guerra, mas exige determinar o modo de vida dos que não aderem às suas teses. O Estado moderno surgiu como remédio contra o fanatismo religioso (basta recordar as guerras de religião na Europa do século 17). Até o século 20, ele conseguiu se elevar acima das seitas e igrejas. Hoje, com a sua crise, renascem as forças da imposição fanática, Deus é usado como punhal (ou missil), contra todos os anseios das Luzes. É risco letífero arriscar o poder civil, pois é menos virulento obedecer autoridades eleitas (com todos os problemas) democraticamente, do que ser escravo de eleitos por Deus, Javé ou Alá. Contra os primeiros, existem leis e argumentos. Contra os segundos, nada.

O mínimo que deveríamos aprender, na atual conjuntura mundial, é atenuar a inflação das palavras, que sempre vem com a inflação da moeda (1)  a propaganda e as frases feitas, os slogans, que servem apenas para vender sonhos e gerar pesadelos (2) ou, na tradição brasileira, que servem apenas, como a panela de Pedro Malasartes, para enganar tolos. Quem seguiu a Espanha anos atrás, com a sua "prosperidade"(que gerou, inclusive, o renascimento de uma forte arrogância nacional, basta lembrar o que ocorria – e mesmo, ainda, ocorre– nos aeroportos espanhóis com brasileiros e outros "inferiores") e a analisa agora, sabe o que significa a política européia, norte-americana e...brasileira, inspirada no grande filósofo e economista Malasartes, ou melhor, Duda Mendonça ou João Santana.  RR 

(1) cf. Widdig, Bernd : Culture and inflation in Weimar Germany, Berkeley, University of California Press, 2011.
(2) cf o clássico de Serge Tchakhotine :  The Rape of the Masses. The Psychology of Totalitarian Political Propaganda. New York: Fortean Society 1940 (com edição em português, traduzida por Miguel Arraes, quando ele era perseguido pelos donos do poder  –que usou muita propaganda, como a do "milagre brasileiro"–  e ainda não havia sequer sonho de imprensa livre no Brasil).

Desemprego sobe na Espanha a 4,4 milhões de pessoas

Número recorde confirma deterioração da situação econômica no segundo semestre do ano

03 de janeiro de 2012 | 8h 37

Efe
Os 4,42 milhões de desocupados representam novo recorde no país - Paul White/AP
Paul White/AP
Os 4,42 milhões de desocupados representam novo recorde no país
MADRI - O desemprego na Espanha alcançou 4.422.359 pessoas no fim de 2011, número recorde que confirma "a deterioração da situação econômica no segundo semestre do ano", revelou a secretária de Estado de Emprego, Engracia Hidalgo.
Pelos dados oficiais publicados nesta terça-feira, o desemprego subiu na Espanha durante o ano passado 7,86 % na comparação com 2010.
Os 4,42 milhões de desocupados representam novo recorde, o maior nível anual em toda a série histórica comparável medida na Espanha desde 1996.
Na comparação com 2010, o ano de 2011 teve 322.286 desempregados a mais, conforme o Ministério de Emprego e Seguridade Social.
Por setores, o desemprego subiu em dezembro principalmente no setor da construção, com 23.778 pessoas a mais (3,16%); seguido pelo da indústria, com 9.034 (1,81%).
A alta do desemprego no ano passado foi bem superior à experimentada em 2010, quando aumentou em 176.470 indivíduos.
No entanto, foi inferior às registradas em 2008 e 2009, por isso que é a terceira maior alta anual de toda a série comparável, consequentemente a terceira maior desde o início da crise.
A secretária ressaltou que as sucessivas "reformas incompletas" de relações trabalhistas "não conseguem dinamizar e flexibilizar" o mercado de trabalho.
Este é o primeiro dado de desemprego conhecido a posse do novo presidente do Governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, dias antes do Natal após as eleições gerais de 20 de novembro.
Ao tomar posse, Rajoy garantiu que combater o desemprego é uma das prioridades para os próximos quatro anos.
Por setores, o desemprego subiu em dezembro com relação ao mês anterior principalmente na construção, com 23.778 pessoas (3,16%); seguido pela indústria com 9.034 (1,81%). Movimento contrário foi sentido nos setores de serviços e agricultura.
Entre os estrangeiros, o desemprego subiu em 474 pessoas em dezembro na comparação com novembro e em 20.065 na medição de todo o ano (3,31%), o que situou o total de pessoas sem trabalho deste coletivo em 625.903.