quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
De Rui Bebiano aqui
O fulgor da liberdade

© 2012 SkullHeart
É
sempre possível encontrar esperança no desespero. Romper a partir da
desventura o caminho para a sorte que se deseja. Em «La République du
Silence», um artigo publicado em setembro de 1944 na resistente Les Lettres Françaises,
Sartre escrevia: «Jamais fomos tão livres como debaixo da ocupação
alemã». Para logo de seguida alegar em defesa dessa estranha ideia:
«Perdemos todos os direitos, a começar pelo de falar; insultam-nos a
cada dia e temos de conter-nos; deportam-nos em massa como
trabalhadores, como judeus, como presos políticos; por todo o lado, nos
muros, nos jornais, no ecrã, deparamos com a imagem imunda que os
opressores querem que tenhamos de nós mesmos: mas é precisamente por
isso que somos livres.» É quando se alcança o limite da humilhação e da
desumanidade que se percebe como só das nossas mãos, libertas pela
necessidade e pela opressão de toda a hipótese do medo, pode renascer o
fulgor da liberdade.