Ministros do STF decidem manter poderes de investigação do CNJ
Para ministros, corregedoria pode iniciar investigações antes de tribunais locais
02 de fevereiro de 2012 | 20h 55
Felipe Recondo e Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o
aval da maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), pode abrir processos
contra magistrados suspeitos de irregularidades. Para isso, os
conselheiros não precisam esperar as investigações das corregedorias dos
tribunais de Justiça ou justificar a decisão. Essa foi a posição de 6
dos 11 ministros da Corte, que votaram por manter os poderes do CNJ
intactos.
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André Dusek/AE - 02.02.2012
Por 6 votos a 5, STF mantém poderes do CNJ
Para esse placar, o voto da ministra Rosa Weber, que assumiu a
cadeira no STF no dia 19 de dezembro, foi decisivo. A ministra
recém-chegada ao Supremo votou por manter o poder do Conselho de
processar magistrados, driblando o corporativismo que atinge algumas
corregedorias de tribunais locais e que motivou a criação do CNJ, em
dezembro de 2004.
Até Rosa Weber proferir seu voto, o tribunal estava dividido
ao meio. Cinco ministros votavam por manter o poder do Conselho e cinco
indicavam que imporiam restrições à atuação do Conselho Nacional de
Justiça.
Além de Rosa Weber, votaram por manter os poderes do Conselho
os ministros Gilmar Mendes, José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia,
Carlos Ayres Britto e Joaquim Barbosa. Em seus votos, afirmaram que
criar empecilhos para a atuação do CNJ seria esvaziar suas competências.
'As pedras'. "Até as pedras sabem que as
corregedorias não funcionam quando é para investigar os próprios pares",
afirmou Gilmar Mendes. "Isso (impor restrições para o Conselho) seria um esvaziamento brutal da função do CNJ", acrescentou.
O ministro Joaquim Barbosa afirmou, em seu voto, que a reação
ao CNJ e a tentativa de esvaziá-lo surgiu depois que o órgão
identificou problemas graves no Poder Judiciário. "O Conselho passou a
expor situações escabrosas no seio do Poder Judiciário e veio essa
insurgência súbita", afirmou.
"Toda essa reação corporativa contra um órgão que vem, sem
dúvida alguma, produzindo resultados importantíssimos na correção das
mazelas do nosso sistema de justiça", acrescentou Joaquim Barbosa.