Governo monta estratégia para blindar Planalto de respingos da operação da PF
Ordem é levar ministro da Justiça e advogado-geral da União para dar explicações à Câmara e ao Senado
27 de novembro de 2012 | 17h 33
DENISE MADUEÑO - Agência Estado
O governo montou sua estratégia no Congresso para evitar
respingos no Palácio do Planalto resultantes da operação da Polícia
Federal (PF) que desarticulou uma quadrilha de venda de pareceres
técnicos em órgãos federais para favorecer interesses privados. Para
reduzir danos políticos e abafar o mais novo escândalo de corrupção
atingindo a esfera federal, a ordem é levar o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, ao qual a Polícia Federal é subordinada, e o
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, às comissões na Câmara e no
Senado para dar explicações.
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Ao mesmo tempo, os partidos aliados vão barrar os requerimentos
apresentados pela oposição para convidar os envolvidos nas investigações
da PF. "A relação deles é com a polícia", afirmou o líder do PT na
Câmara, Jilmar Tatto (SP). A estratégia foi acertada nesta terça-feira,
27, em reunião dos líderes da base. A operação Porto Seguro atingiu a
chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary
Nóvoa Noronha, e o segundo na hierarquia da Advocacia Geral da União
(AGU), José Weber Holanda Alves. Os dois perderam os postos por decisão
da presidente Dilma Rousseff.
"A Polícia Federal investigou e abriu inquérito. O governo afastou os
envolvidos para investigar e demitiu os que tinham cargo de confiança.
Vamos esperar a PF concluir o inquérito", disse Tatto. "Não há problema
em os ministros prestarem esclarecimentos. O governo é republicano e o
Polícia Federal tem autonomia administrativa para investigar", afirmou.
O líder petista informou que o ministro da Justiça deverá participar
de uma reunião conjunta das comissões de Fiscalização e Controle e de
Segurança Pública, onde já estava prevista sua presença para falar da
violência em São Paulo, e o advogado-geral da União será ouvido em
comissão no Senado. Cardozo deverá ir à Câmara na próxima terça-feira.
O convite a Adams já foi aprovado na Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle do Senado. Os senadores da comissão também
aprovaram convite para ouvir os diretores presidentes da Agência
Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu; e da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys. Diretores dessas duas agências
também foram indiciados pela PF, acusados de integrarem a organização
para fraudar pareceres técnicos: Paulo Rodrigues Vieira (ANA) e Rubens
Vieira (Anac).
A estratégia de antecipar iniciativas da oposição e levar ao
Congresso os ministros para tratar de escândalos da esfera federal foi
largamente usada no ano passado com o surgimento das denúncias que
envolveram alguns ministros e levou a presidente Dilma a fazer a chamada
"faxina" na Esplanada dos Ministérios. Na época, a determinação era
evitar que os escândalos atingissem o Palácio do Planalto.