16/11/2012
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08h43
Justiça de Jersey considera Maluf culpado por desvio de US$ 22 milhões
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RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A JERSEY
FLÁVIO FERREIRA
EM BRASÍLIA
ENVIADO ESPECIAL A JERSEY
FLÁVIO FERREIRA
EM BRASÍLIA
Atualizado às 09h50.
A Justiça da ilha de Jersey, paraíso fiscal britânico, determinou que as
duas empresas atribuídas à família Maluf devolvam US$ 22 milhões à
Prefeitura de São Paulo. Segundo a prefeitura, esse valor foi desviado
pelo deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) quando foi prefeito da cidade.
Ainda cabe recurso da decisão.
De acordo com a sentença, o "município foi vítima de uma fraude, que teve Paulo Maluf como um de seus participantes". O procurador-geral do Município de São Paulo, Celso Coccaro, comemorou.
"É uma decisão pioneira, proferida no âmbito do direito internacional.
Representou um marco contra a corrupção ao reconhecer a fraude contra a
prefeitura", disse Coccaro. Segundo o procurador, ainda será calculado o valor dos juros da
condenação, e o montante a ser recuperado pela prefeitura pode subir
para US$ 32 milhões.As audiências do caso, iniciado pela Prefeitura de São Paulo, se
encerraram em julho deste ano. Desde então as empresas ligadas à família
de Maluf moveram sem êxito diversos recursos para anular o processo,
discutir custos judiciais, apresentar novas provas e até reformar a
defesa.As empresas pagaram em juízo, no mês passado, cerca de R$ 450 mil à
prefeitura, porque foram derrotadas em um pedido para que a causa fosse
enviada ao Brasil. A decisão divulgada ainda não é final, e um recurso pode ser apresentado
no prazo de um mês. Até agora a defesa das empresas ligadas a Maluf não
obteve nenhuma decisão a seu favor e já foi repreendida nos autos pelo
juiz principal, Howard Page, por conta das medidas protelatórias que
tomou.A Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público de São Paulo afirmam
que o dinheiro em Jersey, em nome das empresas Kildare Finance e Durant
International, tem como origem desvios que teriam ocorrido durante a
construção da avenida Água Espraiada (atual Jornalista Roberto Marinho),
uma das principais obras da gestão Maluf. A assessoria de Paulo Maluf se limita a dizer que ele nunca teve contas
no exterior e que sua gestão foi aprovada pelo Tribunal de Contas.
Segundo documentos do processo, os advogados das empresas informaram que
parte do dinheiro que movimentaram veio de um negócio intermediado por
Maluf, a venda da Enterpa Ambiental, uma das responsáveis pela coleta de
lixo na cidade em sua gestão, ao grupo Macri. Maluf teria recebido comissões por sua participação no negócio, que foi
concluído em 1998, mesmo sem um contrato escrito com as partes. Segundo documentos do processo, os advogados também apontaram Flávio
Maluf, filho do deputado, como um dos diretores da Durant International e
de sua controladora, a Sun Diamond, que administram o dinheiro
depositado e já bloqueado pelas autoridades em Jersey. Advogados da defesa admitiram à Justiça que Maluf tinha "interesse
direto ou indireto" na Durant e na Kildare, mas depois negaram tal fato e
citaram apenas Flávio. A Folha revelou em julho que documentos obtidos pelas autoridades
brasileiras mostram que Flávio movimentou pessoalmente recursos
transferidos ilegalmente a Jersey na gestão de Maluf como prefeito de
São Paulo. Os documentos foram obtidos entre 2004 e 2007 e incluem cartas em que Flávio Maluf dá instruções para a movimentação de contas.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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